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Crítica | Inseparáveis

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•29 de junho de 2017•9 Minutes

Inseparáveis realizou um feito que parecia impossível: tirar de Cinquenta Tons Mais Escuros o título de pior filme lançado nos cinemas em 2017. Roteirizado e dirigido por Marcos Carnevale, esta reinvenção argentina do francês Intocáveis sequer tenta esconder a sua natureza cínica e caça-níqueis, deixando incessantemente escancarado o fato de que nada mais é do que um esforço para capitalizar entorno do estrondoso sucesso do longa que Éric Toledano e Olivier Nakache comandaram em 2011 – e se estou usando o termo “reinvenção” para me referir a Inseparáveis, é porque sou generoso demais para definir esta produção como o que ela realmente é: um “Ctrl+C/Ctrl+V” feito com preguiça e que, no simples processo de copiar e colar o que havia no excelente original, acabou apagando a sua verdadeira essência.

Resumir a trama, neste caso, seria perda de tempo: basta dizer que um milionário tetraplégico chamado Felipe, em busca de um ajudante que não o trate piedosamente como um mero necessitado, contrata Tito, um jovem malandro que mora na área mais humilde da cidade. Com isso, cria-se uma amizade inesperada entre dois indivíduos completamente distintos – a diferença é que, se na versão francesa tínhamos François Cluzet e Omar Sy dividindo uma química surpreendente e fabulosa, aqui temos Oscar Martínez (de Relatos Selvagens) e Rodrigo de la Serna (de Diários de Motocicleta) formando uma dupla apática e que se limita a imitar os trabalhos de outras pessoas.

Esta, inclusive, é a essência deste Inseparáveis, que parece não compreender algo que deveria ser básico: refilmar não significa reproduzir literalmente. Uma coisa é recriar uma obra e pontualmente remeter à fonte que inspirou esta nova versão; outra é copiar descaradamente cada passagem do material original sem fazer questão de incluir novidades ou inventar uma identidade própria. O que Marcos Carnevale faz não é uma “reinvenção pouco inventiva” (como o recente A Bela e a Fera); é uma réplica desalmada e dispensável. A composição visual da maioria dos planos é idêntica ao que Toledano e Nakache fizeram em Intocáveis, os diálogos permanecem inalterados na maior parte do tempo e até mesmo a estrutura do roteiro é reciclada sem quaisquer alterações (e por mais que o parapente seja substituído por uma cavalgada, não creio que isto seja uma inovação considerável).

Mas afinal, por que Inseparáveis empalidece tanto diante de Intocáveis se a sua forma e seu conteúdo foram reutilizados com exatidão? Simples: porque a “alma” do projeto anterior não está presente nesta reimaginação – e se Toledano e Nakache criavam algo legítimo, Carnevale não faz absolutamente nada além de uma simulação pífia e inequívoca do que a dupla de franceses realizou em 2011 (não é à toa que, enquanto assistia a Inseparáveis, tive vontade de pausar a projeção ao fim de cada uma das cenas e rever a versão original destas). Por outro lado, nos raríssimos momentos onde Carnevale faz algo que não necessariamente copia sua fonte de inspiração, ele expõe uma fragilidade notável como cineasta, dando origem a planos simplesmente feios e que soam amadores (como aqueles ambientados nas ruas mais pobres da cidade).

Ainda assim, o que mais impressiona no trabalho de Marcos Carnevale é o seu comprometimento com o conceito de piegas – o que, por si só, demonstra que o diretor não deve ter compreendido o longa de Toledano e Nakache: se Intocáveis se esforçava para fugir do melodrama a qualquer custo e jamais tentava forçar o espectador a experimentar determinadas emoções, Inseparáveis usa e abusa de recursos baratos para arrancar lágrimas do espectador, fazendo questão de empregar uma trilha sonora melosa a fim de realçar o drama de determinadas situações e atingindo o ápice da cafonice na sequência que envolve uma cavalgada. A mesma obviedade pode ser constatada nos instantes onde o filme tenta abraçar o bom humor, adotando um estilo de comédia que parece ter sido pensado por uma criança que não se acostumou a exercitar sua imaginação – um exemplo disso é a cena em que Tito pinta um quadro: era realmente necessário mostrá-lo cuspindo tinta no painel, como se isso esclarecesse a sua irreverência diante da Arte?

