Um surto de intoxicação por metanol acendeu um alerta máximo em São Paulo. Em apenas 25 dias, nove pessoas foram intoxicadas e duas morreram após o consumo de bebidas alcoólicas supostamente adulteradas com a substância, um solvente tóxico usado em combustíveis. As mortes ocorreram na capital paulista e em São Bernardo do Campo. O caso levou o Ministério da Justiça e Segurança Pública a emitir um alerta urgente para consumidores e estabelecimentos comerciais.

A principal suspeita das autoridades é de que bebidas destiladas como gin, whisky e vodka estejam sendo falsificadas com metanol. A Polícia Civil já instaurou inquéritos para investigar a origem dos produtos e identificar os responsáveis pelo crime.

O alerta do Ministério da Justiça e o risco de um surto epidêmico

O que mais preocupa as autoridades é a mudança no perfil da contaminação. Anteriormente, casos de intoxicação por metanol estavam ligados ao consumo deliberado de combustível. Agora, a ameaça está em “cenas sociais de consumo alcoólico”, atingindo consumidores em bares, festas e em casa.

“O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade”, afirmou a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas (Senad) em nota, que pediu “alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares”.

Como identificar bebidas adulteradas e o que fazer

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) divulgou uma nota técnica com recomendações para evitar a intoxicação.

Sinais de alerta em uma bebida:

  • Preço muito abaixo do mercado.
  • Rótulo violado, torto ou com impressão de baixa qualidade.
  • Ausência de selo fiscal, identificação do fabricante ou lote.
  • Odor estranho.

Sintomas de intoxicação por metanol:

  • Visão turva ou embaçada.
  • Dor de cabeça intensa.
  • Náusea, vômito e forte dor abdominal.
  • Tontura ou alteração do nível de consciência.

Atenção: Em caso de suspeita, a Senacon enfatiza: “Não realizem ‘testes caseiros’ (cheirar, provar, acender): tais práticas não são seguras nem conclusivas”. A orientação é suspender o consumo imediatamente e procurar atendimento médico de urgência. Estabelecimentos devem acionar o Disque-Intoxicação da Anvisa (0800 722 6001) e a Vigilância Sanitária.

As vítimas e a investigação em andamento

As duas vítimas fatais confirmadas pelo Centro de Vigilância Sanitária (CVS) são um homem de 54 anos, que morreu na capital no dia 15 de setembro, e um homem de 38 anos, que faleceu em São Bernardo do Campo no dia 18. Além dos nove casos confirmados, há outros 13 casos suspeitos sob monitoramento no estado.

A Polícia Civil de São Paulo e de São Bernardo do Campo estão com investigações em andamento para apurar os crimes, que podem ser enquadrados no Artigo 272 do Código Penal, por falsificar, corromper ou adulterar produto alimentício, com pena de 4 a 8 anos de reclusão.

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