A polêmica em torno do Tylenol ganhou um novo capítulo. Um tuíte de 2017, de uma conta atribuída à marca, ressurgiu e viralizou nas redes sociais. Na publicação, a empresa parece desaconselhar o uso de seus produtos durante a gravidez. O post antigo está sendo agora usado por apoiadores do presidente Donald Trump, e até mesmo por contas oficiais da Casa Branca, como uma suposta prova de que as recentes declarações do presidente sobre os riscos do medicamento estariam corretas.
Em resposta, a Kenvue, empresa fabricante do Tylenol, se pronunciou, afirmando que a publicação de oito anos atrás é “incompleta” e não reflete a totalidade de suas orientações sobre o uso seguro do analgésico.
O tuíte de 2017 e a reação da Casa Branca
O tuíte que está no centro da polêmica foi uma resposta a uma pergunta, hoje deletada, de um usuário em 2017. Nele, a conta @tylenol afirmava: “Na verdade, não recomendamos o uso de nenhum dos nossos produtos durante a gravidez”. Após as falas de Trump nesta semana, a publicação foi resgatada e compartilhada massivamente, com a conta oficial da Casa Branca republicando o post com uma foto de Trump e a legenda “ele estava certo sobre tudo”.
A resposta da fabricante: ‘Uma declaração incompleta’
Diante da repercussão, a Kenvue, empresa-mãe do Tylenol, se manifestou para esclarecer a situação. Em um comunicado à agência Bloomberg, um porta-voz declarou: “Esta resposta do consumidor, de oito anos atrás, está incompleta e não aborda todas as nossas orientações sobre o uso seguro do Tylenol.”
A empresa reforçou que o paracetamol continua sendo a opção mais segura para gestantes, mas que qualquer medicamento deve ser usado após consulta médica. Curiosamente, a Kenvue não confirmou se a conta do X (antigo Twitter), que está inativa desde 2021, era de fato um canal oficial da marca.
A polêmica declaração de Trump e o debate científico
O resgate do tuíte antigo é o mais novo capítulo da polêmica iniciada por Donald Trump no início da semana. Em um pronunciamento, o presidente afirmou que o uso de Tylenol na gravidez estaria associado a um “risco muito maior de autismo”, uma alegação não comprovada.
A comunidade científica, por sua vez, não tem um consenso sobre o tema. Um estudo de agosto encontrou uma associação entre o uso prolongado do medicamento e transtornos do neurodesenvolvimento, mas outros estudos, como um de 2024, afirmam não haver “nenhuma evidência” da ligação. A Royal Pharmaceutical Society do Reino Unido e outras entidades de saúde continuam a recomendar o paracetamol como a opção de primeira escolha e mais segura para dor e febre durante a gestação.