Spielberg achou que ‘Tubarão’ seria seu último filme: ‘Foi um pesadelo antes do sonho’

Nos 50 anos de ‘Tubarão’, Steven Spielberg revela os bastidores caóticos e como achou que o filme, que se tornou um sucesso, encerraria sua carreira.

Cinquenta anos após as filmagens caóticas que quase afundaram sua carreira, o lendário diretor Steven Spielberg relembrou o “pesadelo” que foi a produção de seu clássico de 1975, Tubarão. Em uma mensagem de vídeo enviada para a estreia mundial do documentário Tubarão aos 50: A História Definitiva, que ocorreu nesta sexta-feira (20) em Martha’s Vineyard, local original das filmagens, Spielberg confessou que acreditava piamente que aquele seria o último filme que teria a chance de dirigir.

A declaração sincera expõe a angústia vivida pelo então jovem diretor de 27 anos, que se viu “acima da capacidade” para lidar com os desafios de filmar no Oceano Atlântico. “Na maioria das circunstâncias, o verão em Vineyard é um sonho. Mas quando você está acima do orçamento e do cronograma, […] aquele verão de 1974 foi um pesadelo antes mesmo de se tornar o sonho de uma vida”, disse Spielberg em seu depoimento, revelando a pressão que sentia na época.

O “pesadelo” com um tubarão mecânico temperamental

O novo documentário, dirigido por Laurent Bouzereau, mergulha nos bastidores turbulentos da produção. Spielberg ressaltou que a obra detalha “o quão jovens e despreparados todos nós éramos” para os desafios que enfrentaram. O principal vilão dos bastidores não era um animal real, mas o tubarão mecânico, que o diretor descreveu como “mais temperamental do que qualquer estrela de cinema com quem trabalhei desde então”.

Os problemas técnicos com o tubarão, somados às dificuldades de filmar em mar aberto, fizeram com que o cronograma de produção explodisse de 55 para impressionantes 159 dias. O orçamento, por sua vez, triplicou, saltando para US$ 9 milhões – uma cifra exorbitante para a época. Esse caos, segundo Spielberg, o deixou convencido de que sua carreira em Hollywood havia chegado a um fim prematuro.

O “salva-vidas” do público e o legado de 50 anos

Apesar do pesadelo na produção, Tubarão se tornou um fenômeno cultural e um marco na história do cinema, inaugurando a era dos “blockbusters de verão”. Spielberg credita ao público a salvação de sua carreira. Em suas palavras, os espectadores do mundo todo lhe jogaram um “salva-vidas” em 1975, resgatando sua reputação após ele quase “encalhar nas margens de Martha’s Vineyard”. Ele também fez questão de destacar o papel fundamental da trilha sonora de John Williams, cujo tema de duas notas se tornou sinônimo de suspense e medo.

Hoje, olhando para trás, o diretor vê a experiência com outros olhos. “Fazer Tubarão continua sendo uma experiência seminal para cada um de nós, e cinco décadas não fizeram nada para apagar as memórias do que continua sendo uma das experiências mais avassaladoras, emocionantes, aterrorizantes e gratificantes de toda a minha carreira”, insistiu. O novo documentário, produzido pela Amblin de Spielberg, estreia no canal National Geographic em 10 de julho, chegando ao Disney+ e Hulu no dia seguinte, prometendo revelar todos os detalhes da produção que quase acabou com um gênio, mas que, no fim, ajudou a criá-lo.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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