Era sonho ou realidade? | O Final de A Origem explicado
SPOILERS!
Trabalho com crítica cinematográfica há quase uma década (literalmente, em fevereiro do próximo ano marcarei 10 anos dessa empreitada), e nesse meio tempo vi sites surgirem, blogs se fortalecerem e também como as discussões na internet mudaram muito. Nesse intervalo de tempo, de 2008 pra cá, posso garantir que nunca vi nada ganhando a proporção do final ambíguo de A Origem. Se eu pegar as estatísticas de meu blog desativado, não me surpreenderia se o breve artigo que fiz em 2010 ainda estivesse sendo acessado hoje, 7 anos após sua estreia.
É aquela velha dúvida que intriga cinéfilos até hoje: Cobb (Leonardo DiCaprio) está sonhando ou no mundo real quando os créditos começam a subir? Com o sucesso da inception, o extrator enfim consegue voltar para os EUA e reencontrar seus filhos. Sua felicidade é tamanha que ele precisa usar seu pião para confirmar que está mesmo no mundo real, mas ele corre para ver os filhos antes, ignorando o resultado de seu totem. Temos um caloroso abraço entre pai e seu casal de filhos, com o sorriso satisfatório de Michael Caine ganhando um plano próprio. Mas quando a câmera volta para a mesa, vemos que o brinquedo ainda está girando, mas com sinais claros de um possível desequilíbrio.
Mas essa é a questão. O pião não importa. O pião é apenas uma forma de Nolan distrair o público, da mesma forma como em O Grande Truque insistia para que o espectador olhasse com atenção, e entregava as respostas literalmente em nossa face – sem nos dizer nada. Pra começar, Arthur nos alerta no começo do filme que cada totem é intransferível: ninguém pode tocar no objeto além de seu dono, e sabemos muito bem que o pião de Cobb pertencera a Mal (Marion Cotillard), o que já coloca sua credibilidade em jogo. Se isso não for o bastante, temos também a primeira cena do filme, onde o envelhecido Saito (Ken Watanabe) pega o pião de Cobb e diz em alto e bom som (talvez nem tanto, dada sua dicção idosa) que sabe o que é aquele objeto, e até mesmo o faz girar.
O pião não é o totem de Cobb, e talvez nunca tenha sido. O verdadeiro totem de Cobb é sua aliança de casamento, mesmo que ninguém nunca fale a respeito dela. É uma teoria que tem fundamentos, visto que o anel sempre aparece quando o protagonista está em um sonho (nos níveis da inception, nas aulas de Ariadne, o castelo japonês), mas que nunca está presente quando temos cenas no mundo real. Quando Cobb entrega seu passaporte para o agente do aeroporto no final do filme, antes de regressar à casa, vemos que não há anel algum em seu dedo, já reforçando a forte possibilidade de que Cobb está, sim, no mundo real. Além disso, as crianças de Cobb estão diferentes desde sua últimas aparições, mas o figurinista Jeffrey Kurland sabiamente usa tons e acessórios parecidos para confundir nossa percepção; o xadrez da camisa de James é diferente, assim como os sapatos de Phillipa também trocam de cor.
Da mesma forma como Cobb fez com Mal, ao colocar o pião girando dentro do cofre de seu subconsciente – criando a ideia de que o mundo não é real – Nolan literalmente faz a mesma coisa com o espectador. Ele coloca o pião rodopiante em nossa frente, e acaba criando a ilusão de que o protagonista realmente não está no mundo real, e todos saímos do cinema com essa falsa impressão. É uma inception do mundo real, literalmente. O 4D mais imersivo que alguém poderia imaginar.
Crítica | A Origem
É interessante observar o nascimento de um fenômeno. Um ícone. São eventos raros e que aparecem de vez em quando no cinema blockbuster americano, onde temos a improvável mistura de conceitos elaborados e bem segmentados com o espetáculo de ação que Hollywood é tão caprichada em oferecer. Provavelmente, o primeiro Matrix seja um dos exemplos mais expressivos desse tipo de cinema, oferecendo em 1999 uma revolução em seus efeitos visuais e técnicas de câmera (a popularização máxima do bullet time) com uma história cheia de referências e influências de filosofia e literatura. A perfeita combinação de cinema para a grande massa com entretenimento pipoca e grandioso.
Em meio a essa revolução, o cineasta Christopher Nolan fazia sua transição de um cinema mais introspectivo e independente para as produções de grande escalão, com a Warner Bros tornando-se sua casa após a bem-sucedida adaptação americana de Insônia e Batman Begins - outro filme que merece seu lugar como um dos mais importantes blockbusters dos últimos tempos. Com a recepção extremamente positiva de sua abordagem ao Cavaleiro das Trevas, o estúdio conferiu uma daquelas raras oportunidades para a carreira de um diretor: um roteiro original, sem ser adaptado de qualquer propriedade ou filme, com um orçamento gigantesco e uma abordagem, ainda que com ressalvas, autoral.
Dessa forma, nascia o sucessor digno do fenômeno Matrix: A Origem, o blockbuster mais original do século XXI.
A trama nos apresenta a um mundo onde é impossível extrair informações da mente humana através dos sonhos, dando origem a um ramo de negócios oculto onde ladrões trabalham com espionagem industrial para roubar planos e ideias da mente de seus concorrentes. Nesse cenário, Cobb (Leonardo DiCaprio) é um habilidoso extrator assombrado pela memória de sua falecida esposa (Marion Cotillard), e que tem a oportunidade de se redimir à família quando o misterioso magnata Saito (Ken Watanabe) lhe propõe o inverso de seu serviço: implantar uma ideia, ao invés de roubar uma, no caso, persuadir o jovem Robert Fischer (Cillian Murphy) a dissolver a poderosa empresa de seu pai, grande rival de Saito.
O Parasita Mais Resiliente
Como qualquer filme que constrói um universo, A Origem não pode fugir da pesada exposição que seu roteiro traz. São conceitos complexos e elaborados que o filme toma boa parte do filme para explicar e ilustrar, e o único problema mais grave da produção é a forma pouco sutil que o texto encontra para oferecer informações - diálogos expositivos sempre foram o ponto mais fraco da carreira de Nolan, isso é inegável, basta observar o momento em que o personagem de Joseph Gordon-Levitt está no meio de uma acalorada discussão, e acaba tendo que explicar o conceito de Limbo enquanto grita, algo que não soa nada natural e que gera um conflito de intenções.
Porém, a estrutura bem definida do longa é um dos fatores que ajudam a tornar essa gigantesca "aula" sobre esse mundo de subconsciente algo suportável, e que evite didatismo puro. Apostando fundo na variante do heist movie, Nolan usa esse elemento para transformar a inception de Robert Fischer em um golpe, no melhor estilo Onze Homens e um Segredo. Dessa forma, obviamente temos o personagem novato que age como avatar do espectador para conseguir informações e aprender sobre as regras, aqui tendo a arquiteta Ariadne (Ellen Page) como representante dessa função, ainda que a personagem cresça muito mais do que isso com a progressão da trama - seu nome é o mesmo daquela que ajudou Perseu a escapar do Labirinto do Minotauro, na mitologia grega, e daqui instantes veremos como isso se tornará relevante para sua relação com Cobb.
Voltando à estrutura do heist film, a primeira hora de A Origem é toda dedicada a nos explicar e ilustrar os conceitos daquele universo, assim como apresentar os personagens principais, suas habilidades e dramas pessoais. Partindo dessa variante, Nolan felizmente torna o jogo mais dinâmico ao apostar em montagem paralela, uma trilha de Hans Zimmer sempre presente e interações diversas entre o grupo, oferecendo todos os conceitos que se tornarão importantes na metade final da projeção. A primeira aula de Ariadne é um exemplo majestoso disso, e já aprendemos bastante sobre a jovem quando, ao realizar um teste de raciocínio com Cobb, troca as páginas quadriculadas de um caderno pela contracapa lisa, desenhando ali um labirinto desafiador o bastante para seu "professor", sendo também um clássico exemplo do "pensar fora da caixinha", literalmente.
