
Está em alta a tendência de filmes lançados há décadas receberem continuações após um longo hiato, como os casos recentes de Top Gun: Maverick (2022) e Eu Sei o que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025). Esse movimento vem ganhando cada vez mais espaço, e é exatamente o que acontece agora com Sexta-Feira Muito Louca, que recebe uma sequência intitulada Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda.
Após 22 anos, o longa ganha um novo capítulo, agora dirigido por Nisha Ganatra, conhecida por seus trabalhos em séries de TV, e com roteiro assinado por Jordan Weiss. Apesar da expectativa, a sequência não traz nada realmente original — o tema da troca de corpos, afinal, já foi amplamente explorado no cinema, como nos bem-sucedidos De Repente 30 (2004) e 17 Outra Vez (2009).
A própria Disney já tentou replicar o sucesso de Sexta-Feira Muito Louca em outras produções lançadas nos anos seguintes, mas sem grande êxito. Vale lembrar que o conceito nasceu com Se Eu Fosse Minha Mãe (1976), a versão original inspirada na obra de Mary Rodgers, que deu origem à franquia.
Se na versão original de 2003 Anna (Lindsay Lohan) trocava de corpo com sua mãe, Tess (Jamie Lee Curtis), agora algo semelhante acontece: Tess Coleman, uma autora e psicóloga consagrada que está lançando um novo livro, troca de corpo com a jovem Lily (Sophia Hammons), de 15 anos. Ao mesmo tempo, Anna troca de corpo com sua própria filha, Harper (Julia Butters), também de 15 anos.
Como já mencionado, não há nada de realmente novo. A nova versão é praticamente um “copia e cola” da original, apenas atualizando para os dias de hoje a clássica história de conflitos familiares — um tema que costuma funcionar bem no cinema. Anna e Tess continuam se desentendendo, com Tess agora tendo que lidar com a rotina da neta surfista, Harper, enquanto Anna enfrenta conflitos com a filha, que repete muitas das mesmas peripécias vividas pela mãe na juventude.
É um filme sobre mulheres de temperamento forte, decididas sobre o que querem e os caminhos que desejam seguir. Por isso, o conflito dramático entre Harper e sua mãe, Anna, funciona tão bem e acrescenta emoção à trama. O elo entre mãe e filha é poderoso e é explorado com sensibilidade pela narrativa.
Por isso, é um acerto ter Nisha Ganatra à frente da direção. Com experiência em séries, a cineasta explora de forma acertada as relações familiares, que são fundamentais para a história — um elemento que já havia sido bem trabalhado no passado e que, agora, mantém sua essência.
Quanto ao humor, ele está presente, mas em doses mais contidas. Os conflitos internos das personagens e o drama pessoal de cada uma das protagonistas são mais explorados do que as situações cômicas. Claro que a história nunca perde o tom leve — até porque a ideia de troca de corpos sempre funciona bem —, mas Ganatra opta por uma abordagem mais sensível e dramática, em vez de focar exclusivamente na comédia.
Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda funciona como entretenimento. Mesmo sendo repetitivo em algumas cenas e contendo algumas piadas bobinhas, ainda assim é um filme familiar que sabe trabalhar bem as relações humanas e intrapessoais. A grande dúvida é se teremos que esperar mais 22 anos para uma próxima sequência. Tomara que não.
Uma Sexta-Feira Mais Louca Ainda (Freakier Friday, EUA – 2025)
Direção: Nisha Ganatra
Roteiro: Jordan Weiss, baseado na obra de Mary Rodgers
Elenco: Jamie Lee Curtis, Lindsay Lohan, Julia Butters, Sophia Hammons, Mark Harmon, Manny Jacinto, Maitreyi Ramakrishnan, Christina Vidal, Haley Hudson
Gênero: Comédia, Fantasia
Duração: 111 min.