Dólar bate recorde nominal de R$ 6,20 em meio a incertezas econômicas e intervenções do BC

Mercado reage a declarações do ministro da Fazenda e aguarda decisões nos EUA enquanto Bolsa opera em baixa

Nesta quarta-feira (18), o dólar comercial ultrapassou a marca de R$ 6,20, atingindo um novo recorde nominal, enquanto o Banco Central (BC) intensifica suas intervenções no mercado de câmbio. Desde a última quinta-feira (12), o BC injetou US$ 12,7 bilhões em operações de venda, mas a pressão sobre o real persiste.

Por volta das 15h11, o dólar registrava alta de 1,79%, sendo negociado a R$ 6,205. No turismo, a cotação subiu para R$ 6,401. Já a Bolsa de Valores brasileira, influenciada pela expectativa de corte na taxa de juros nos Estados Unidos, registrava queda de 1,78%, com o Ibovespa marcando 122.477 pontos.

Embora o valor atual do dólar seja um recorde nominal, ele ainda está abaixo do pico real, considerando a inflação. Em setembro de 2002, durante a primeira eleição de Luiz Inácio Lula da Silva, o dólar atingiu o equivalente a R$ 8,75 nos valores corrigidos.

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Cenário doméstico e atuação do Banco Central

A volatilidade cambial é atribuída, em parte, às declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Questionado sobre uma possível especulação contra o real, Haddad destacou que “movimentos especulativos são coibidos com intervenções do Banco Central e do Tesouro Nacional”, citando os leilões de recompra de títulos realizados pelo Tesouro.

Especialistas avaliam que o momento escolhido para as intervenções do BC foi inoportuno. André Galhardo, da Remessa Online, argumenta que a atuação tardia transmite ao mercado uma percepção de agravamento da situação econômica.

Corte de gastos e incertezas fiscais

Na Câmara dos Deputados, o texto-base de um projeto do pacote de corte de gastos foi aprovado por ampla maioria. Entre as medidas, destacam-se novos gatilhos para congelamento de despesas em caso de deterioração fiscal e a possibilidade de bloqueio de 15% das emendas parlamentares. No entanto, a proposta de limitar a restituição de créditos tributários foi rejeitada, enfraquecendo o potencial de economia fiscal do pacote.

A equipe econômica estima uma economia de R$ 71,9 bilhões em dois anos com os projetos em tramitação, mas analistas sugerem que o valor efetivo será significativamente menor.

Impacto do cenário internacional

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (Fed) deve anunciar uma redução na taxa de juros, atualmente em 4,50% ao ano. Apesar de um possível fluxo de investimentos para o Brasil devido à Selic elevada (12,25%), os temores com a situação fiscal podem limitar os efeitos positivos da decisão.

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