A montagem de Lee Smith é tão sutil nesse momento, que acompanhamos o diálogo dos dois na universidade de Paris, ao mesmo tempo em que os cortes nos mostram Arthur preparando cadeiras e o equipamento de sonho compartilhado em um galpão. Sem ao menos percebermos, Cobb revela a Ariadne que os dois estão sonhando, abordando de um fenômeno real para justificar a confusão da jovem, clamando que "é impossível se lembrar do início de um sonho, você sempre se dá conta no meio dele", além da cena resultar na espetacular explosão do café parisiense, ilustrando o desequilíbrio do sonho quando o sonhador tem ciência de seu estado; algo que rende algumas das melhores set pieces da produção.
E por mais que tenhamos toda a explicação verbal mais direta ao espectador, é de se admirar o fato de que Nolan coloque todos esses conceitos em prática antes de nos explicar, durante a fabulosa sequência da primeira extração. Apenas em imagens, vemos os diferentes níveis onde Cobb, Arthur e Saito se encontram, no castelo japonês, o apartamento abandonado e o trem bala em Quioto. Não temos muita explicação para o que está havendo ou como tudo funciona na primeira visita, mas é um ótimo exemplo de visual storytelling ao representar como as ações afetam cada nível de sonho, desde o tapa que Cobb leva (que o faz cair no nível abaixo) e a enchente que preenche o castelo japonês quando o personagem é jogado em uma banheira de água - no mais elaborado e dinâmico sistema de despertador que você já viu.
Gosto também como o processo de elaboração do heist acaba tornando a exposição divertida pela clara comparação com o processo criativo; não por acaso, muitas pessoas enxergam A Origem como uma alegoria para o próprio fazer do Cinema. Cobb, Arthur, Ariadne e o bem-humorado Eames (Tom Hardy, no ano em que tomava Hollywood de surpresa) passam muito tempo elaborando o tipo de catarse que ocasionará na mente de Robert Fischer, e o grupo literalmente precisa criar uma narrativa que inspire a ideia de desmantelar a corporação de seu pai. Quase como roteiristas criando uma história, a equipe sabiamente opta por criar um sentimento positivo, de certa forma manipulando a percepção do jovem para alcançar seus objetivos, transformando uma proposta comercial em uma surpreendentemente tocante história de pai e filho. Nolan pode não ser o mais emotivo dos cineastas, mas ele definitivamente acerta nisso.
Outro aspecto muito fascinante nessa construção de universo é quando Nolan puxa o tapete e surpreende o espectador logo no início da inception: ao chegar no primeiro nível de sonho, toda a equipe é atacada pelas Projeções do subconsciente de Fischer, e então descobrimos que sua mente foi treinada por um extrator para atingir um sistema de defesa militarizado (mas que ideia brilhante), colocando em perigo a vida de todos ali - visto que, se morrerem, serão jogados no nível mais fundo do Limbo, já que o sedativo fortíssimo os impede de acordar.
Diante dessa situação mais perigosa, Cobb sugere que a equipe siga um método muito perigoso e divertido, que acaba renegando - de certa forma - tudo o que havíamos aprendido até então: Sr. Charles. Cobb fala diretamente com Fischer no segundo nível de sonho, e ao invés de seguir a farsa de que aquele é o mundo real, vai na direção oposta e tenta convencê-lo de que tudo aquilo é um sonho e que há extratores tentando invadir seu subconsciente; com Cobb clamando que ele mesmo é uma de suas projeções, o chefe da segurança conhecido como Sr. Charles. É uma jogada genial de roteiro que ajuda a tornar a trama mais dinâmica e imprevisível, e quase metalinguística ao colocar seus conceitos de ponta-cabeça; culminando na ótima solução de se criar uma intriga entre Fischer e seu tio (um eficiente Tom Berenger), para que a equipe inicie o terceiro nível de sonho em uma projeção do sujeito - dessa forma, Fischer ajuda Cobb e sua equipe a invadir sua própria mente, sem ter ciência disso.
Desenho do Subconsciente
Uma das reclamações mais frequentes - e idiotas - a respeito de A Origem é como a visão de Nolan para os sonhos não é lúdica ou surrealista o bastante, passando bem longe das estéticas de cineastas como David Lynch e Tim Burton. Bem, não é a proposta do longa em momento algum apostar em imagens psicodélicas ou uma experiência mais sensorial, visto que o roteiro do filme nos dá a ótima sacada de ter um arquiteto desenhando e projetando cada sonho visto na história, já que a intenção do grupo é justamente simular o mundo real, a fim de enganar seus alvos e facilitar a extração de informação. Não ser despirocado não é um "erro" do filme, é uma decisão narrativa, e perfeitamente justificável em seu conceito.
A ideia de se ter o arquiteto como membro chave da equipe é um poço de originalidade. Sendo necessário para aqueles que assumem essa equipe buscar os mínimos detalhes de textura, composição e saídas alternativas dentro de construções gigantescas, isso permite que Nolan possa se divertir com diversas reviravoltas e soluções visuais. Por exemplo, é genial que Saito perceba estar em um sonho quando sente a textura do carpete de seu apartamento e percebe que o material do mesmo é diferente, fazendo-o ter ciência da farsa e a intenção de Cobb - demonstrando ao espectador como o mais mínimo dos detalhes pode acabar com todo o trabalho.
Dessa forma, o designer de produção Guy Hendrix Dyas merece aplausos por seu trabalho sobrenatural no filme. Ainda que o visual passe longe da psicodelia, todo o design se inspira nas artes de M.C. Escher em seus momentos mais surreais, especialmente no que diz respeito a arquitetura paradoxal, incluindo a famosa escadaria infinita de Penrose, loops e outros conceitos cíclicos - agindo como os "bugs" de cada sonho criado pelos personagens, e até mesmo como arma, vide a ótima cena em que Arthur engana uma Projeção ao usar o paradoxo da escada para correr ao seu redor. A imagem da cidade de Paris se dobrando de forma espelhada, um dos poucos usos de efeito visual pesado na produção, é outro momento de "surrealismo" orgânico e respeitoso à proposta mais realista do filme.
De forma similar, quando os personagens chegam ao tão mencionado Limbo, o nível de sonho onde todos os vestígios de construções anteriores ficam deixados para trás, temos algo que respeita a proposta desse universo, oferecendo um tipo de surrealismo que respeita a referência na arte de Escher: uma fileira de prédios com baixa opacidade, quase desaparecendo em meio ao céu sem nuvens, e que representam também um trabalho incompleto. Alie isso ao fato de que temos diferentes casas e estilos arquitetônicos no local (já que o espaço fora um quadro branco para que Cobb pudesse experimentar suas habilidades como Arquiteto), e temos um palco memorável e digno de um subconsciente abandonado.
Considerando que a grande maioria dos efeitos do longa são práticos, Dyas e sua equipe tiveram um trabalho absurdo ao conceber e construir cada espaço e ambiente que preenchem os diferentes sonhos. Do design impressionista do castelo japonês no primeiro ato, passando pelo luxuoso hotel do sonho de Arthur até a base militar na neve durante um dos clímaxes do filme, é formidável a variedade de ambientes e locações presentes durante a história, e gosto muito também como pequenos detalhes como os números da combinação do cofre de Fischer acabem virando placas nos quartos do hotel.
Vale destacar também a inteligência de Dyas ao criar paralelos com o mundo dos sonhos e a realidade. Por exemplo, estamos sempre comparando as construções dos arquitetos com labirintos, e quando Cobb acaba em uma perseguição por um vilarejo em Mombasa, uma câmera alta revela os muros e paredes assumindo uma forma similar à de um labirinto; simbolizando que Cobb está sempre fugindo. Nos sonhos, de projeções, e na realidade, pelas organizações nebulosas que estão a seu encalce.
O Arquiteto
Não é tarefa fácil assumir a dupla tarefa de diretor e roteirista, algo que Christopher Nolan faz com frequência. Ainda mais difícil e assumir um trabalho desses sozinho (é o primeiro crédito de Nolan como roteirista sem seu irmão, Jonathan) e de uma escala tão grande, seja pelo tamanho das ideias ou das set pieces. Saído de um trabalho tão requintado e primoroso como O Cavaleiro das Trevas, é de se impressionar com o nível técnico atingido por Nolan aqui.
