O cenário das bilheterias neste fim de semana pintou um retrato claro das atuais preferências do público: enquanto adaptações de propriedades intelectuais conhecidas prosperam, as histórias originais enfrentam uma batalha cada vez mais difícil. A versão em live-action de Como Treinar o Seu Dragão, da Universal, manteve-se com folga no primeiro lugar em sua segunda semana, com uma arrecadação de US$ 37 milhões nos Estados Unidos. Em forte contraste, Elio, a nova aposta original da Pixar, tropeçou feio, registrando a pior estreia da história do aclamado estúdio, com apenas US$ 21 milhões.
O sucesso de Como Treinar o Seu Dragão é inegável. A adaptação do amado filme da DreamWorks já ultrapassou a marca de US$ 350 milhões globalmente, com um faturamento doméstico de US$ 160,5 milhões. O filme continua a dominar as salas de cinema, incluindo as valiosas telas Imax, mostrando a força de uma marca já estabelecida no coração do público.
’28 Anos Depois’ tem estreia sólida, mas abaixo do esperado
A aguardada sequência de terror de Danny Boyle, 28 Anos Depois, estreou na segunda posição com US$ 30 milhões. Embora seja a maior estreia da carreira do diretor, o número ficou abaixo das projeções iniciais, que variavam de US$ 35 milhões a US$ 45 milhões. Analistas especulam que o mercado de terror pode estar saturado, especialmente após o recente sucesso de Premonição: Linhagens de Sangue. Com uma estreia global de US$ 60 milhões, o filme precisará de uma boa sustentação nas próximas semanas para justificar a trilogia planejada pela Sony. A recepção do público, com uma nota B no CinemaScore (considerada boa para o gênero de terror), pode ajudar nesse percurso.
A crise da Pixar e a esperança de uma virada
O grande drama do fim de semana foi, sem dúvida, o desempenho de Elio. A estreia de US$ 21 milhões nos EUA ficou muito aquém dos US$ 30 milhões previstos e marcou o pior fim de semana de abertura da história da Pixar, atrás de Elementos (US$ 29,6 milhões) e até mesmo do primeiro Toy Story (US$ 29,1 milhões, sem ajuste de inflação). O resultado reforça a tese de que o estúdio, antes sinônimo de sucesso, enfrenta uma crise com suas histórias originais.
Desde Viva – A Vida é uma Festa (2017), nenhuma animação original de Hollywood conseguiu ultrapassar os US$ 40 milhões em sua estreia doméstica. A estratégia da Disney durante a pandemia, de lançar filmes como Soul, Luca e Red: Crescer é uma Fera diretamente no Disney+, é apontada por analistas como um fator que “ensinou” o público a esperar para assistir às animações em casa.
No entanto, nem tudo está perdido para Elio. O filme recebeu excelentes notas do público — um A no CinemaScore e 90% de aprovação no Rotten Tomatoes —, superiores às que Elementos recebeu inicialmente. A Pixar aposta que, assim como Elementos, que se recuperou de uma estreia fraca e chegou a quase US$ 500 milhões globais, Elio também terá uma longa e resiliente jornada nos cinemas durante o verão.
Franquias estabelecidas completam o Top 5
Completando a lista dos cinco mais assistidos, a força de marcas conhecidas continua evidente. O live-action de Lilo & Stitch, em sua quinta semana, ficou em quarto lugar com US$ 9,7 milhões, ultrapassando a impressionante marca de US$ 900 milhões em todo o mundo. Missão: Impossível — O Julgamento Final mostrou fôlego e garantiu a quinta posição com US$ 6,6 milhões, elevando seu total global para US$ 540,9 milhões. O drama da A24, Materialists, também se destacou, ficando em sexto lugar com uma arrecadação sólida de US$ 5,8 milhões.