O mundo do cinema se despede de Val Kilmer, um dos atores mais marcantes de Hollywood, que faleceu na última terça-feira, aos 65 anos, em Los Angeles. A informação foi confirmada por sua filha, Mercedes Kilmer, ao The New York Times, que revelou que a causa da morte foi uma pneumonia.
Ao longo de uma carreira repleta de personagens icônicos e atuações inesquecíveis, Kilmer deixou sua marca em filmes como “Top Gun” (1986), “The Doors” (1991), “Tombstone” (1993) e “Batman Forever” (1995). Sua trajetória, no entanto, também foi marcada por desafios pessoais, incluindo um longo período de luta contra o câncer de garganta, diagnosticado em 2015.
Um legado de personagens inesquecíveis
Ao longo de sua carreira, Val Kilmer demonstrou uma versatilidade impressionante, transitando entre papéis de ação, drama e filmes biográficos com maestria. Confira alguns dos momentos mais marcantes de sua filmografia:
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Iceman em “Top Gun” (1986): o piloto de caça rival de Maverick (Tom Cruise) foi um de seus papéis mais memoráveis, conquistando uma legião de fãs.
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Jim Morrison em “The Doors” (1991): a performance de Kilmer foi tão intensa que ele chegou a gravar músicas com a banda original, impressionando até os integrantes do The Doors.
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Doc Holliday em “Tombstone” (1993): sua interpretação do pistoleiro do Velho Oeste é considerada uma das melhores de sua carreira.
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Batman em “Batman Forever” (1995): assumiu o manto do Homem-Morcego após a saída de Michael Keaton, em um filme que arrecadou mais de US$ 336 milhões nas bilheteiras.
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Simon Templar em “O Santo” (1997): interpretou um vigarista sofisticado no thriller baseado na famosa série de TV dos anos 60.
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Gay Perry em “Kiss Kiss Bang Bang” (2005): ao lado de Robert Downey Jr., brilhou em uma comédia policial cheia de reviravoltas.
Kilmer também teve papéis notáveis em “Fogo Contra Fogo” (1995), “A Ilha do Dr. Moreau” (1996), “Alexander” (2004) e diversas outras produções.
Talento inquestionável, mas uma carreira conturbada
Mesmo sendo reconhecido como um ator talentoso e comprometido, Val Kilmer também ficou conhecido por seu temperamento difícil nos bastidores. Diretores como Joel Schumacher (“Batman Forever”) e John Frankenheimer (“A Ilha do Dr. Moreau”) relataram dificuldades ao trabalhar com ele.
“Para mim, Val Kilmer foi o melhor Batman”, chegou a dizer Schumacher, apesar das tensões no set. Por outro lado, Frankenheimer afirmou que, após as filmagens de “A Ilha do Dr. Moreau”, nunca mais trabalharia com Kilmer.
Ainda assim, o ator seguiu sendo uma figura admirada na indústria cinematográfica, e seu talento continuou a brilhar, principalmente com sua impressionante capacidade de se transformar em seus personagens.
A luta contra o câncer e seu emocionante retorno a “top gun: maverick”
Em 2015, Kilmer foi diagnosticado com câncer de garganta, o que comprometeu severamente sua voz. Passou por diversas cirurgias e tratamentos, e chegou a precisar de um tubo de traqueostomia para respirar. Apesar dos desafios, nunca perdeu sua paixão pelo cinema.
Em 2021, lançou o documentário “Val”, onde compartilhou imagens inéditas de sua vida e refletiu sobre sua carreira e problemas de saúde. O filme emocionou fãs e críticos, mostrando um lado mais íntimo do ator.
Seu grande retorno às telonas aconteceu em “Top Gun: Maverick” (2022). Mesmo debilitado, fez uma breve e emocionante aparição como Iceman, agora um almirante que também enfrenta problemas de saúde. A cena entre Kilmer e Tom Cruise foi um dos momentos mais impactantes do filme, mostrando o forte laço entre os personagens e entre os próprios atores.
Família, espiritualidade e últimos anos
Kilmer nasceu em 31 de dezembro de 1959, em Los Angeles, e era descendente de índios Cherokee, irlandeses, alemães e suecos. Desde jovem, mostrou interesse pela arte, sendo admitido na prestigiosa Juilliard School, tornando-se um dos alunos mais jovens da instituição.
Fora das telas, teve um casamento com a atriz Joanne Whalley, entre 1988 e 1996. Juntos, tiveram dois filhos: Mercedes Kilmer e Jack Kilmer, que também seguiu carreira no cinema.
Nos últimos anos, Val Kilmer passou a se dedicar mais à sua fé na Ciência Cristã, prática religiosa que, segundo ele, o ajudou a enfrentar os momentos mais difíceis de sua vida.
Em 2011, vendeu a maior parte de seu rancho no Novo México e passou a viver de forma mais reservada, aparecendo publicamente apenas em eventos especiais.
Despedida de uma lenda
A morte de Val Kilmer deixa um vazio no cinema, mas também um legado imortalizado em suas atuações marcantes. Seja como o icônico Iceman, o enigmático Jim Morrison ou o sombrio Batman, sua presença nas telas continuará sendo lembrada por gerações.
Além de sua filha Mercedes e seu filho Jack, Kilmer deixa para trás uma trajetória repleta de altos e baixos, mas sempre marcada pelo amor à atuação e pelo desejo de se reinventar a cada papel.