Mas antes de irmos a fundo nas conquistas mais grandiloquentes do diretor, é justo falar sobre seu subestimado trabalho nas "coisas simples". Com toda aquela exposição do primeiro ato descrita acima, Nolan sempre procura manter sua câmera em movimento e oferecendo jogadas para tornar a experiência mais dinâmica, como panorâmicas ao redor da equipe enquanto discutem a criação das camadas de sonhos e até planos mais longos de walk and talk para as aulas de Ariadne. Em certo ponto desse bloco, o diretor aposta até mesmo em planos POV, literalmente colocando o espectador nos sapatos da jovem arquiteta, e garantindo uma imersão maior naquele universo.
Quando chegamos às grandes sequências, é quando testemunhamos a maestria de Nolan como condutor de espetáculos. Fã confesso dos filmes de James Bond, temos uma introdução digna de Sean Connery quando Cobb vasculha o castelo japonês atrás dos segredos de Saito no primeiro segmento do filme, com as luzes noir de Wally Pfister acompanhando essa sequência de tiros silenciosos e arrombamentos em cofres ocultos. No momento em que tudo falha e o sonho começa a literalmente se desmoronar, a ação paralela de Lee Smith tem início, e esse é um efeito que acompanhará o espectador pelo resto do filme. De maneira similar, a câmera lenta é usada de forma orgânica e que faz sentido dentro da história, já que o tempo é mais devagar a cada subnível de sonho.
Ainda sobre 007, Nolan traz uma gigantesca referência a A Serviço Secreto de Sua Majestade ao apostar em uma ambiciosa cena de ação na neve, onde a equipe precisa invadir uma base militar localizada em congelantes montanhas glaciais. Temos um espetáculo envolvendo tiroteios, perseguições de ski e até outros veículos de guerra que ganham adaptações formidáveis para o cenário frio, e Nolan e Smith merecem aplausos por conseguirem manter equilíbrio e ritmo durante todos esses pequenos momentos - que dividem-se entre Eames distraindo os veículos, Saito e Fischer invadindo a instalação e Cobb e Ariadne livrando o caminho com um rifle sniper. Temos, novamente, um uso de dublês e efeitos práticos absurdo, com explosões de veículos, esquiadores armados com metralhadoras e até uma avalanche que foi realmente provocada com explosivos durante as filmagens.
Mas a cena mais famosa do filme é aquela que envolve variações de gravidade. Elevando o conceito de uma ação interferir na outra dentro do sonho, quando a equipe está dormindo em uma van em movimento, todo o sonho começa a ser afetado pelas derrapadas, acelerações e, especialmente, uma série de capotagens. Ao mesmo tempo em que Arthur luta com projeções no corredor do hotel, o veículo capota e, por consequência, todo o corredor começa a lentamente acompanhar o movimento do carro, fazendo com que Arthur e as projeções subam pelas paredes.
É uma sequência tão incrível que é feita em um take só, sem corte algum. Basicamente, o mesmo sistema de cenário rotatório usado por Stanley Kubrick em 2001: Uma Odisséia no Espaço é utilizado aqui, onde todo o cenário está girando constantemente, mas com a câmera acoplada e acompanhando o movimento; dessa forma, a impressão é que os objetos e elenco estão reagindo à rotação, e que o cenário está completamente intacto. Uma jogada genial de ambos os diretores, mas se Kubrick a usou para simular uma simples caminhada pelo espaço, Nolan coloca dois atores para lutar, se jogar e sair na porrada em um ambiente com gravidade variada.
Não, Não me Arrependo de Nada
Nesse viagem maravilhosa por cenas de ação, sonhos e a mente humana, um dos elementos mais poderosos de A Origem é sua trilha sonora original. Marcando a terceira colaboração entre Nolan e o compositor Hans Zimmer, a música aqui acabou virando um meme pela trombeta grave, infelizmente invalidando o trabalho absurdamente majestoso para o filme. A começar pelo próprio tema principal, é genial - repito, genial - que as trombones com efeitos sintetizados representem a seção instrumental da canção Non Je Nen Regrette Rien, de Edith Piaf (música que os personagens usam como despertador) com velocidade reduzida, sendo um elemento que transita entre diegético e não-diegético constantemente. O fato de que o filme tem introdução com essa fanfare densa e ameaçadora é o primeiro indício da imersão do espectador nos sonhos.
Essa sensação intensa e que parece pegar o espectador pela garganta é sentida durante boa parte do longa, especialmente durante as cenas de ação paralela. Cirurgicamente amarradas pela montagem de Smith, todas as diferentes sequências na van, hotel, neve e limbo ganham fôlego graças à excelente música de Zimmer, que aposta em cordas, batidas e os trombones discutidos acima. Nesse quesito, o Oscar garantido ao filme pelos trabalhos de edição e mixagem de som são mais do que merecidos, já que a trilha está constantemente interferindo nos efeitos sonoros, assim como estes transformam-se em relação ao que se passa na tela; quando temos a entrada de slow motion, por exemplo, o som ganha uma distorção apropriada e muito orgânica.
Outra novidade musical aqui veio de inspiração de (quem diria) Ennio Morricone, quando Zimmer optou por usar uma guitarra como tema central. Equipado com uma guitarra de 12 cordas, Johnny Marr – do The Smiths – foi convidado pelo compositor para a criação desse tema, que ouvimos pela primeira vez em Dream is Collapsing, onde a guitarra é suave e quase radical, que vai sugerindo uma sensação de estranheza cool que definitivamente ilustra com fidelidade o universo criado por Nolan e fornece o sutil toque de James Bond que o diretor almejava; sendo uma calma antes da tempestade na cena em questão, durante a primeira extração no sonho de Saito. Vale apontar também o surreal trabalho de bateria e percussão visto em Mombasa, faixa que acompanha a alucinante perseguição de Cobb durante sua passagem pela África.
Mas o trabalho de Zimmer aqui não é só espetáculo. A relação de Cobb e sua esposa falecida Mal rende um estilo de música em Old Souls que é muito mais sereno e, graças às cordas distorcidas, surreal e estranho. Zimmer transmite também uma certa nostalgia através dessa serenidade, com as cordas indo e vindo como a marola do mar, algo muito apropriado para o arco de Cobb. Paradox também abraça a suavidade, servindo como um ótimo contrapeso à força da orquestra nervosa para o momento em que a equipe enfim desperta da missão, oferecendo ainda um violoncelo misterioso para o passo final da jornada de Cobb para resgatar Saito do Limbo.
Porém, o toque final de Zimmer vem com Time. É uma lindíssima peça de piano que toma conta de toda a paisagem sonora dos minutos finais, quando Cobb acorda e retorna com o resto da equipe para o mundo real – ou é o que parece, teorias da conspiração à parte. As notas curtas vão crescendo junto com a orquestra, que adota sopros, cordas e a guitarra de Johnny Marr para um hino de vitória e superação que torna simplesmente impossível não se emocionar com a ação, principalmente quando o protagonista tem a visão de seus filhos.
Almas Velhas
Mesmo com toda essa pirotecnia impressionante, o mais importante núcleo de A Origem está na relação de Cobb com sua esposa falecida, Mal (Marion Cotillard). Como o protagonista é incapaz de esquecê-la, ela está constantemente invadindo seus sonhos e atrapalhando a missão da equipe, garantindo a Mal um papel tanto como desenvolvimento de personagem como artifício para trazer reviravoltas na narrativa. Nesse lado mais melancólico e emocional acerca dos sentimentos de Cobb, é onde encontramos um Nolan raiz, muito próximo de seus primeiros filmes.
Através de flashbacks conduzidos pelo protagonista, vemos que ele e sua esposa estudavam o conceito de sonho compartilhado, e também do profundo nível do Limbo. Horas transformavam-se em dias ali, e o casal acabou ficando o equivalente a 50 anos imerso em seu mundo de sonhos experimental, praticamente construindo uma nova vida através de memórias antigas e design de prédios futuristas. É até forte quando Cobb usa o termo de "almas velhas" para descrevê-los, pois como é possível que uma pessoa viva por 50 anos sem ter algum tipo de envelhecimento, seja da mente ou da alma, como diz o extrator?