De qualquer forma, é difícil esperar sutileza de uma obra que não consegue sequer desenvolver uma dinâmica orgânica e natural entre os protagonistas – e se a versão original fazia questão de construir a amizade inesperada entre Philippe e Driss gradualmente ao longo de todo o primeiro ato, esta refilmagem tropeça ao forçar uma relação afetiva entre Felipe e Tito de uma hora para a outra. Por falar em personagens, Oscar Martínez não tem muito o que fazer aqui, limitando-se a replicar o que já havia sido feito por François Cluzet em 2011 sem incluir quaisquer novidades.

O que nos traz a Tito: vivido por Rodrigo de la Serna como um sujeito insuportável e antipático, o papel que originalmente pertenceu ao ótimo Omar Sy é desempenhado, nesta versão argentina, por um personagem com um timing cômico pavoroso – e se Driss funcionava em Intocáveis graças à naturalidade sincera e irreverente que havia na atuação de Sy, Tito fracassa em Inseparáveis porque Serna sempre parece fazer um esforço exageradíssimo para divertir o público, apelando para gracinhas que, além de pedestres, passam longe das tiradas espontâneas que existiam no longa francês. (Observem a forma hilária como o sorridente e despojado Omar Sy dizia “Você tomou este remédio para tentar se matar? O máximo que vai conseguir é passar três semanas sem cagar“. Agora, vejam a maneira sisuda e sem graça como Rodrigo de la Serna recita a mesma fala e perceberão a diferença abismal entre uma performance e outra.) Além disso, as atitudes de Tito variam dependendo das necessidades do roteiro (aqui, ele é malandro; ali, ele é estúpido; num momento, ele é gentil; em outro, ele é tremendamente grosseiro), o que ocorre sem nenhuma lógica e prejudica a concepção do personagem em vez de torná-lo mais complexo ou imprevisível.

De todo modo, nada é mais incômodo do que a postura babaca que frequentemente leva Tito a assediar suas colegas de trabalho, algo que nunca é confrontado de modo considerável pelo roteiro. Lembram-se de uma cena onde Driss se inclinava para tentar beijar a secretária de Philippe e era imediatamente correspondido com um tapa na cara, em Intocáveis? Pois o que era engraçado naquela situação não era a tentativa de Driss, mas a agressão que este recebia em troca – e é isto o que Marcos Carnevale não parece compreender, já que, em certo momento de Inseparáveis, Tito simplesmente agarra a secretária de Felipe, a arremessa numa cama e parte para os beijos descontrolados como se isso fosse divertido por si só.

Pecando também ao eliminar o apelo universal que existia em Intocáveis a fim de privilegiar uma personalidade exclusivamente argentina, tentando funcionar mais para uma nacionalidade específica do que para um escopo internacional, Inseparáveis se preocupa tanto com a repetição de cada detalhe da obra original que acaba nem se dando ao trabalho de corrigir algumas de suas falhas naturais (desta forma, o recurso dramático incluído artificialmente no fim do segundo ato torna-se ainda mais perceptível nesta refilmagem).

Assim, o resultado final desta produção é o mesmo que ver uma imitação ser feita por um mímico incrivelmente sem graça e que reconhece a sua própria incompetência, mas que não faz nada para tentar solucioná-la.

Inseparáveis (Inseparables, Argentina – 2017)

Direção e Roteiro: Marcos Carnevale
Elenco: Rodrigo de La Serna, Oscar Martinez, Carla Peterson, Alejandra Flechner
Gênero: Dramédia
Duração: 110 minutos

Redação Bastidores

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