logo
  • Início
  • Notícias
    • Viral
    • Cinema
    • Séries
    • Games
    • Quadrinhos
    • Famosos
    • Livros
    • Tecnologia
  • Críticas
    • Cinema
    • Games
    • TV
    • Quadrinhos
    • Livros
  • Artigos
  • Listas
  • Colunas
  • Search

Crítica | Batman Begins - A história de origem definitiva

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•13 de novembro de 2017•10 Minutes

Não é fácil ser o Batman nos cinemas. Certamente um dos personagens que passou por mais transformações ao longo de suas encarnações que vêm desde a década de 60, a icônica criação de Bob Kane e Bill Finger enferrujava em um limbo cinematográfico após o fiasco de sua última adaptação. De uma série de TV camp para uma versão gótica com Tim Burton, o Batman acabara nas mãos de Joel Schumacher, que foi responsável por alguns dos piores e mais vergonhosos momentos de toda a existência do Cavaleiro das Trevas, que atendem por Batman Eternamente e Batman & Robin.

Mas é irônico. Não fosse o festival de breguice e ridículo promovido por Schumacher, provavelmente a Warner Bros não teria voltado para a direção correta de tom com o personagem, que voltaria a seus tempos de glória novamente quando o cineasta Christopher Nolan embarcasse para um reboot sombrio e realista com Batman Begins, que acabou por ser um dos mais importantes filmes do gênero.

Contando pela primeira vez a origem do herói encapuzado nos cinemas, o roteiro de Nolan e David Goyer concentra-se na figura de Bruce Wayne (Christian Bale), que vê seus pais sendo assassinados em sua frente quando criança e assiste enquanto a cidade de Gotham City é engolida por taxas de criminalidade e corrupção aparentemente irremediáveis. Movido por um ideal de combater a injustiça, Wayne viaja pelo mundo e entra em contato com uma misteriosa Liga de justiceiros, onde iniciará o treinamento que lhe dará a força e conhecimento para tornar-se o vigilante conhecido como Batman e salvar sua cidade das mãos criminosas.

Para bem ou para mal (bem, no caso de Batman), é aqui que começa a história de sombrio e realista. Gotham não é mais uma paisagem expressionista com edifícios sinuosos e designs de Fritz Lang (ainda que as influências estejam ali, de forma mais crível), mas sim uma metrópole real que é castigada pelas lentes sombrias e alaranjadas do diretor de fotografia Wally Pfister. O Batman e todos os seus apetrechos são baseados em tecnologia real, e o filme preocupa-se em gastar alguns minutos para nos explicar como cada um desses funcionam, e até o Batmóvel tem uma justificativa consistente para sua existência – além de esmagar carros e perseguir bandidos, claro.

Até os vilões desse universo são inspirados em algo mais real, com os capangas cartunescos e monstruosos das versões anteriores sendo substituídos por organizações mafiosas e instituições corruptas que representam uma ameaça além de trocar socos. Ou seja, é uma abordagem muito próxima à de Frank Miller em seu Batman: Ano Um. E mesmo quando lidamos com algo um pouco mais fantasioso, como uma toxina alucinógena ou uma máquina emissora de micro-ondas, é tudo novamente muito bem justificado e realizado de forma a pertencer a este universo. O Espantalho, por exemplo, ganha uma encarnação completamente diferente de suas ilustrações nos quadrinhos, sendo um engravatado que veste a tenebrosa máscara para provocar medo nos pacientes de seu hospício e manipular conspirações. É uma ótima caracterização que reflete esse mundo mais realista, além de o Espantalho ser uma escolha certeira dos realizadores para uma trama de origem que se debruça sobre os efeitos e o poder do medo.

Mas o grande acerto é mesmo como Nolan e Goyer lidam com a figura de Bruce Wayne e seu alter ego. Não vemos a figura do Batman até cerca de 1 hora de projeção, e isso porque o roteiro da dupla explora muitíssimo bem o desenvolvimento de sua manifestação vigilante e a criação de um símbolo que vise usar seu medo pessoal de morcegos contra seus oponentes. É uma psicologia simples, mas usada de forma muito eficiente e com uma carga dramática muito acima de outras produções do gênero, de forma que, quando finalmente Wayne traja a ameaçadora roupa de Morcego, entendemos perfeitamente e uma poderosa catarse é sentida. Provavelmente não existe melhor história de origem de super-herói do que a contada aqui.

E muitos créditos devem ser dados a Christian Bale. A forma como o ator constrói um Bruce traumatizado e com uma nítida raiva interna esperando para explodir é sensacional, assim como a forma com que divide a personalidade quase esquizofrênica do sujeito, que transforma sua voz ao entrar na máscara ameaçadora de Batman. A confusão de Wayne também é bem explorada a partir de alguns desentendimentos com seu mordomo Alfred e sua falta de experiência com a vida dupla que sua nova carreira exige, forçando-o a criar a terceira persona de “Bruce Wayne, o bilionário”, que vem à tona na excelente cena em que o personagem finge estar embriagado a fim de causar constrangimento em uma festa.