É quando, sem trocadilho, A Origem realmente sente-se mais profundo. Temos a noção de um mundo completamente novo e sem limites coexistindo com o real, e sem limites para mortalidade ou... qualquer coisa. O drama começa quando Cobb não consegue mais aceitar aquela realidade falsa, e, como Mal se recusava a sair, secretamente faz uma inception nela; implantando a ideia de que aquele mundo não era real. Porém, a ideia é tão forte que acaba dominando a mente de Mal mesmo na realidade, forçando seu suicídio para "acordar" daquela realidade. É uma ironia dramática das mais intensas e provocadoras da carreira de Nolan, e a decisão de guardar apenas para o final a revelação de que Cobb era o responsável pela inception oferece a solução para o dilema do personagem, e finalmente entendemos o real motivo de Mal invadir seus sonhos e agir de forma tão hostil: não é apenas uma saudade, é a culpa de ter causado sua morte que realmente o assombra.
Dando vida a esse personagem perturbado, temos uma das performances mais fascinantes da carreira de Leonardo DiCaprio, que se esforça para conter o temperamento explosivo e desesperado de Cobb através de um ar suave e trêmulo. Sempre que DiCaprio contracena com Cotillard, sua performance muda pra algo muito mais frágil e desesperado, com o seu olhar intenso sempre passando a impressão de estar diante de algo que lhe é incrível e delicado, e a forma como ele a toca em alguns momentos, é como se Cobb temesse que sua esposa evaporasse e sumisse ao vento.
Quando os dois tem um diálogo mais decisivo no clímax - que é, nada mais nada menos, do que Cobb conversando com ele mesmo - a grande catarse é Cobb aceitando a morte de sua esposa, e a responsabilidade de tê-la provocado, e o fato de DiCaprio se esforçar para evitar olhá-la nos olhos quando finalmente revela sua traição é mais um traço de sua atuação primorosa. E é justamente Ariadne, agora fazendo jus ao nome, quem ajuda Cobb a superar isso e, por fim, tirá-lo deste labirinto mental que é a sombra de Mal. Bem, ao menos essa é a versão mais evidente pelo filme, mas há quem discorde, o que nos leva ao próximo e mais polêmico tópico.
O Final
Trabalho com crítica cinematográfica há quase uma década (literalmente, em fevereiro do próximo ano marcarei 10 anos dessa empreitada), e nesse meio tempo vi sites surgirem, blogs se fortalecerem e também como as discussões na internet mudaram muito. Nesse intervalo de tempo, de 2008 pra cá, posso garantir que nunca vi nada ganhando a proporção do final ambíguo de A Origem. Se eu pegar as estatísticas de meu blog desativado, não me surpreenderia se o breve artigo que fiz em 2010 ainda estivesse sendo acessado hoje, 7 anos após sua estreia.
É aquela velha dúvida que intriga cinéfilos até hoje: Cobb está sonhando ou no mundo real quando os créditos começam a subir? Com o sucesso da inception, o extrator enfim consegue voltar para os EUA e reencontrar seus filhos. Sua felicidade é tamanha que ele precisa usar seu pião para confirmar que está mesmo no mundo real, mas ele corre para ver os filhos antes, ignorando o resultado de seu totem. Temos um caloroso abraço entre pai e seu casal de filhos, com o sorriso satisfatório de Michael Caine ganhando um plano próprio. Mas quando a câmera volta para a mesa, vemos que o brinquedo ainda está girando, mas com sinais claros de um possível desequilíbrio.
Mas essa é a questão. O pião não importa. O pião é apenas uma forma de Nolan distrair o público, da mesma forma como em O Grande Truque insistia para que o espectador olhasse com atenção, e entregava as respostas literalmente em nossa face - sem nos dizer nada. Pra começar, Arthur nos alerta no começo do filme que cada totem é intransferível: ninguém pode tocar no objeto além de seu dono, e sabemos muito bem que o pião de Cobb pertencera a Mal, o que já coloca sua credibilidade em jogo. Se isso não for o bastante, temos também a primeira cena do filme, onde o envelhecido Saito pega o pião de Cobb e diz em alto e bom som (talvez nem tanto, dada sua dicção idosa) que sabe o que é aquele objeto, e até mesmo o faz girar.
O pião não é o totem de Cobb, e talvez nunca tenha sido. O verdadeiro totem de Cobb é sua aliança de casamento, mesmo que ninguém nunca fale a respeito dela. É uma teoria que tem fundamentos, visto que o anel sempre aparece quando o protagonista está em um sonho (nos níveis da inception, nas aulas de Ariadne, o castelo japonês), mas que nunca está presente quando temos cenas no mundo real. Quando Cobb entrega seu passaporte para o agente do aeroporto no final do filme, antes de regressar à casa, vemos que não há anel algum em seu dedo, já reforçando a forte possibilidade de que Cobb está, sim, no mundo real. Além disso, as crianças de Cobb estão diferentes desde sua últimas aparições, mas o figurinista Jeffrey Kurland sabiamente usa tons e acessórios parecidos para confundir nossa percepção; o xadrez da camisa de James é diferente, assim como os sapatos de Phillipa também trocam de cor.
Da mesma forma como Cobb fez com Mal, ao colocar o pião girando dentro do cofre de seu subconsciente - criando a ideia de que o mundo não é real - Nolan literalmente faz a mesma coisa com o espectador. Ele coloca o pião rodopiante em nossa frente, e acaba criando a ilusão de que o protagonista realmente não está no mundo real, e todos saímos do cinema com essa falsa impressão. É uma inception do mundo real, literalmente. O 4D mais imersivo que alguém poderia imaginar.
A Origem é um filme único. Um blockbuster que parte de uma ideia original, misturando conceitos de ficção científica, cinema de terror e um profundo thriller psicológico, há muito o que se admirar no mais ousado e elaborado filme de Christopher Nolan, sendo impressionante o domínio do cineasta para criar mundos complexos e explorar seus limites mais extremos e desafiadores, transitando diferentes gêneros para alcançar um resultado difícil de se colocado em palavras.
Um filme de sonhos, de fato.
A Origem (Inception, EUA - 2010)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan
Elenco: Leonardo DiCaprio, Ellen Page, Joseph Gordon-Levitt, Tom Hardy, Marion Cotillard, Cillian Murphy, Ken Watanabe, Dileep Rao, Tom Berenger, Pete Postlethwaite, Michael Caine
Gênero: Ação, Ficção Científica
Duração: 148 min
https://www.youtube.com/watch?v=HiixbtN-O24
Leia mais sobre Christopher Nolan
Especial | Christopher Nolan
Amado por uns, odiado por outros, não há como negar que Christopher Nolan é um dos nomes mais fortes do cinema contemporâneo. Seja em suas visões peculiares para super-heróis, eventos mundiais ou trabalhos experimentais que exploram conceitos de ficção científica e a psique humana, esta é uma filmografia para se admirar.
Confira todo o nosso conteúdo sobre Nolan!
Cinema
Crítica | Following (1998)
Publicado originalmente em 19 de julho de 2017
Crítica | Amnésia (2000)
Publicado originalmente em 20 de julho de 2017
Crítica | Insônia (2002)
Publicado originalmente em 21 de julho de 2017
Crítica | Batman Begins (2005)
Publicado originalmente em 21 de agosto de 2016
Crítica | O Grande Truque (2006)
Publicado originalmente em 22 de julho de 2017
Crítica | Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008)
Publicado originalmente em 23 de julho de 2017
Crítica | A Origem (2010)
Publicado originalmente em 24 de julho de 2017
Crítica | Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012)
Publicado originalmente em 11 de julho de 2016
Crítica | Interestelar (2014)
Publicado originalmente em 25 de julho de 2017
Crítica | Dunkirk (2017)
Publicado originalmente em 25 de julho de 2017
Crítica | Tenet (2020)
-Publicado originalmente em 27 de outubro de 2020
HOME VIDEO
Blu-ray | Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge
Publicado originalmente em 11 de julho de 2016
Blu-ray | A Origem
Publicado originalmente em 15 de julho de 2017
Blu-ray | Interestelar
Publicado originalmente em 11 de julho de 2016
Listas
Ranking dos filmes de Christopher Nolan
Publicado originalmente em 30 de julho de 2017
As 15 Melhores colaborações entre Christopher Nolan e Hans Zimmer
Publicado originalmente em 31 de julho de 2017
Artigos
Era Realidade ou Sonho? | O Final de A Origem Explicado
Publicado originalmente em 25 de julho de 2017
O que é o Tesseract? | O Final de Interestelar Explicado
Publicado originalmente em 27 de julho de 2017
A História Real de Dunkirk
Publicado originalmente em 27 de julho de 2017
Por que Dunkirk é uma das melhores experiências que já tive no cinema
Publicado originalmente em 29 de julho de 2017
CINE VINIL
Limited Edition #02 | Lado A: Por que amei a Trilogia Cavaleiro das Trevas
Publicado originalmente em 28 de julho de 2017
Limited Edition #02 | Lado B: Por que odiei a Trilogia Cavaleiro das Trevas
Publicado originalmente em 28 de julho de 2017
Limited Edition #03 | Lado A: Por que Christopher Nolan é um gênio
Publicado originalmente em 29 de julho de 2017
Limited Edition #03 | Lado B: Por que Christopher Nolan é superestimado
Publicado originalmente em 29 de julho de 2017
Especial | David Lynch
Existem poucos cineastas como David Lynch. Com uma atuação marcante tanto no cinema quanto na TV, o mestre do cinema surrealista americano continua a nos impressionar, e reunimos aqui todo o nosso conteúdo dedicado à sua carreira excepcional.
