Tim Burton não vai voltar a dirigir filmes de heróis

Tim Burton continua a seguir sua visão criativa única, sem ceder às pressões da indústria por franquias contínuas e universos compartilhados.
Tim Burton não vai voltar a dirigir filmes de heróis Tim Burton não vai voltar a dirigir filmes de heróis
Warner

Tim Burton, que ajudou a pavimentar o sucesso de bilheteria dos filmes de super-heróis no final dos anos 1980 e início dos anos 1990, declarou recentemente que não tem interesse em voltar ao gênero na indústria cinematográfica atual. Conhecido por dirigir os icônicos “Batman” (1989) e “Batman Returns” (1992) com Michael Keaton, Burton compartilhou sua relutância em trabalhar com o foco em continuidade de longo prazo e universos cinematográficos que dominam os estúdios hoje.

Em entrevista à Variety, o cineasta comentou: “No momento, eu diria não. Eu vejo as coisas de diferentes pontos de vista, então nunca diria nunca a nada. Mas, no momento, não é algo em que eu estaria interessado.”

Enquanto promovia sua nova sequência, Beetlejuice Beetlejuice, Burton relembrou o processo criativo por trás de “Batman”. Ele destacou que teve certa liberdade criativa e enfrentou uma supervisão de estúdio relativamente modesta durante a produção do filme na Inglaterra, em 1988. “Tive sorte porque, naquela época, a palavra ‘franquia’ não existia”, explicou Burton. “‘Batman’ parecia um pouco experimental na época. Ele se desviou do que a percepção de um filme de super-herói poderia ser. Estando na Inglaterra, fomos ainda mais afastados do controle dos estúdios, o que nos permitiu focar no filme.”

A transição do cineasta e a mudança do foco dos estúdios

Burton também revelou que, inicialmente, não tinha interesse em dirigir uma sequência para “Batman”, mas a atração pelos vilões Pinguim e Mulher-Gato o fez mudar de ideia. Isso levou ao lançamento de “Batman Returns”, em 1992, que trouxe Danny DeVito e Michelle Pfeiffer nos papéis dos vilões. No entanto, após esse filme, tanto Burton quanto Keaton se afastaram da franquia, com Joel Schumacher assumindo a direção e Val Kilmer interpretando o Cavaleiro das Trevas em “Batman Forever”, de 1995.

O cineasta comentou sobre o impacto crescente das franquias nos estúdios de cinema durante esse período. “Foi quando começamos a ouvir a palavra franquia”, disse Burton, “e onde o estúdio começou a pensar: ‘O que é essa coisa preta saindo da boca do Pinguim?’ Foi a primeira vez que o vento frio desse tipo de coisa veio até mim.”

Além de “Batman”, Burton também esteve envolvido em outro grande projeto da DC Comics: um filme do Superman estrelado por Nicolas Cage. Embora o projeto nunca tenha sido finalizado, o filme The Flash, lançado em 2023, fez uma homenagem a esse trabalho não realizado, apresentando uma versão em CGI de Cage lutando contra uma aranha gigante em uma sequência multiversal.

Refletindo sobre os projetos não concretizados

Burton falou sobre a experiência de trabalhar em filmes que nunca foram realizados, descrevendo-a como uma jornada similar à de “Jasão e os Argonautas”. Ele admitiu que esses projetos não concretizados podem ser traumatizantes, mas destacou a importância de se concentrar em histórias pelas quais ele sente uma forte conexão. “Trabalhei em alguns filmes que não aconteceram após anos de dedicação, e esses são bem traumáticos. Eu apenas tento me concentrar em coisas que eu sinto fortemente e me livrar de todo o barulho que as cerca”, refletiu o diretor.

Agora, com o lançamento de seu 20º longa-metragem, Beetlejuice Beetlejuice, que chega aos cinemas em 6 de setembro, Tim Burton continua a seguir sua visão criativa única, sem ceder às pressões da indústria por franquias contínuas e universos compartilhados.

Sobre o autor

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa. Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer. Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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