E seguindo à risca o método de Richard Donner no primeiro filme do Superman, Nolan reuniu um elenco estelar para os papéis coadjuvantes. A começar com Michael Caine, que faz de seu Alfred Pennyworth uma figura caridosa, leal e com um senso de humor cínico acertado, sendo a perfeita companhia para o Wayne de Bale. No mesmo padrão, Morgan Freeman surge ótimo como Lucius Fox, responsável pela divisão de engenharia das Empresas Wayne (leia-se, o responsável pelos maravilhosos bat-brinquedos) e Gary Oldman surpreende na figura do incorruptível Jim Gordon.

Liam Neeson ganha a oportunidade de um papel difícil e dúbio na pele de Ra’s Al Ghul, cuja relação de mestre e aprendiz com Wayne rende bons momentos e Cillian Murphy impressiona pela frieza e calculismo de seu Jonathan Crane, o Espantalho. Só Katie Holmes que não convence muito como Rachel Dawes, interesse amoroso do protagonista – mas admito também que a personagem não é das melhores escritas. Não foi por acaso a substituição da atriz por Maggie Gyllenhaal na continuação, pelo visto…

Foi aqui também que Christopher Nolan realizou seu primeiro filme de grande escala. Saído dos thrillers Amnésia e Insônia, Nolan se aventura no espetáculo ao manter os pés no chão e seguir a regra do “tudo de verdade”. Logo, temos diversas acrobacias, trabalho pesado de dublês, perseguições de carro e até miniaturas. Desde a explosão real de um monastério do Himalaia até o colapso de um trem de monotrilho realizado com impressionantes miniaturas, Batman Begins não decepciona no quesito ação. As cenas com o Batman trazem um bem vindo uso de câmera na mão e montagem agressiva de Lee Smith, compreendendo o fato de que o personagem deve ser uma figura que se mescla com as sombras e que mal pode ser visto durante o combate.

Mais de uma década depois, Batman Begins ainda influencia diversos cantos da indústria audiovisual. É uma aula de como se readaptar um personagem e fazer cinema de quadrinhos com qualidade cinematográfica grandiosa e que transcende o gênero. Por incrível que pareça, era apenas o singelo início de uma trilogia inesquecível e de uma faceta épica de Christopher Nolan que só viríamos ver ser aprimorada ao longo dos anos…

Batman Begins (EUA/Inglaterra, 2005)

Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan e David Goyer
Elenco: Christian Bale, Michael Caine, Katie Holmes, Liam Neeson, Morgan Freeman, Gary Oldman, Ken Watanabe, Cillian Murphy, Rutger Hauer
Gênero: Ação, Aventura
Duração: 140 min 

Leia mais sobre Christopher Nolan

Leia mais sobre DC Comics

Mostrar menosContinuar lendo

Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

Mais posts deste autor

Add comment

  • Prev
  • Next
Posts Relacionados
GamesCapaGamesCríticas
Review | Digimon Story: Time Stranger é um JRPG com coração de ouro e pernas de chumbo

Review | Digimon Story: Time Stranger é um JRPG com coração de ouro e pernas de chumbo

Digimon Story: Time Stranger traz uma das melhores jornadas da saga, mas…


by Matheus Fragata

Cinema
Jesse Eisenberg revela planos inusitados para conhecer Mark Zuckerberg antes de “A Rede Social”

Jeremy Strong fala sobre viver Mark Zuckerberg na sequência de ‘A Rede Social’

Jeremy Strong elogiou o roteiro da sequência de 'A Rede Social' e falou sobre…


by Matheus Fragata

GamesSéries
Modders removem mais de mil linhas 'inúteis' de diálogo de God of War Ragnarok

Vazamento revela chamada de elenco para a série ‘God of War’ da Amazon

Vazou a chamada de elenco da série 'God of War' da Amazon. Descrições revelam…


by Matheus Fragata

© 2025 Bastidores. All rights reserved
Bastidores
Política de cookies
Para fornecer as melhores experiências, usamos tecnologias como cookies para armazenar e/ou acessar informações do dispositivo. O consentimento para essas tecnologias nos permitirá processar dados como comportamento de navegação ou IDs exclusivos neste site. Não consentir ou retirar o consentimento pode afetar negativamente certos recursos e funções.
Funcional Sempre ativo
O armazenamento ou acesso técnico é estritamente necessário para a finalidade legítima de permitir a utilização de um serviço específico explicitamente solicitado pelo assinante ou utilizador, ou com a finalidade exclusiva de efetuar a transmissão de uma comunicação através de uma rede de comunicações eletrónicas.
Preferências
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para o propósito legítimo de armazenar preferências que não são solicitadas pelo assinante ou usuário.
Estatísticas
O armazenamento ou acesso técnico que é usado exclusivamente para fins estatísticos. O armazenamento técnico ou acesso que é usado exclusivamente para fins estatísticos anônimos. Sem uma intimação, conformidade voluntária por parte de seu provedor de serviços de Internet ou registros adicionais de terceiros, as informações armazenadas ou recuperadas apenas para esse fim geralmente não podem ser usadas para identificá-lo.
Marketing
O armazenamento ou acesso técnico é necessário para criar perfis de usuário para enviar publicidade ou para rastrear o usuário em um site ou em vários sites para fins de marketing semelhantes.
Gerenciar opções Gerenciar serviços Manage {vendor_count} vendors Leia mais sobre esses propósitos
Ver preferências
{title} {title} {title}