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Crítica | A Múmia (2017)

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•8 de junho de 2017•14 Minutes

A Múmia é uma dádiva da Sétima Arte. Acredite, essa história incrível é original das telonas desde 1932 com a primeira incursão da criatura trazida pela Universal com Boris Karloff como a Múmia, dirigido por Karl Freund. Desde então, não somente o estúdio original preservou a marca com diversos filmes B, como a própria maldição da múmia conseguiu fundar seu próprio subgênero e uma legião de fãs.

Porém, desde 2008 que não tínhamos uma nova adaptação para essa lenda cinematográfica imortal. Com o advento de um novo universo compartilhado, dessa vez pelos monstros clássicos da Universal, A Múmia ressurge para cravar seu nome como a origem de uma nova franquia que consegue tirar os ares de mesmice que os blockbusters atuais insistem em tropeçar. Sim, pasmem, A Múmia é um filme nada menos que excelente.

A Nova Onda da Múmia

Nessa história inacreditavelmente escrita por seis pessoas, acompanhamos uma mistura de formatos para desenvolver a narrativa. Em grosso modo, acompanhamos as desventuras de Nick Morton, um soldado golpista que rouba artefatos arqueológicos para vender no mercado negro, que acaba libertando uma antiga maldição no deserto iraquiano que pode ameaçar toda a vida no mundo.

Como sempre afirmo, quanto menos gente melhor. E com o roteiro de A Múmia não é diferente.  O principal problema desse filme, como um todo, é seu texto muito atropelado. O roteiro visa homenagear os clássicos de 1930 assim como a trilogia com Brendan Fraser ao iniciar o filme contando toda a breve história amaldiçoada de Ahmanet, única filha do Faraó que perde o direito ao trono após seu pai receber um novo herdeiro ao trono.

É a clássica história de maldição, mas com detalhes atualizados pelo fato dessa Múmia que dá o título do filme ser uma mulher – os diferentes clichês permitidos por isso são bem colocados na trama posteriormente. A enorme exposição inicial consegue transmitir as motivações da vilã preservando a verve dos clássicos. Ou seja, não espere por muita “humanização” complexa além da conta neste A Múmia. É um filme que tem a simples função de entreter.

Já o núcleo humano consegue se sustentar por conta de quebra de padrões. Em especial, com seu protagonista. Nick, interpretado com muito carisma por Tom Cruise em excelente timing, é mais um anti-herói do que um mocinho clássico. Ele não é predestinado a nada. É apenas um homem comum, desonesto e egoísta que tem o azar de se deparar com uma maldição de cinco mil anos. Justamente por ser tão raso, assim como a história, que os roteiristas caem em armadilhas escritas por eles mesmos.

Isso não demora nada a acontecer. Assim que a Múmia passa a movimentar a trama ativamente, a junção dos fatos constantemente se atropela em passagens repetitivas, com diálogos repetitivos e até mesmo imagens repetidas. Isso quase preenche o segundo e o terceiro ato inteiros que exibem reviravoltas consideravelmente previsíveis. Pior ainda é notar como os seis roteiristas parecem não saber juntar onde o trabalho de um termina para o outro começar. Praticamente todos os finais de sequência de perseguição ou luta contra a antagonista terminam através de um deus ex machina muitíssimo arbitrário.

Outra grande fraqueza do texto é a personagem arqueóloga Jenny Halsey. Enquanto ela serve de contraponto à moral insossa do protagonista, é ótima. O atrito romântico entre os dois funciona pelo contraste, assim como as muitas passagens cômicas que ocorrem no começo do segundo ato em Londres. Porém, as características originais da personagem se desfarelam por conta de reviravoltas menos previsíveis que acabam simplificando a moça. Para piorar, ela e Nick constantemente trocam de papéis nos quais eles intercalam a vez de quem vai salvar a vida de outro em determinada cena.