Confira:
Cinema
Crítica | Eraserhead (1977)
Publicado originalmente em 12 de junho de 2017
Crítica | O Homem Elefante (1980)
Publicado originalmente em 15 de junho de 2017
Crítica | Duna (1984)
Publicado originalmente em 12 de junho de 2017
Crítica | Veludo Azul (1986)
Publicado originalmente em 14 de junho de 2017
Crítica | Coração Selvagem (1990)
Publicado originalmente em 16 de junho de 2017
Crítica | Twin Peaks - Os Últimos Dias de Laura Palmer (1992)
Publicado originalmente em 17 de junho de 2017
Crítica | Estrada Perdida (1997)
Publicado originalmente em 18 de junho de 2017
Crítica | História Real (1999)
Publicado originalmente em 15 de junho de 2017
Crítica | Cidade dos Sonhos (2001)
Publicado originalmente em 20 de junho de 2017
Crítica | Império dos Sonhos (2006)
Publicado originalmente em 21 de junho de 2017
TELEVISÃO
Crítica | Twin Peaks - 1ª Temporada
Publicado originalmente em 19 de maio de 2017
Crítica | Twin Peaks - 2ª Temporada
Publicado originalmente em 20 de maio de 2017
Guia de Episódios | Twin Peaks - The Return
Publicado originalmente em 22 de maio de 2017
LISTAS
Ranking dos filmes de David Lynch
Publicado originalmente em 22 de junho de 2017
Os Atores preferidos de David Lynch
Publicado originalmente em 8 de julho de 2017
Lista | Ranking das temporadas de Game of Thrones
A maior série da televisão americana no momento. Um dos mais emblemáticos fenômenos da cultura pop de todos os tempos. Praticamente todo o mundo assiste a Game of Thrones, e a série da HBO teve uma trajetória muito interessante ao longo de seus 7 anos de existência.
Aqui, paramos para olhar individualmente cada uma das temporadas do seriado adaptado por D.B. Weiss e David Benioff, montando um ranking que ordena as temporadas da série da pior, para a melhor.
Confira:
6. Quinta Temporada
Convenhamos, era difícil seguir o primor da quarta temporada, o que ajuda a explicar porque o quinto ano de Game of Thrones foi uma decepção tão grande. Com exceção de alguns bons momentos, como o arco de Tyrion encontrando Daenerys ou a batalha assustadora da Patrulha da Noite contra os Caminhantes Brancos em Durolar, a quinta temporada ficou presa a redundâncias, tramas pouco caativantes e um avanço mínimo na história. Nem preciso falar do tedioso treinamento de Arya em Braavos, que dá uma volta gigantesca para não levá-la em lugar algum. O Alto Pardal e Ramsay surgem como bons antagonistas, mas os roteiristas pouco podem fazer para lhes oferecer. E bem, quanto menos falarmos sobre aquela vergonha alheia em Dorne, melhor...
5. Segunda Temporada
De maneira similar, a segunda temporada também precisava superar uma sombra gigantesca, visto que a primeira temporada de Game of Thrones fora um sucesso absoluto e que começava uma nova era de grandes produções da HBO. Felizmente, o segundo ano é bem consistente. Seguindo a narrativa do livro de George R.R. Martin de forma bem próxima, o ano sophmore da série acaba tornando-se um pouco mais lento graças a essa dependência ao material original, trazendo muitos personagens e subtramas, com algumas não sendo tão interessantes - especialmente aquela chatice com Daenerys perdida em Qarth. Porém, foi nesse ano em que tivemos uma grande evolução no escopo da série, nos oferecendo a espetacular Batalha de Blackwater em penúltimo episódio.
4. Sexta Temporada
Considerada por muitos a melhor temporada da série, a verdade é que o sexto ano de nossas aventuras em Westeros demorou para engatar. Durante os primeiros episódios, temi que estaríamos diante de outro atraso de vida como a quinta temporada, especialmente por termos Arya perdida novamente no tedioso arco em Braavos. Porém, da metade para o final, Game of Thrones se transforma. Os eventos ganham mais velocidade, ritmo e aumentam sua imprevisibilidade, e ganhamos nada menos do que três episódios absolutamente impecáveis em sua conclusão. Primeiro, a já clássica Batalha dos Bastardos, provavelmente a maior cena de ação que a televisão já viu em sua História. Por último, o season finale mais intenso e marcado por reviravoltas que a série já viu.
3. Terceira Temporada
Esse foi o primeiro game changer da série. Adaptando alguns dos momentos mais tenebrosos e impactantes da obra de Martin, a terceira temporada mantém um nível de consistência admirável ao longo de seus 10 episódios. Todos os personagens ganham arcos interessantes, com Daenerys e seus dragões ganhando mais força, a trama política em Porto Real ficando mais intensa e até mesmo o detestável personagem Jaime Lannister acaba ganhando uma reformulação inesperada em seu caráter. A ação e o escopo também melhoram, mas nada poderia preparar o espectador para a reviravolta mais cruel da história de Game of Thrones, quando o Casamento Vermelho chocou toda a televisão.
2. Primeira Temporada
Aquela que começou tudo. Ainda que imperfeita em alguns aspectos, principalmente as grandes cenas de batalha, a primeira temporada de Game of Thrones é a que mais se preocupa em apresentar os personagens e desenvolvê-los. Provavelmente em nenhuma outra temos um apego tão grande aos Starks, Lannisters, Targaryens e outros membros de famílias do que aqui - não por acaso, a morte de Ned Stark ainda permanece como a perda mais cruel e inesperada da série. É um trabalho de adaptação perfeito, mantendo a essência da obra de Martin de forma fiel e cinematográfica, já dando vislumbres do caminho épico que o futuro reservaria. Uma temporada fantástica.
1. Quarta Temporada
O ápice de Game of Thrones. Talvez uma das temporadas mais perfeitas e consistentes que eu já tenha assistido na vida. Mesmo que a terceira tenha tido o luxo de adaptar o Casamento Vermelho, o quarto ano da série ficou com a porção mais suculenta de A Tormenta das Espadas. Com uma trama mais imediata e centrada no julgamento de Tyrion Lannister, temos excelentes momentos de personagens, reviravoltas acima da média, cenas de ação grandiosas (a melhor luta de toda a série está aqui) e um amadurecimento muito nítido na direção da série, seja na grandiosa batalha pela Muralha ou ao abordar a tumultuosa relação da família Lannister. Um espetáculo. E vamos concordar que Pedro Pascal como Oberyn Martell é uma das 4 melhores coisas que GoT já trouxe para o mundo.
E você? Concorda com o ranking? Qual a sua temporada preferida de Game of Thrones?
Leia mais sobre Game of Thrones
Especial | Transformers
Chamando todos os Autobots!
Reunimos aqui todo o nosso conteúdo de umas das franquias mais explosivas e grandiosas do atual cinema americano: os Transformers!
