Exterminador do Futuro: Zero é o novo anime da Netflix
“Exterminador do Futuro: Zero” chega ao catálogo da Netflix, nesta quinta-feira (29), com a missão de trazer algo novo para a franquia, fugindo da moda de reboots e daquelas repetições descaradas dos clássicos, como “O Exterminador do Futuro 2”.
Ambientada no Japão dos anos 90, a série tenta explorar novas ideias dentro desse universo já tão conhecido, apresentando personagens inéditos e uma trama que, no papel, até parece promissora. Mas, à medida que os episódios avançam, fica claro que essa tentativa de inovação acaba lembrando mais uma “fanfic” elaborada do que uma expansão legítima do universo “Exterminador”.
A série traz como novidade Malcolm Lee, um cientista que, com o Dia do Julgamento se aproximando, desenvolve uma nova IA chamada Kokoro, numa tentativa de rivalizar com a Skynet. Essa premissa é interessante, principalmente por situar a história no Japão, algo que raramente vemos na franquia.
T-800 deixa a desejar
A voz de André Holland dá vida a Malcolm Lee, que transmite bem o desespero de um cara que se vê numa enrascada impossível: ser caçado por um exterminador enquanto tenta proteger seus filhos e sua criação.
Por outro lado, a caracterização do próprio Exterminador, dublado por Timothy Olyphant, deixa a desejar. Em vez de ser aquela máquina implacável que a gente conhece, o T-800 de “Exterminador do Futuro: Zero” parece mais uma caricatura, com momentos que vão do bizarro ao simplesmente absurdo. Ele erra tiros, não consegue finalizar os ataques, e aquele detalhe dos olhos vermelhos brilhando por baixo da pele humana, que deveria ser algo sinistro, acaba distraindo e quebrando o clima.
Outro ponto que incomoda é como a série lida com a viagem no tempo. Tentando “explicar” esse conceito, “Exterminador do Futuro: Zero” mete o multiverso, loop temporal e linhas do tempo alternativas na mistura. Essa escolha não só complica a história, como também dá a impressão de que a mitologia dos filmes originais está sendo diluída. A insistência em introduzir novos “salvadores da humanidade”, só para dizer que suas ações são inúteis, contribui para uma sensação de que o universo “Exterminador” perdeu a força.
Cenas de ação quase salvam a série
Apesar desses problemas, a série consegue manter um ritmo que prende a atenção, especialmente nas cenas de ação. As lutas são intensas e brutais, com aquela dose de violência que os fãs esperam.
Eiko, dublada por Sonoya Mizuno, se destaca como uma resistente do futuro, trazendo uma energia necessária para balancear o lado mais expositivo da série. Sua missão de proteger Malcolm e impedir o lançamento de Kokoro adiciona tensão, mantendo o interesse até o final, mesmo com os tropeços pelo caminho.
O problema, no entanto, é que a série não escapa de diálogos vazios e referências que parecem jogadas ali só por jogar. As menções aos filmes antigos são reconhecíveis, mas muitas vezes soam forçadas, como se fossem acenos desajeitados aos fãs, em vez de homenagens genuínas. Isso pode ser frustrante, especialmente para quem esperava uma continuação que fizesse jus ao legado dos primeiros filmes.
Ainda há méritos
Ainda assim, não dá para negar que “Exterminador do Futuro: Zero” tem seus momentos. A trama, mesmo cheia de furos e escolhas questionáveis, consegue envolver o suficiente para manter a curiosidade. E, para quem não liga tanto para a fidelidade ao material original, a série oferece uma experiência de entretenimento com bastante ação e um desfecho que, se não é espetacular, pelo menos cumpre seu papel.
Resumindo, “Exterminador do Futuro: Zero” é uma adição curiosa à franquia. Ela tenta inovar, mas tropeça em clichês e escolhas que podem afastar os fãs mais hardcore. Porém, para quem topa desligar o cérebro e curtir a viagem, ainda dá para encontrar alguma diversão aqui.
Não é o “Exterminador” que a gente esperava, mas talvez seja o empurrão que a franquia precisa para explorar novas direções, mesmo que ainda meio cambaleantes.