O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, renovou sua ameaça de impor uma tarifa massiva de 100% sobre todos os filmes produzidos fora do território americano. Em uma publicação em sua rede social, Truth Social, nesta segunda-feira (29), ele afirmou que a medida serviria para “resolver o problema” de outros países terem “roubado” o negócio de produção cinematográfica dos EUA, e mirou críticas diretas ao governador da Califórnia, Gavin Newsom.

A declaração, que pode gerar um caos na indústria cinematográfica global, ecoa uma ameaça semelhante feita pelo presidente em maio, quando ele classificou as produções estrangeiras como uma “ameaça à segurança nacional”.

‘Nosso negócio de produção cinematográfica foi roubado’, diz Trump

Na publicação, o presidente usou um tom forte para justificar sua proposta. “Nosso negócio de produção cinematográfica foi roubado dos Estados Unidos da América por outros países, assim como roubar ‘doce de criança’. A Califórnia, com seu governador fraco e incompetente, foi particularmente afetada”, escreveu ele. “Portanto, para resolver esse problema antigo e interminável, imporei uma tarifa de 100% sobre todo e qualquer filme produzido fora dos Estados Unidos.”

A complexa realidade da produção global de cinema

A declaração do presidente, no entanto, ignora as complexas razões, tanto financeiras quanto artísticas, que levam os estúdios de Hollywood a filmar em outros países. Nos últimos anos, locais como Reino Unido, Austrália e Canadá se tornaram grandes centros de produção por oferecerem incentivos fiscais e créditos tributários que barateiam significativamente os custos de um filme.

Além disso, muitas produções são filmadas internacionalmente por necessidade criativa, para capturar a autenticidade de locais reais que fazem parte da história. Diretores renomados, como Denis Villeneuve (Duna) e Christopher Nolan (que filmou seu próximo filme, A Odisseia, em locações), são conhecidos por preferirem cenários reais a estúdios.

O embate político com o governador da Califórnia

O ataque direto de Trump ao governador da Califórnia, Gavin Newsom, é mais um capítulo em uma rivalidade pública entre os dois políticos. A ironia é que Newsom tem sido um dos maiores defensores do aumento do programa de incentivos fiscais da Califórnia, justamente para tentar atrair de volta as produções que migraram para outros estados e países.

Ainda não está claro se o presidente tem a autoridade para instituir tal tarifa ou como ela seria implementada, mas a simples ameaça já é suficiente para gerar instabilidade e preocupação em uma indústria que opera de forma cada vez mais globalizada.

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