Confira:
CINEMA
Transformers: O Filme
Publicado originalmente em 16 de julho de 2017
Crítica | Transformers (2007)
Publicado originalmente em 17 de julho de 2017
Crítica | Transformers: A Vingança dos Derrotados
Publicado originalmente em 18 de julho de 2017
Crítica | Transformers: O Lado Oculto da Lua
Publicado originalmente em 7 de julho de 2017
Crítica | Transformers: A Era da Extinção
Publicado originalmente em 9 de julho de 2016
Crítica | Transformers: O Último Cavaleiro
Publicado originalmente em 10 de julho de 2017
Crítica | Em Ritmo de Fuga
Se o nome de Edgar Wright não lhe soa familiar, feche esta página agora e imediatamente siga para o IMDb e o serviço de streaming mais próximo. É o famoso caso de um cineastas impecável, daqueles que realmente dominam a linguagem como poucos na atualidade, mas que infelizmente ainda é um nome desconhecido do grande público; para se ter ideia, os três principais filmes de Wright foram parar direto no mercado home video aqui no Brasil, a famosa trilogia do Cornetto composta por Todo Mundo Quase Morto, Chumbo Grosso e Heróis de Ressaca. E, sim, você definitivamente deveria conferir esses três hilários filmes.
O único filme de Wright que viu a luz nas telas brasileiras foi Scott Pilgrim contra o Mundo, outro filmaço que também é limitado a um nicho muito reduzido, tendo sido um fracasso comercial tanto aqui quanto nos EUA. A grande chance de Wright alcançar o grande público viria com outra adaptação de quadrinhos, no vasto universo cinematográfico da Marvel Studios com Homem-Formiga, projeto que o diretor vinha desenvolvendo antes mesmo de Homem de Ferro estrear. Infelizmente, divergências criativas com Kevin Feige acabaram forçando a saída de Wright do filme, partindo então para realizar sua própria investida no subgênero do heist (algo que Homem-Formiga também se propõe a fazer), e temos aí o nascimento de Baby Driver - traduzido aqui como Em Ritmo de Fuga, e essa é a última vez que irei me referir a este filmaço desta forma.
Basicamente, imaginem se La La Land fosse um filme de perseguição de carros.
A trama é centrada em Baby (Ansel Elgort), um habilidoso piloto de fugas que ajuda o misterioso Doc (Kevin Spacey) em diversos golpes e esquemas criminosos, sendo o melhor motorista do negócio. Afetado por um acidente na infância, Baby está constantemente ouvindo música para abafar um zunido em seu ouvido, praticamente levando sua vida com trilha sonora. Quando conhece e se apaixona pela garçonete Debora (Lily James), Baby promete sair do negócio de direção de fuga ao se comprometer a um último serviço, que conta também com um grupo criminoso formado por Bats (Jamie Foxx), Buddy (Jon Hamm) e Darling (Eiza González).
Subversão de Gênero
A velha e batida premissa do "último serviço e estou fora", aliada das já esperadas reviravoltas de "eu tento sair, mas eles me puxam de volta". Não que isso seja um problema, afinal, convenções de gênero e suas desconstruções sempre foram a especialidsde de Wright, vide o cinema de zumbis em Todo Mundo Quase Morto, o buddy cop em Chumbo Grosso e a ficção científica body snatcher em Heróis de Ressaca. Aqui, o diretor e roteirista abraça por completo a variante do heist, assim como o cinema de ação automobilístico tão bem representado por Steve McQueen nos anos 60 e 70.
Baby Driver segue a mesma fórmula ao levar a sério todas as regras do gênero, mas também inteligentemente quebrando-as ao trazer um humor sagaz e momentos que caçoam de sua própria artificialidade; vide o impagável momento onde o personagem de Spacey oferece um longo monólogo expositivo sobre a origem de Baby, ao mesmo tempo em que desenha um mapa complexo em uma lousa. Nada sutil, mas quando Spacey ironiza e se impressiona com o fato de ter feito um diagrama tão perfeito enquanto "ficava de conversa", vemos que Wright tem ciência dos clichês que aborda. A forma como constrói as relações entre os personagens e estabelece rumos da história também foge do comum, com o roteiro esperto enganando o espectador ao, por exemplo, sugerir que um determinado sujeito seria o melhor amigo de outro, quando na verdade a narrativa o conduz a tornar-se um inimigo letal.
Por um lado, isso garante ao longa um ritmo quase imprevisível e diferente do padrão, mas também um fator que ocasiona no maior problema do filme: sua conclusão. Sem grandes spoilers aqui, mas a necessidade de Wright em amarrar todas as pontas soltas acaba criando um terceiro ato consideravelmente mais inchado e permeado por uma sucessão de cenas que poderiam facilmente servir como o clímax, mas então Wright dobra os esforços e vai oferecendo mais cenas climáticas atrás da outra, o que acaba por cansar o espectador. A elipse que se desenrola próxima do fim também surge inorgânica e apressada, como se quisesse pular logo para um final muito específico, que segue a influência de Wright pela Hollywood clássica. É um mero deslize em um filme que beira a perfeição.
Figurinhas
Esse apuro se estende também ao fabuloso leque de personagens que Wright tem à sua disposição, cada um com um estilo e personalidade próprio, jamais soando genérico ou simples jogadores descartáveis com funções específicas e unidimensionais. O próprio Baby instiga pelo ar cool e introspectivo, características que o ótimo Ansel Elgort absorve bem e ainda evolui para ações como dançar de forma excêntrica na rua ou cantar euforicamente suas músicas preferidas; e Wright merece créditos pela divertida dinâmica com o personagem de CJ Jones, que interpreta seu pai adotivo mudo, rendendo diversas cenas de diálogos em linguagem de sinal.
Os membros da trupe criminosa são uma grande surpresa, especialmente por sempre caírem no triste cenário genérico apontado no parágrafo anterior. A começar por Jamie Foxx, que parece trazer uma versão mais multifacetada e divertida de seu Motherfucker Jones em Quero Matar meu Chefe (a caracterização com as tatuagens é muito parecida), e faz de Bats uma figura inconstante e que rapidamente consegue tornar-se detestável - no bom sentido, e desde Django Livre Foxx não surgia tão inspirado em cena. A química entre Jon Hamm e Eiza González também garante algo diferenciado, com a presença de um casal criminoso arrancando interações inusitadas da dupla com o restante do elenco, além de um background sugerido que garante ainda mais força ao texto de Wright. Por fim, Kevin Spacey nos entrega mais uma performance controlada e suave, com seu perfil sério e rígido sendo o toque perfeito para o misterioso Doc, e quando o personagem mantém essa naturalidade para ameaçar o protagonista de forma assombrosa, vemos que Spacey sempre traz algo novo.
Talvez o ponto fraco esteja na personagem de Lily James, que é vivida de forma adorável e carismática pela atriz, mas não vai além de uma figura unidimensional e sem muita profundidade. As cenas de James e Elgort fazem valer a pena, ainda mais pelos diálogos descontraídos e regados de referências musicais, em um viés Tarantinesco e Linklateriano, e gosto muito da piada de como os dois discutem que, pelo fato de seu nome ser Baby, todas as músicas do mundo são feitas sobre ele.
Velozes e dançantes
Mas então chegamos ao grande truque do filme: a ação musical. Tamanha a importância das manobras de Baby Driver, o nome do coreógrafo Ryan Heffington é um dos primeiros a aparecer durante os créditos de abertura, e é de fato merecido: as perseguições de carro e outras cenas de ação do filme são realmente impressionantes, tanto pelos feitos arriscados e radicais que vemos em cena, quanto pela condução de Wright e a forma como ele dirige e monta tais momentos, com destaque para uma elaborada manobra onde o subaru de Baby rodopia entre dois caminhões. Dono de um estilo incisivo, a montagem de Jonathan Amos e Paul Machliss ajuda a conferir ritmo e organizar todas as ações, como mostrar detalhes do volante, pedais e múltiplos ângulos para a ação - sendo essencial também na sincronização com a trilha sonora.
Adicione tudo isso ao fato de que cada sequência apresenta uma ou duas músicas pop em sua seleção, e o resultado é uma explosão de energia e movimento que há muito tempo não víamos nesse tipo de cinema. Diversas vezes temos uma sincronia de ações e foley com batidas e instrumentos musicais (algo que Wright já havia testado na memorável cena com Queen em Todo Mundo Quase Morto), de forma que sons de tiros sempre são mixados junto com batidas de determinadas faixas, vide o tiroteio regado por "Tequila" ou até mesmo movimentos de carros e corridas, em um verdadeiro balé de ação. É um incrível domínio sonoro aqui, especialmente nas constantes variações entre diegético e não diegético, com a música ficando mais baixa e abafada quando algum personagem remove os fones de Baby. Nem posso imaginar a dor de cabeça dos editores e mixadores de som, que só não serão recompensados com indicações ao Oscar caso a Academia tenha enlouquecido.
