Dan Houser, o cofundador da Rockstar Games e a principal mente criativa por trás das histórias de Grand Theft Auto e Red Dead Redemption, finalmente quebrou o silêncio sobre Agent – o lendário e misterioso jogo de espionagem que foi anunciado em 2009 e desapareceu completamente. Em uma nova entrevista, Houser revelou que o projeto passou por múltiplas tentativas, mas foi cancelado porque ele chegou à conclusão de que a fórmula de “espionagem” é incompatível com a liberdade de um “mundo aberto”.

Em uma rara aparição no podcast de Lex Fridman, Houser explicou o conflito fundamental que matou o projeto: ser um espião exige urgência, ser um protagonista da Rockstar exige liberdade.

‘O que os torna bons no cinema, faz com que não funcionem nos games’

Houser confirmou que Agent foi um projeto no qual ele pensou muito, mas que nunca encontrou o caminho certo. “Trabalhamos muito em múltiplas iterações de um jogo de espionagem em mundo aberto, e ele nunca engrenou”, disse ele, confirmando que se referia ao Agent. “Teve umas cinco iterações diferentes.”

“Eu concluí que não funciona”, continuou Houser. “O que os torna realmente bons como histórias de cinema faz com que não funcionem como videogames.”

O dilema do mundo aberto: liberdade contra urgência

A explicação de Houser mergulha na filosofia de design. Segundo ele, filmes de espionagem são “frenéticos” e “batida a batida”: “‘Você tem que ir aqui e salvar o mundo. Você tem que ir ali e impedir aquela pessoa de ser morta, e então salvar o mundo.'”

Um jogo de mundo aberto da Rockstar, por outro lado, é o oposto disso. “Em grandes porções [do jogo], tudo é muito mais solto, e você está apenas ‘vadiando’ e fazendo o que quer”, explicou. “Eu quero liberdade, quero ir até ali e fazer o que eu quiser. É por isso que funciona tão bem ser um criminoso, porque você fundamentalmente não tem ninguém lhe dizendo o que fazer.”

Ele concluiu que o papel de um espião, que por definição obedece a ordens e está sempre “contra o relógio”, simplesmente não combina com a estrutura de liberdade que os jogadores esperam de um título da Rockstar. “Por isso, eu questiono se é possível fazer um bom jogo de espionagem em mundo aberto.”

O que era ‘Agent’?

Agent foi anunciado oficialmente pela Rockstar em 2009 como um exclusivo de PlayStation 3. A promessa era de um jogo ambientado no cenário da Guerra Fria dos anos 1970. Houser revelou na entrevista que essa foi apenas uma das versões testadas, e que outra se passava nos dias modernos. O jogo, no entanto, nunca “encontrou seus pés” e foi silenciosamente abandonado.

Dan Houser deixou a Rockstar em 2020 e agora lidera a Absurd Ventures, uma empresa transmídia que está criando um novo universo criativo chamado “Absurdaverse”

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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