Filmes de terror de qualidade questionável existem aos montes e público para acompanhá-los também. Baghead, que no Brasil recebeu um desnecessário acréscimo ao título: Bruxa dos Mortos, é uma dessas produções que não deixarão saudades em parte do público, mas que certamente deve cativar outra parcela que busque produções de terror.
Alberto Corredor faz sua estreia nos cinemas dirigindo o filme inspirado em seu curta de 2017, que também tinha o mesmo nome, Baghead. Não é a estreia mais inspiradora que se imagina quando um diretor se envolve em uma empreitada dessas, já que o gênero de terror oferece a oportunidade, além de ser um caminho de entrada no meio, para que cineastas possam mostrar seu valor e talento.
A trama acompanha Iris Lark (Freya Allan) que se muda para um antigo bar deixado por seu pai e que nele abriga uma entidade com o poder de absorver em si os mortos. Essa entidade se mantém presa no local até que o herdeiro do testamento possa se livrar de lá de algum jeito.
Difícil encontrar algo que se salve nesta produção; a fotografia, em certos momentos, é tão mal feita que chega a atrapalhar, os personagens carecem de carisma, e a história não é nada envolvente. Resta apenas explorar a vilania da entidade, mas nem mesmo isso funciona.
Com a impossibilidade de saber a aparência desse ser maléfico, que usa um saco de pano na cabeça para evitar qualquer contato visual com quem o consultar, é sugerido pelo roteiro que essa entidade existe há anos, talvez até séculos, mas não explora nem aprofunda essa questão, que, se pensarmos a respeito, é muito mais interessante do que apenas retratá-la como uma mera incorporadora de almas.
No que diz respeito ao terror, um elemento crucial que, se bem trabalhado, mantém o espectador grudado na tela em antecipação a sustos e suspense, nisso a produção infelizmente falha. A atmosfera criada não transmite tensão alguma, e o aspecto da entidade é tão apática que não suscita nenhuma sensação de pânico no público.
Não é de hoje que os humanos buscam se comunicar com os mortos, e o longa não consegue transmitir esse sentimento, tampouco abordar com profundidade a mensagem das pessoas que perderam entes queridos e desejam estabelecer um elo espiritual com eles. Uma grande oportunidade perdida.
A Bruxa dos Mortos – Baghead (Baghead, EUA – 2023)
Direção: Alberto Corredor
Roteiro: Christina Pamies, Bryce McGuire, baseado no curta-metragem escrito por Lorcan Reilly
Elenco: Freya Allan, Jeremy Irvine, Ruby Barker, Peter Mullan, Anne Müller, Svenja Jung, Ned Dennehy, Saffron Burrows
Gênero: Terror
Duração: 94 min