E a seleção musical? Certamente a playlist mais caprichada e variada do ano, que mistura um pouco de alguns dos melhores gêneros musicais, do pop, rock, rap e reagge. É preciso um ótimo gosto para reunir uma seleção desse calibre, que conta com Barry White, Queen, The Beach Boys, T.Rex, entre outras inúmeras canções que o espectador definitivamente vai querer em suas playlists após o final do longa. Ah, e só preciso confessar como "Bellbottoms" do The Jon Spencer Blues Explosion, música que abre o filme, é uma peça musical absolutamente viciante. Muito obrigado, Edgar Wright, por preencher meu celular de novas músicas.
Com uma condução mais segura e amadurecida, Baby Driver é um dos melhores filmes de Edgar Wright, que cada vez mais se firma como uma das vozes mais vibrantes e originais do cinema contemporâneo. Com uma combinação explosiva de ação e música, esse é o tipo de filme que o cinema americano precisa cada vez mais.
Em Ritmo de Fuga (Baby Driver, EUA - 2017)
Direção: Edgar Wright
Roteiro: Edgar Wright
Elenco: Ansel Elgort, Lily James, Kevin Spacey, Jamie Foxx, Jon Hamm, Eiza González, Jon Bernthal, CJ Jones, Micah Howard, Lanny Joon
Gênero: Ação
Duração: 112 min
https://www.youtube.com/watch?v=TJrKYWPBTrc&t
Especial | Game of Thrones
Um dos maiores fenômenos da cultura pop mundial, Game of Thrones é também uma das mais icônicas e grandiosas produções da televisão na atualidade. Aqui, reunimos todo o nosso conteúdo da valiosa criação de George R.R. Martin, adaptada com fôlego pela HBO.
Confira:
TELEVISÃO
Crítica | Game of Thrones - 1ª Temporada
Publicado originalmente em 10 de julho de 2017
Crítica | Game of Thrones - 2ª Temporada
Publicado originalmente em 11 de julho de 2017
Crítica | Game of Thrones - 3ª Temporada
Publicado originalmente em 12 de julho de 2017
Crítica | Game of Thrones - 4ª Temporada
Publicado originalmente em 13 de julho de 2017
Crítica | Game of Thrones - 5ª Temporada
Publicado originalmente em 14 de julho de 2017
Crítica | Game of Thrones - 6ª Temporada
Publicado originalmente em 10 de julho de 2016
Guia de Episódios | Game of Thrones - 7ª Temporada
Publicado originalmente em 17 de julho de 2017
LISTAS
Ranking das temporadas de Game of Thrones
Publicado originalmente em 19 de julho de 2017
Os 10 Melhores confrontos de Game of Thrones
Publicado originalmente em 9 de agosto de 2017
Veja todos os livros relacionados a Game of Thrones
Publicado originalmente em 13 de agosto de 2017
5 spin-offs de Game of Thrones que queremos ver
Publicado originalmente em 5 de maio de 2017
ARTIGOS
Os Dragões de Dany são, na verdade, Wyverns?
Publicado originalmente em 16 de agosto de 2017
Profecia sobre Cersei pode se concretizar ou mudar em breve
Publicado originalmente em 14 de agosto de 2017
ENTENDA COMO A REVELAÇÃO DADA POR GILLY É UM DOS EVENTOS MAIS IMPORTANTES DA SÉRIE
Publicado originalmente em 14 de agosto de 2017
Por que a 7ª e 8ª temporadas são mais curtas?
Publicado originalmente em 16 de agosto de 2017
Lista | Os 10 Melhores Personagens de Quentin Tarantino
É inegável o talento incrível de Quentin Tarantino para criar personagens memoráveis. Não importando a qualidade do filme que veremos, é sempre certeza que teremos figuras marcantes e multifacetadas carregando sua escrita igualmente elaborada e verborrágica. Não é tarefa fácil colocar essa imensa gama em um número reduzido, mas tentamos reunir aqui os 10 melhores personagens de todos os seus filmes, até agora.
Confira abaixo:
10. Shosanna Dreyfus | Mélanie Laurent
Bastardos Inglórios
Uma das muitas personagens femininas fortes e memoráveis de Quentin Tarantino, Shosanna é uma mulher fascinante. Após sobreviver ao massacre de sua família durante uma invasão nazista, a jovem silenciosamente planeja uma vingança contra Adolf Hitler ao utilizar seu magnífico cinema como uma poderosa armadilha. É uma performance cheia de nuances e pequenas sutilezas da ótima Mélanie Laurent, e também uma das melhores presenças de Bastardos Inglórios.
9. Vincent Vega | John Travolta
Pulp Fiction - Tempo de Violência
Um dos grandes papéis da carreira de John Travolta, Vincent Vega é o matador mais cool que você verá na carreira de Quentin Tarantino. Sempre de fala mansa e descolado, Vincent está constantemente abordando os assuntos mais banais, desde a forma como o sistema métrico afeta os nomes de lanches do McDonalds no exterior ou as implicações legais de uma massagem nos pés. É divertido, sagaz e também manda muito bem na pista de dança, mesmo que de vez em quando acaba atiranda por acidente na cabeça de seus colegas.
8. Django | Jamie Foxx
Django Livre
O tipo de personagem que já nasce eternizado, Django é um escravo libertado que acaba tornando-se um caçador de recompensas durante o período do Velho Oeste. Lentamente aprendendo o que é ser um herói, o Django de Jamie Foxx é carismático e leal, revelando-se também um dos personagens mais inteligentes de todo o filme ao armar um esquema perfeito para enganar sequestradores. Isso sem falar que Django é simplesmente imbatível quando tem uma pistola na mão.
7. Sr. Blonde | Michael Madsen
Cães de Aluguel
Em seu primeiro filme, Tarantino já nos espantava com sua habilidade de criar personagens que conseguem caminhar pela divisão absurda de monstros detestáveis e figuras extremamente carismáticas. O grande exemplo disso é o Sr. Blonde de Michael Madsen, desde o início da projeção um sujeito quieto, do contra e completamente impulsivo. Nada poderia nos preparar para a cena em que dança ao som de "Stuck in the Middle with You", uma cena tornada ainda mais marcante pelo fato de se desenrolar em meio a uma tortura.
6. Calvin Candie | Leonardo DiCaprio
Django Livre
Raramente vemos Leonardo DiCaprio assumindo um papel inteiramente vilanesco, e sua virada em Django Livre certamente ofereceu tudo o que poderíamos esperar dessa ideia. O cruel negociante de escravos Calvin Candie é uma figura detestável e repulsiva, mas também uma das mais multifacetadas. Claramente um sujeito imaturo e prepotente, sua francofilia é um dos aspectos mais engraçados do personagem, que gosta de pensar que é mais inteligente do que realmente é. Mas não subestimem a maldade de Candie, vide a intensa cena do jantar onde usa um crânio humano para amedrontar Django e Schultz.
5. Daisy Domergue | Jennifer Jason Leigh
Os Oito Odiados
A única personagem feminina no meio do elenco principal de Os Oito Odiados, Daisy Domergue talvez seja a mais perigosa de todos. Mesmo acorrentada e constantemente apanhando de Kurt Russell, a vilã de Jennifer Jason Leigh é uma personagem inteligente e selvagem, capaz de uma brutalidade e calculismo que estão sempre pegando o espectador de surpresa. E o mais incrível: graças ao ótimo trabalho de Leigh e ao texto de Tarantino, Daisy consegue ainda raros momentos de fofura, abraçando um caráter awkward difícil de se atingir.
4. Bill | David Carradine
Kill Bill
O homem que queremos ver morto mesmo antes de a trama engrenar, Bill é o misterioso antagonista da saga de vingança de duas partes com Uma Thurman. Intepretado pelo excelente David Carradine, Bill é um sujeito de fala mansa, calma e absurdamente manipulador, todas essas características sendo perfeitamente absorvidas pelo ator. Mesmo sem se envolver em grandes cenas de ação, é o oponente mais perigoso da Noiva, e nada melhor do que um discurso sobre a natureza do Superman para ilustrar sua inteligência.
