Em resposta à trágica morte do ativista conservador Charlie Kirk, o canal Comedy Central teria retirado de sua programação de TV o polêmico episódio de South Park que o satirizava. No entanto, em uma atitude que críticos estão chamando de “meia medida”, o episódio continua disponível na íntegra na plataforma de streaming Paramount+, da mesma empresa.
A decisão de remover o episódio da TV, mas não do streaming, gerou um intenso debate online sobre a sinceridade do gesto e acusações de um “padrão duplo” da emissora em relação à censura de seu conteúdo controverso. Kirk foi assassinado na quarta-feira (10) durante um evento em Utah.
A sátira que se tornou escândalo
O episódio em questão, intitulado “Got a Nut”, foi ao ar em agosto como parte da 27ª temporada da série. Nele, o personagem Eric Cartman apresenta um podcast que imita o estilo de debate de Kirk, zombando de figuras e pautas conservadoras. Na época, a sátira foi tão clara que o próprio ativista comentou em seu programa, brincando que a animação estava “acidentalmente espalhando o evangelho”.
Com a morte trágica de Kirk, no entanto, a piada se transformou em um escândalo, com críticos acusando South Park de ter transformado o ativista em um alvo de forma irresponsável.
A acusação de um ‘padrão duplo’
A controvérsia é intensificada quando se compara a atitude da Paramount com casos anteriores de censura em South Park. Em 2010, os episódios “200” e “201”, que brincavam com a representação do profeta Maomé, foram não apenas censurados na transmissão original, mas completamente removidos de todas as plataformas de reprise e streaming após ameaças de grupos islâmicos radicais. Até hoje, esses episódios permanecem indisponíveis.
Críticos apontam que, enquanto a emissora cedeu à pressão e removeu completamente o conteúdo que ofendeu um grupo, ela optou por uma solução parcial no caso de Kirk, um cristão conservador. A manutenção do episódio no Paramount+ permite que a empresa continue lucrando com a sátira, ao mesmo tempo em que sinaliza publicamente que “tomou uma atitude” ao retirá-lo da grade da TV a cabo.
O caso coloca a icônica série de Trey Parker e Matt Stone no centro de mais um ponto crítico da guerra cultural, onde a tragédia, a comédia e a estratégia corporativa colidem.