Festival de Cannes bane Théo Navarro-Mussy após denúncias de violência sexual

O Festival de Cannes, uma das vitrines mais prestigiadas do cinema mundial, adotou uma medida inédita em sua história ao proibir o ator francês Théo Navarro-Mussy de participar do tapete vermelho da edição deste ano. A decisão ocorre após o ator ser acusado por três ex-parceiras de estupro, além de violência física e psicológica.

Navarro-Mussy integra o elenco de Dossier 137, novo longa de Dominik Moll, que estreou hoje na competição oficial do festival. Mesmo com a estreia do filme, o ator foi formalmente banido da cerimônia de gala pelo delegado geral de Cannes, Thierry Frémaux, em acordo com os produtores da obra.

Alegações e processo judicial em andamento

Embora a primeira queixa-crime tenha sido rejeitada no mês passado por um tribunal francês, as supostas vítimas anunciaram que pretendem levar o caso adiante por via civil. O caso segue em aberto, o que motivou a decisão de Frémaux de restringir a presença do ator até que uma resolução judicial definitiva seja alcançada.

“O caso continua em andamento. Se for arquivado ou se o ator for considerado inocente, a proibição será suspensa”, explicou Frémaux ao site francês Télérama.

Festival impõe novos padrões de responsabilidade

A organização do Festival de Cannes afirmou que exigirá dos produtores que inscrevem seus filmes um compromisso explícito com o respeito à “segurança, integridade e dignidade” de todos os envolvidos durante o processo de produção. A medida busca responder a uma crescente cobrança por responsabilidade no meio cinematográfico europeu.

“Devemos agir caso a caso, especialmente quando novos elementos surgem”, ressaltou Frémaux.

Contexto mais amplo: #MeToo francês em ebulição

A decisão de banir Navarro-Mussy acontece na mesma semana em que Gérard Depardieu, ícone do cinema francês, foi condenado por agressão sexual e recebeu uma pena suspensa de 18 meses. O caso, de enorme repercussão na França, tem sido apontado como um marco do movimento #MeToo no país, que durante anos enfrentou resistência no meio cultural local.

A medida de Cannes, embora controversa para alguns, sinaliza uma mudança de postura: a consagração artística não deve blindar figuras públicas de consequências por condutas abusivas.

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