Em essência bruta, esses são os principais pontos negativos de A Múmia. Mas há bastante coisa a ser elogiada no texto problemático do filme. A jornada do protagonista é bastante interessante ao abordar um tipo diferente de transformação em herói. O filme inteiro aposta nessa dualidade da moral do personagem: ele é bom ou só um idiota completo? E para concretizar essa luta interna, Nick constantemente se vê entre a tentação da manipulação mental de Ahmanet enquanto se apaixona, gradualmente, por Jenny que sempre frisa o lado bom do personagem.

Essa característica da maldição é igualmente bem trabalhada, mas não enfatizada através do horror, mas sim por uma mistura de medo e comédia camp britânica. Isso é uma das características mais subjetivas da obra, ficando totalmente a critério do espectador gostar ou não. Para mim, funcionou muito bem.

A comédia de A Múmia é consideravelmente mais refinada para blockbusters do gênero sem recorrer a piadas esdruxulas escatológicas ou ofensivas. São situações diversas que a maldição propõe na narrativa brincando constantemente com pontos de vista e escuta o que rende bons momentos para a montagem trabalhar potencializando a gag. Desse modo, conseguem até mesmo salvar a figura do sidekick do protagonista, Vail, como alívio cômico.

A questão da dualidade também é representada pelo personagem de Russell Crowe que prefiro não revelar de quem se trata dentro da narrativa, pois tirará boa parte da surpresa. O personagem atua como o núcleo desse novo universo que o estúdio inaugura aqui com competência. São piscadelas que dão diversas dicas dos elementos que estão por vir, mas que, por si, funcionam dentro do contexto do filme jogando o protagonista no principal conflito na escolha entre luz e sombras. Ou seja, Nick é um dos pilares fundamentais dessa franquia. 

Ainda sobre Tom Cruise e Crowe, é absolutamente necessário apontar o grande divertimento trazido pelas cenas que os dois contracenam. É uma química canastrona clássica absolutamente genial que entretêm muito mais do que o necessário. Nunca eu imaginaria ver esses dois caindo em uma briga bastante carismática – certamente um dos pontos mais altos da obra.

Mãos à Obra

A Múmia também traz uma grande peculiaridade fora do comum: a direção de Alex Kurtzman. Roteirista famoso na indústria, Kurtzman é basicamente um estreante no campo de direção e isso certamente é sentido nessa experiência. Não se trata de um trabalho ruim, mas muito inconsistente.

Kurtzman consegue preservar a vibe exótica da história seja na retratação da lenda mostrando deuses e reis sobre um império de areia e nada até os dias atuais no Iraque com a descoberta da tumba. Essa sequência é primorosa em oferecer uma estética geográfica bem apurada conseguindo contar detalhes intrincados sobre Ahmanet e sua história oferecidos através de muita exposição – os roteiristas utilizam esse recurso em exaustão.

Através de bons planos abertos e bem cronometrados, Kurtzman consegue valorizar a produção do longa de modo bastante satisfatório. Os problemas surgem na hora de mostrar a ação, pelo menos em primeiro momento. Inexperiente, o diretor coloca diversas câmeras em inúmeros pontos da ação para mostrá-la com diversos pontos de vista de diferentes. Isso só acaba poluindo a sequência com uma montagem frenética de tão absurda.

Porém, em algumas set pieces, o diretor mostra o oposto revelando um olhar talentoso. A mais interessante delas é a queda do avião tão mostrada pelos trailers do filme. Kurtzman gosta de mostrar a ação se desenrolando tanto em primeiro plano quanto na profundidade de campo muito bem utilizada. Vemos o chão se aproximando enquanto o veículo despenca das alturas, além de exibir as diversas acrobacias dos atores em gravidade zero. Outra sequência muito boa é a da tempestade gerada pela Múmia em Londres na qual Kurtzman consegue justificar com inteligência a origem de tanto pó e areia em plena cidade grande.

