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Crítica | Santa Sangre

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•4 de julho de 2017•6 Minutes

De toda a carreira de Alejandro Jodorowsky, é Santa Sangre, de 1989, o filme que mais conversa com um público cinéfilo, que muita vezes se espanta com a mão esotérica dos longas anteriores, e outro mais interessado nos símbolos e na sua potência iconoclasta. De fato, parece ser o filme em que o diretor chileno constrói uma história em um cenário regional e de grandiosidade mitológica, psicanalítica e não o contrário. É como se Jodorowsky, então, retornasse ao seu tão caro universo das construções simbólicas para procurar na sua cultura, numa história não original, mas repleta do que povoa o imaginário dos seus filmes, para fazer suas reflexões.

Em El Topo, Jodorowsky já partia de certos princípios do cinema western spaghetti para representar seu mundo banhado a Buñuel e Fellini, explodindo uma energia muito particular material e espiritualmente. Em Santa Sangre, a narrativa parece se constituir de maneira ainda mais simples, num burlesco à rédea curta.

Gostando dos seus filmes ou não, no mínimo, único é um adjetivo que cabe ao diretor. Ao apropriar-se de determinados estilos, é quase impossível que esse seu apelo não seja articulado com seus impulsos artísticos. Ainda bem que, no caso, as partes chegam em um acordo. O esoterismo faz parte da história e ela não é sua escrava, assim como a narrativa não poda as veredas místicas do imaginário representado.

Somos apresentados ao protagonista Fênix (Axel Jodorowsky), já adulto, internado em um hospício. A partir de um flashback, retornamos ao seu mundo na infância, numa das épocas mais conturbadas de sua vida, na Cidade do México, onde vive com sua mãe (, trapezista, e seu pai, atirador de facas e dono do circo. De um lado, o garoto recebe a influência da mãe, fanática de uma religião que cultua uma mártir que teve seus dois braços cortados após ser estuprada. Do outro, a brutalidade do pai, um sujeito grotesco, que além de marcar seu filho pelas atitudes reprováveis, também deixa a marca hereditária da tatuagem da águia no peito. A esse ambiente conturbado, soma-se a presença de outras figuras circenses curiosas, como palhaços, um anão, uma mulher tatuada e a garota surda-muda Alma (Sabrina Dennison). A segunda metade do filme acompanha uma outra realidade de Fênix, já “livre” da opressão do pai, mas agora subserviente à figura da mãe.

No cenário da pobreza da Cidade do México, acompanhamos uma história de construção, destruição e reconstrução de uma personagem (sem esse processo não seria fênix), pressionada por entre os laços da tradição e liberta pelo contato exterior, isto é, não familiar, nem sanguíneo. Há muito de sagrado no sangue, como se vê nas representações hiperbólicas da santa que preenche uma piscina com o seu sangue, na marcação da tatuagem, nos embates mortais. Santa Sangre é uma jornada de ruptura, que passeia de um melodrama particular, latino-americano só no sentido mais superficial, e ainda assim repleto das abstrações e interpretações psicanalíticas. Aproxima-se da “cultura de massa”, de uma unidade regionalista, folclórica, estereotipada, ao mesmo tempo que dá alguns passos para trás para manter sua almejada identidade. E dessa vez, Jodorowsky não apela para a quebra da ficção como faz na representação metalinguística do final de A Montanha Sagrada. No caso, somos seduzidos a cada passo, a cada quebra articulada em terreno mais palpável, o da realidade. E que cenário melhor para isso do que o das fascinantes estripulias dos artistas de circo? Tudo embalado a muito mambo e músicas que remetem à cultura latino-americana.

Dentre as cenas, merece destaque os gritos de prazer da mãe de Fênix e o suspiro mortal do elefante. Segue-se a força sintética do funeral do animal, que abre uma grande brecha como metáfora política, quando unida ao festejo promovido pela multidão das profundezas, mas também como signo do fim de uma das etapas da vida do protagonista. Esse momento se repete, antes do desfecho, quando Fênix consegue realmente se libertar pelo silêncio, quando não há outra escapatória, senão olhar para si mesmo. E enfim, o protagonista, reflexo de Jodorowsky, pode largar O Homem Invisível que vive dentro de si e entender o que quer dizer ser um “autor”.

Santa Sangre (Idem, Itália e México – 1989)

Direção: Alejandro Jodorowsky
Roteiro: Alejandro Jodorowsky, Roberto Leoni e Claudio Argento
Elenco: Axel Jodorowsky, Bianca Guerra, Guy Stockwell, Sabrina Dennison
Gênero: Drama/Suspense/Terror
Duração: 123 min

https://www.youtube.com/watch?v=Bx2vwzXF1B0

Redação Bastidores

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