Diretor compartilha como a experiência com E.T. moldou sua carreira e a importância dos direitos sobre suas obras

Steven Spielberg revelou, em uma conversa íntima com Drew Barrymore durante o TCM Classic Film Festival, como sua decisão de não fazer uma sequência de E.T., o Extraterrestre foi fundamental para moldar sua carreira e a forma como ele lida com os direitos de suas obras. O icônico filme de 1982, que fez história com sua bilheteira de mais de US$ 300 milhões e ganhou quatro Oscars, ainda é considerado um dos maiores clássicos do cinema.

A luta para impedir uma sequência de E.T.

Ao longo da conversa, Spielberg compartilhou uma memória especial sobre como teve que lutar para impedir a produção de uma sequência do filme. “Foi uma vitória muito difícil porque eu não tinha direitos antes de E.T.”, disse Spielberg. “Não tinha o que chamamos de ‘congelamento’, onde você pode impedir o estúdio de fazer uma sequência. Eu consegui isso depois de E.T. por causa de seu sucesso.” Isso significa que, após o sucesso de E.T., ele conquistou os direitos que lhe permitiram bloquear qualquer tentativa de continuação, remake ou exploração adicional da propriedade intelectual.

Uma sequência sem brilho: O que poderia ter sido

O diretor também detalhou como pensou em desenvolver uma sequência, mas logo percebeu que a ideia não faria jus ao filme original. “Eu flertei com a ideia por um tempo — só para ver se eu conseguia pensar em uma história — e a única coisa em que eu conseguia pensar era em um livro chamado The Green Planet, que aconteceria na casa de E.T. Todos nós poderíamos ir à casa de E.T. e ver como ele vivia. Mas foi melhor como um romance do que eu acho que teria sido como um filme”, explicou Spielberg. Ele também reforçou que sua intenção nunca foi continuar a história de forma forçada. “Eu não tenho intenção alguma de ver E.T. em nenhum lugar fora deste proscênio”, completou.

A visão de Drew Barrymore sobre a decisão de Spielberg

A decisão de não fazer uma sequência também reflete a visão de Spielberg sobre a história. Para ele, E.T. era uma narrativa pessoal e única, e o risco de arruinar sua perfeição com uma continuação era grande. Barrymore, que interpretou Gertie no filme e tinha apenas 6 anos na época, também compartilhou suas lembranças do set. Ela relembrou que Spielberg foi claro com ela desde cedo sobre sua decisão de não fazer uma sequência. “Lembro-me de você dizendo: ‘Não estamos fazendo uma sequência de E.T.‘. Acho que eu tinha oito anos. Lembro-me de ficar tipo, ‘OK, isso é uma chatice, mas eu entendo totalmente’”, disse a atriz, que concorda com a decisão do diretor. “Faz muito sentido. Para onde vamos a partir daqui? Eles vão apenas comparar com o primeiro e deixar algo que é perfeito sozinho.”

A influência de Melissa Mathison na decisão sobre uma sequência

Em 2023, Henry Thomas, o intérprete de Elliott, discutiu a possibilidade de uma sequência, afirmando que a ideia surgiu nos anos 80, mas que o falecimento da roteirista Melissa Mathison, responsável pelo roteiro do primeiro filme, tornou difícil imaginar E.T. sem sua contribuição. A morte de Mathison é um fator que impede muitos de pensarem em reviver a história.

Impacto pessoal: A transformação de Spielberg como pai

Além disso, Spielberg falou sobre a importância do filme em sua vida pessoal. Ele revelou que foi após E.T. que começou a querer ser pai, algo que nunca tinha considerado até então. “Até aquele ponto, eu apenas fazia filmes. Minha vida era obcecada em apenas contar histórias. Mas fazer E.T. me fez querer ser pai. Eu nunca tinha pensado nisso até E.T.“, contou o cineasta.

Barrymore e E.T.: A transformação pessoal da atriz

Barrymore, em sua vez, descreveu o impacto que o filme teve em sua carreira e vida pessoal. “Eu nunca quis forçar isso sobre eles, mas acho que E.T., para mim, é aquele do qual tenho mais orgulho porque foi o que mudou minha vida. Não há dúvidas sobre isso. Tudo na minha vida é sobre como fui acreditada por um ser humano, e essa é a vida que tento honrar todos os dias.” A atriz revelou que a experiência de interpretar Gertie foi transformadora, lembrando que foi escolhida de forma quase imediata por Spielberg, que a encontrou divertida e encantadora, especialmente com suas ambições de formar uma banda de punk chamada The Purple People Eaters.

Uma experiência única e transformadora para Spielberg e Barrymore

Em resumo, Spielberg e Barrymore refletiram sobre a experiência única que foi filmar E.T., desde a relação especial entre os dois no set até as lições aprendidas, incluindo o importante impacto do filme na vida pessoal do diretor e sua carreira. O cineasta também revelou que, enquanto estava ciente do enorme sucesso que o filme representava, nunca imaginou que E.T. fosse alcançar o status de fenômeno cultural que tem até hoje.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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