A franquia A Morte do Demônio foi o principal cartão de visitas de Sam Raimi em seu início de carreira como cineasta independente. Mais de 40 anos depois, a saga de demônios e motosserras se converteu em uma das mais influentes admiradas do gênero, com o uruguaio Fede Alvarez ressuscitando a franquia com um excelente remake em 2013.

Mais de uma década depois, Sam Raimi e o astro Bruce Campbell escolhem um novo cineasta para apadrinhar, levando as histórias sombrias de Evil Dead para as mãos do irlandês Lee Cronin (do elogiado Bosque Maldito) que oferece uma revitalização original e estimulante com o mais recente A Morte do Demônio: A Ascensão.

A trama acompanha a jovem Beth (Lily Sullivan), que retorna para Los Angeles a fim de visitar sua irmã Ellie (Alyssa Sutherland). Quando os filhos de Ellie descobrem o sinistro Livro dos Mortos em um banco abandonado, demônios malignos são libertados, possuindo o corpo de Ellie e colocando-a em uma caçada imperdoável pelo apartamento.

Ao mesmo tempo, o novo A Morte do Demônio é essencialmente o mesmo e completamente diferente de seus anteriores. Responsável também pelo roteiro, Cronin segue os mesmos passos estabelecidos por Sam Raimi ao explorar a descoberta acidental dos encantamentos e a subsequente possessão de pessoas inocentes. O grande diferencial está nos detalhes, como o fato de a maldição dessa vez ser libertada por uma gravação em disco de vinil (garantindo um trabalho sonoro fantástico) e a ambientação em um apartamento – enfim deixando as cabanas isoladas na floresta.

Cronin se beneficia imensamente dessa proposta, já que a ameaça de uma mãe possuída perseguindo seus familiares é muito mais assustadora do que um grupo de amigos adolescentes. Infelizmente, os personagens não são dos mais interessantes (especialmente a trinca de adolescentes filhos de Ellie), mas ao menos garantem boas performances de suas protagonistas. Lily Sullivan faz o melhor estilo de sobrevivente aos moldes da Ripley de Sigourney Weaver em Aliens: O Resgate, enquanto Alyssa Sutherland é uma verdadeira revelação ao se divertir horrores em sua atuação diabolicamente carismática – assustando e fascinando na mesma medida, naquela que talvez seja a grande performance de toda a franquia Evil Dead.

Como diretor, Cronin aproveita as gigantescas possibilidades que um Evil Dead urbano pode trazer. A situação se estende para cômodos apertados, a interferência de vizinhos e – em particular – sequências claustrofóbicas em elevadores. Cronin traz todo o sangue, gore e desmembramento que os fãs já podem esperar da franquia – ainda que nada tão insano quanto o filme de Fede Alvarez – e o uso de efeitos práticos permanece admirável, com direito a uma memorável homenagem ao elevador sangrento de O Iluminado.

O único grande demérito de A Ascensão envolve seu inexplicável prólogo e epílogo. É quando Cronin retorna para a ambientação clássica de Evil Dead, com personagens diferentes em uma cabana na floresta, mas que pouco acrescenta e se relaciona com os eventos da trama central. Não ajuda também que seja o bloco com os piores personagens e membros do elenco.

Mas no geral, Lee Cronin entrega mais um ótimo exemplar de Evil Dead com A Morte do Demônio: A Ascensão. Ainda que siga as mesmas regras e convenções dos filmes anteriores, a troca de ambientação oferece uma ótima possibilidade de renovação, que na maior parte é bem aproveitada pelos realizadores.

A Morte do Demônio: A Ascensão (Evil Dead Rise, EUA – 2023)

Direção: Lee Cronin
Roteiro: Lee Cronin
Elenco: Lily Sullivan, Alyssa Sutherland, Gabrielle Echols, Morgan Davies, Nell Fisher, Mirabai Pease, Richard Crouchley, Anna-Maree Thomas
Gênero: Terror
Duração: 97 min

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