Aliás, essa transição entre o exótico para o Ocidente também é um ponto que merece elogios. Tanto pela simbologia do medo de maldições estrangeiras de países ora ligados ao místico quanto para o estabelecimento dos futuros filmes que vão se concentrar em monstros anglo-saxões.

Apesar de não trabalhar a imagem a um nível estético tão apurado, Kurtzman é ótimo para definir clima e atmosfera. Falo, obviamente, da apresentação de Ahmanet como Múmia na qual Sofia Boutella dá um show de expressão corporal criando algo frágil, decrépito e absolutamente aterrorizante. Aliás, é ótimo como o diretor frisa muito mais os poderes sobrenaturais da criatura nessa interpretação auxiliada por efeitos visuais razoáveis (disfarçados pela escuridão e névoa). Também acho muito interessante como o diretor flerta bastante com o videogame logo na apresentação de Nick que mais se assemelha, em primeiro momento, a um Nathan Drake, protagonista dos jogos Uncharted.

Com a inserção de, literalmente, uma legião de mortos vivos, a ação pode flertar sempre com piadas e verdadeiro horror. Aliás, Kurtzman sempre consegue equilibrar as coisas, sem um clima interferir com outro, tirando a tensão proporcionada na correria. O seu trabalho de câmera também não é muito elegante, mais parecendo uma extensão da força bruta de Tom Cruise.

Além disso, ainda sobre a montagem, o diretor peca por repetir planos de uma pedra em faíscas ou outras do deserto com Ahmanet durante as alucinações do personagem principal. São competentes para ligar uma coisa à outra, mas quando isso acontece quase quatro vezes, é porque tem algo de muito errado.

Universo de Deuses e Monstros

Acredito que eu não tenha deixado claro isso no texto por estar atento à análise do filme, mas A Múmia é uma fantástica obra de entretenimento e diversão. Desde Kong: A Ilha da Caveira que eu não tinha uma sessão tão divertida, viva e carismática como essa incursão da Múmia se provou ser. E quando temos algo tão bacana, tão autoconsciente de suas origens e que cumpre o principal propósito de entreter, além de captar perfeitamente o espírito dessa lenda que apenas flerta com o horror, mas que na verdade é ligada à autodescoberta humana, é possível perdoar todas as imperfeições técnicas que mencionei.

O carisma de Tom Cruise contagia, além do ator conseguir ter espaço para criar coisas novas depois de tanto tempo. As sequências de ação, o payoff e o estabelecimento do universo são os pontos altos dessa obra monstruosa que pode vir a te agradar bastante, caso você se apresente bastante receptivo às novidades propostas pelo Dark Universe. Parafraseando o filme, às vezes é preciso um monstro para combater outro. Querendo ou não, seja a sua experiência positiva ou negativa, não há como discordar de um fato: agora não tem mais volta. Um novo universo cinematográfico nasceu. E dele, guardo boas expectativas. 

A Múmia (The Mummy, EUA – 2017)

Direção: Alex Kurtzman
Roteiro: David Koepp, Christopher McQuarrie, Dylan Kussman, Jon Spaihts, Jenny Lumet, Alex Kurtzman
Elenco: Tom Cruise, Russell Crowe, Annabelle Wallis, Sofia Boutella, Jake Johnson, Courtney B. Vance, Marwan Kenzari, James Arama
Gênero: Fantasia, Aventura, Monstros
Duração: 110 min

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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2 Comments
Matheus Fragata
9 de junho de 2017

Foda, a Universal entregou esse filme inteiro nas divulgações. Uma pena, de verdade. Tem boa aventura, ação e carisma. É o que vale para um blockbuster tão descompromissado como esse.

Abraços!

ABC
8 de junho de 2017

Semana com festival Varilux, estreia do novo filme com o Darín, vou deixar para assistir em casa (até porque nessa semana já fui ver WW em Imax e Z). Talvez eu vá assistir só para ganhar o chaveiro…

Entendo não ter dito quem é o personagem do Russell Crowe, mas ele já está creditado em 2º no IMDB…

Saudações.

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