3. Beatrix Kiddo | Uma Thurman
Kill Bill
Uma das melhores personagens femininas da História do Cinema, a misteriosa Noiva de Uma Thurman é uma feroz máquina de matar. Armada com sua letal espada Hattori Hanzo, nada fica no caminho de vingança de Beatrix Kiddo, que pretende matar seu ex-namorado e salvar sua filha de suas garras genocidas. É uma personagem silenciosa, mas carismática. Durona, mas engraçada. Uma perfeita combinação, e Thurman domina cada minuto de tela, inclusive durante todas as impressionantes cenas de luta.
2. Jules Winnfield | Samuel L. Jackson
Pulp Fiction - Tempo de Violência
Poucas parcerias renderam tantos bons frutos quanto a de Quentin Tarantino e Samuel L. Jackson. Porém, mesmo com tantos papéis memoráveis, o melhor deles ainda é o primeiro, com o gângster Jules Winnfield sendo a alma e coração de Pulp Fiction; o bandido que tem uma mudança de caráter impressionante após uma experiência de quase morte, rendendo impecáveis frases de efeito, citações da Bíblia e uma presença simplesmente hipnotizante. Ezekiel 25:17...
1. Coronel Hans Landa | Christoph Waltz
Bastardos Inglórios
Não tem jeito. Tarantino já escreveu inúmeras coisas brilhantes em sua vida, mas a melhor delas só pode ser o brilhante vilão nazista de Bastardos Inglórios. Interpretado com maestria pelo excepcional Christoph Waltz, Hans Landa é o melhor tipo de antagonista que uma trama poderia requerir: inteligente, carismático e maléfico, temos um verdadeiro Sherlock Holmes nazista que garante algumas das melhores reviravoltas e diálogos do filme, já roubando a cena em sua longa sequência de interrogatório do primeiro ato. Um dos ícones modernos da História do Cinema? That's a bingo!
Bom, não foi fácil... Concorda com a nossa lista? Certamente deixamos muitos personagens de fora, então nos diga nos comentários qual o seu preferido!
Lista | Os Uniformes do Homem-Aranha no Cinema
O Homem-Aranha teve uma gigantesca variedade de uniformes nos quadrinhos, oferecendo muitas opções e referências para suas adaptações cinematográficas. Neste post, vamos relembrar todas as variações de uniformes que o Cabeça-de-Teia já teve nos cinemas, incluindo as peças de suas três versões até o momento.
Vamos lá:
Aranha Humana
Homem-Aranha (2002)
Ator: Tobey Maguire
Figurinista: James Acheson
A Roupa: O primeiríssimo traje do Homem-Aranha, essa roupa improvisada é criada quando o Peter Parker de Tobey Maguire decide participar de um concurso de luta livre a fim de conseguir dinheiro para comprar um carro, e impressionar Mary Jane Watson no processo. Temos então um blusão vermelho com o símbolo da aranha e uma máscara típica de lutas mexicanas. Pra melhorar, o nome escolhido por Parker não poderia ter sido mais ridículo: Aranha Humana.
Traje Clássico
Homem-Aranha (2002), Homem-Aranha 2 (2004), Homem-Aranha 3 (2007)
Ator: Tobey Maguire
Figurinista: James Acheson
A Roupa: Ah, sim. Facilmente o melhor uniforme do Homem-Aranha até então, o traje colorido que marcou presença nos três filmes de Sam Raimi (sofrendo pequenas modificações estilísticas em cada filme) é uma formidável adaptação daquele visto nos quadrinhos, com o vermelho vibrante sendo apropriadamente contrastado com o desenho branco das teias - algo que visualmente funciona melhor do que a coloração preta. Vale mencionar também o formato mais "ameaçador" das lentes, que tornam esta criação de James Acheson uma verdadeira obra-prima.
Uniforme Simbionte
Homem-Aranha 3 (2007)
Ator: Tobey Maguire
Figurinista: James Acheson
A Roupa: Adaptando o famoso arco de Venom no criticado terceiro filme, o uniforme do Homem-Aranha ganha uma coloração sombria quando um simbionte alienígena toma conta de sua vida. O que temos aqui é praticamente a mesma versão do traje clássico, mas com o vermelho e preto sendo substituídos por um pesado tom de preto. Vale destacar também a mudança na aranha do peito, que é algo um pouco mais próximo do símbolo que depois apareceria no visual de Venom. Falem o que quiser do filme, mas o traje ficou sensacional.
Traje Vigilante
O Espetacular Homem-Aranha (2012)
Ator: Andrew Garfield
Figurinista: Kym Barrett
A Roupa: Sempre temos a primeira roupa improvisada. Porém, se o Peter Parker de Tobey Maguire a desenvolveu para criar uma fantasia de luta livre, Andrew Garfield improvisou algo para ajudá-lo em sua cruzada vigilante pelas ruas de Nova York, enquanto procura pelo assassino de seu tio Ben. Não é algo muito simbólico, servindo mais para ocultar a identidade de Peter com um pano vermelho e óculos escuros no rosto.
Garfield I
O Espetacular Homem-Aranha (2012)
Ator: Andrew Garfield
Figurinista: Kym Barrett
A Roupa: Quando Parker enfim fabrica sua primeira fantasia, temos uma abordagem um pouco mais realista e orgânica. A intenção do diretor Marc Webb era criar um uniforme que parecesse algo que um adolescente fez em seu quarto, e ao olharmos o resultado final de Kym Barrett, é mais ou menos isso. As cores são mais vibrantes e brilhantes, com Parker inspirando-se em atletas de trenó para confeccionar seu tecido, que se assemelha também à textura de uma bola de basquete. Serve ao conceito do longa, mas visualmente não é tão... Atraente.
Garfield II
O Espetacular Homem-Aranha 2 (2014)
Ator: Andrew Garfield
Figurinista: Deborah Lynn Scott
A Roupa: Mudando radicalmente no segundo filme, o Homem-Aranha ganha uma de seus uniformes mais fiéis aos quadrinhos, resgatando a essência do uniforme de Sam Raimi e também trazendo suas próprias modificações. A paleta de cores é praticamente a mesma, mas o que chama a atenção aqui é o visual das lentes, que surgem muito maiores e mais expressivas do que sua versão anterior.
Modelo Stark
Capitão América: Guerra Civil (2016), Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)
Ator: Tom Holland
Figurinista: Judianna Makovsky/Louise Frogley
A Roupa: Marcando a estreia do Aranha no MCU, o jovem Peter Parker de Tom Holland ganha um uniforme tecnológico de ninguém menos do que Tony Stark, que o recruta para ajudar no conflito com o Capitão América nos eventos de Guerra Civil. Este colorido uniforme é espetacular, remetendo ainda mais aos quadrinhos ao trazer um símbolo no peito menor e também, pela primera vez, animar as lentes do visor para torná-las expressivas e dinâmicas.
Traje Caseiro
Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017)
Ator: Tom Holland
Figurinista: Louise Frogley
A Roupa: Não adianta. Mesmo com um presentão de Tony Stark, nenhum Homem-Aranha passa da fase de ter seu traje improvisado, e como os trailers de De Volta ao Lar entregaram o jogo todo, em algum ponto da trama Peter Parker terá seu uniforme confiscado por Stark. Mostrando que o homem é maior do que o traje, Peter improvisa um novo traje com roupas caseiras, alcançando um resultado similar (no esquema de cores e figurino) ao Aranha Escarlate dos quadrinhos.
Aranha de Ferro
Vingadores: Guerra Infinita (2018)
Ator: Tom Holland
Figurinista: Judianna Makovsky
A Roupa: Com o Homem-Aranha enfim tornando-se um Vingador para o confronto decisivo com o titã Thanos, Peter Parker ganha a atualização definitiva de seu mentor Tony Stark: Aranha de Ferro. Uma armadura formada a partir de nanotecnologia, assim como a Bleeding Edge do Homem de Ferro, o traje permite que o Aranha sobreviva no espaço, tenha mais resistência e também a presença de quatro longas patas mecânicas nas costas. Saída diretamente dos quadrinhos!
Qual o seu traje preferido do Teioso? Comente!
Leia mais sobre Homem-Aranha