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Crítica | Com os Punhos Cerrados

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•23 de março de 2017•6 Minutes

O novo filme dos Pretti & Parente, da Alumbramento, remete ao marcante primeiro longa de Marco Bellocchio, De Punhos Cerrados de 1965. Concretamente, porém, não guardam nenhuma relação. Nem deveriam. Em Estrada para Ythaca (2010) a epígrafe de Sierguéi Iessiênin, o encerramento com as duas últimas estrofes de “Ítaca”, de Konstantinos Kaváfis, a reprodução da participação de Glauber Rocha em Vento do Leste, de Jean-Luc Godard – como uma sequência fantasmagórica; além da cantoria (Caetano, Gil, Paulo Vanzolini, Nelson Cavaquinho…) e das pontuais frases de efeito demonstravam o processo criativo dos diretores (também roteiristas, atores, produtores e montadores). O problema é que em Ythaca a auto-representação, cara e importante para o cinema independente, tinha intenções bem claras, revelava essa procura pelo cinema livre, “divino e maravilhoso”. Certa cinefilia e apropriação de textos literárias evocava uma potência para as imagens. O tempo era trabalhado liricamente, encontrando respiros no meio da abundância das referências.

Essa crença em ideais do Cinema Novo e do movimento concretista (a busca pela poética sincrônica) e no que esses movimentos estéticos tinham como referência pulam na tela em Com os Punhos Cerrados de forma menos deliberada, mais explosiva, intempestiva, no tom de manifesto livre que o filme propõe a desenvolver.

Por um lado, o filme tem intenções utópicas, revoltosas. Em meio ao seu método poético, não consegue se desvencilhar da fixação endêmica (e que o entretenimento encontrou uma mina de ouro) pela distopia. Não com pouca razão. O filme começa com os personagens numa praia deserta, coordenando uma rádio pirata, divulgando dizeres, textos e poesias com o intuito de despertar a revolução. A intersecção entre a narrativa e os dispositivos tecnológicos se apresenta desde o início, quando o som é suprimido ao toque do botão de um aparelho. A dissincronia, amadorismo que acompanha o veículo marginal ministrado pelos protagonistas, se apresentará nas cenas com o “antagonista” da história, personagem representante de valores conservadores, visto sempre de costas, uma figura sem rosto, um sujeito altamente abstrato e ainda sim concreto. Suas falas parecem sempre dubladas, não correspondendo aos movimentos percebidos. Uma manipulação? Ele contrata uma espiã (Samya de Lavor) para se infiltrar no grupo resistente e denunciá-los.

Não se pode negar que Com os Punhos Cerrados carrega um espírito juvenil. O que nem sempre é algo bom. Os cineastas buscam analisar o Brasil pós-protestos de 2013 (o filme é de 2014 e só chegou ao circuito quase três anos depois) sob a ótica do deslocamento. O método, no entanto, parece um tanto restritivo. Lê-se Oswald, lê-se as Cartas Pornográficas de Joyce sobre retratos de governadores, invoca-se Artaud. A belíssima Les Anarchistes de Léo Ferré sonoriza várias cenas. Mas as (re)leituras são muito pouco sucedidas, mesmo se descontextualizadas, vistas fora do seu ambiente de criação original. O filme embaralha os tempos que quer trabalhar e beira o trabalho estudantil, em que o experimental se confunde com a indecisão. Algumas sequências, principalmente as de leituras ou as redundantes cantorias são esvaziadas de emoção, não evocam reflexões, só constatações de ideais, não dão passo ao filme, são enfraquecidas a cada segundo. As variações são muito tênues para trazer momentos marcantes, ou ainda firmar um estilo sólido.

Se vale o pensamento ideal, onde está o legado, tão louvado nominalmente, de Godard, suas ideias fulminantes, sua câmera, parada ou em movimento, que filmava o trabalho de maneira única nos projetos do Dziga Vertov? Não é o caso de replicar, falta realizar o movimento antropofágico que as cenas em geral acreditam realizar. Rapidamente tornam-se vazias, fatigantes pela obviedade, anacrônicas, ora raivosas demais para serem brutais (a tela totalmente preta e a música agitada), ora calmas demais para aproveitar o ócio (as cenas com a personagem da espiã).

A dúvida ambulante que é Com os Punhos Cerrados procurar suspirar no idioleto do cinema sedizente marginal, que ganha mais destaque pela distância do eixo comercial. No final das contas, as opções estéticas parecem mais uma pátina impregnada na tela do que bem autênticos pequenos momentos de revolta, obstruídos por outras “visões” (o striptease é o exemplo mais notável). Que esse tipo de cinema venha, ele é mais importante na nossa realidade artística do que metade do que chega às salas de projeção. Às vezes, porém, consolidar uma raciocínio a tempo (o ser contemporâneo) requer mais do que conformar-se com um retrovisor quebrado no guião.

Com os Punhos Cerrados (Brasil – 2014)

Direção: Luiz Pretti, Ricardo Pretti e Pedro Diógenes
Elenco: Ricardo Pretti, Pedro Diógenes, Luiz Pretti, Samya De Lavor, Uirá dos Reis, Rodrigo Capistrano
Gênero: Drama, Experimental
Duração: 74 min

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