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Crítica | Pequena Grande Vida - O Retrato de uma Civilização sem rumo

Raphael Klopper Raphael Klopper
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•20 de fevereiro de 2018•12 Minutes

Me pergunto se um diretor como Alexander Payne possuí um anseio faminto, por parte do público e crítica, com cada novo filme seu lançado. Inegavelmente um dos diretores mais interessantes que apareceu na última década, vindo revelando dramas tão intimistas com temas familiares e existencialistas, recheados de humor e emoções genuínas com carismáticos e profundos personagens. Mas, não é para todos os gostos de fato. No entanto, Pequena Grande Vida, seu novissimo longa, promete talvez causar um pequeno burburinho de discussão entre o público e crítica, tanto por seus (ambiciosos) temas abordados, quanto a sua…”qualidade”.

Na trama, seguimos Paul Safrânek (Matt Damon) e sua esposa Audrey (Kristen Wipig) que acreditam que suas vidas seriam muito melhores se entrassem no novo processo de encolhimento e serem transferidos para um novo mundo chamado Leisureland. Um lugar que existe para conservar a Terra e salvar o meio ambiente, pois essa civilização encolhida consomem muito menos recursos naturais humanos. Até que Paul descobre as ‘pequenas’ consequências desse novo estilo de vida.

A Utopia Distópica

Logo de cara, podemos perceber, e declarar o óbvio, do quão BRILHANTE é o conceito principal que o roteiro de Payne e Jim Taylor procuram abordar aqui. E talvez completamente diferente de tudo que o diretor já fizera até então. Se afastando um pouco do grau intimista de suas histórias, e talvez assim, buscando a elevar para uma escala universal aqui em sua primeira suposta ficção-científica.

Não que isso signifique que estamos perante um trabalho não pessoal e do intuito do diretor, muito pelo contrário. Payne já planejava o roteiro desde a época antes de sua obra-prima Sideways – Entre Umas e Outras; e só agora, depois de anos e depois de outros excelentes filmes, os recursos finalmente permitiram a realização tão ansiada de Pequena Grande Vida.

E ele o demonstra de cara por apresentar e fazer dessa temática, tão amplamente complexa, algo aparentemente tão simples em texto. A concepção criada por cima do fator de encolhimento das pessoas, que até toma uma explicação interessante e “realista” dentro da narrativa, é deveras fascinante em seu desenrolar. Fazendo algo que só vi outros cineastas da mesma safra de Payne como Charlie Kaufman ou Spike Jonze fazerem, o irreal e aparente impossível se tornando uma realidade. E assim, criando uma verdadeira utopia moderna, das mais interessantes que vi sendo concebidas no cinema recentemente devo dizer.

O encolhimento populacional para salvaguardar os recursos naturais da terra e a criação de uma nova ‘pequena’ civilização, se torna um prato cheio de questionamentos, sociais, psicológicos e até filosóficos que o tema desperta de forma quase instantânea, e filme facilmente prende a atenção e instiga o público em querer descobrir e saber até onde esse universo vai nos levar e aos seus personagens.

Universo esse que é soberbamente construído aqui. Payne é muito bem conhecido por seu ritmo oras bem vagaroso, e ele sabe usar disso bem em sua vantagem aqui na primeira ótima meia hora do filme, apresentando, quase passo a passo, tudo que precisamos saber do novo experimento de encolhimento e sua nova criação civilizacional.

Com certeza sendo agraciado com um orçamento mais gordinho do que acostumado, Payne se permite construir aqui com sua equipe esse universo de “Querida, encolhi as crianças – dramático e existencialista” com uma palpabilidade imersiva fantástica. Genuinamente nos fazendo crer, com alguns efeitos visuais e práticos soberbos, a existência desses seres escolhidos dentro do nosso mundo. E a evolução da jornada dos personagens dentro desse mundo mostrando sua vastidão e amplitude cada vez maior e até imprevisível.

Poucos são os diretores que conseguem tal feito de construir tanto com tão pouco. Se em Nebraska Payne se utilizava da fotografia P&B para conectar o passado ao presente em uma mesma existência vazia, aqui ele usa da pequenitude da nova civilização dos encolhihos para revelar o vasto tamanho do nosso mundo como um só universo vivendo sob a mesma natureza. Ao mesmo tempo que se revela um comentário de disparidade social bem afiado, embora já familiar e convencional, de como a humanidade pouco mudou quando encontrou esse seu novo “estado evolutivo”, que o fator do encolhimento assume e a cidade de Leisureland se torna um mero reflexo de nossa sociedade atual. Ricos e pobres coexistindo sobre o mesmo teto mas cada um em seu canto.

Idéias tão instigantes e interessantes que infelizmente talvez não sejam bem aproveitadas como deveriam, em uma narrativa que talvez falte a complexidade que seu riquíssimo visual cria.

Humanidade sem rumo

Talvez por se sacrificar da escala intimista que lhe é tão familiar, Payne talvez se perca um pouco em tentar aprofundar a jornada de seu protagonista Paul ao longo do filme. Embora ele mostre ter sim uma idéia central para seu desenvolvimento, porém um tanto atrapalhando.

O grande ponto do filme é realmente o universo encolhido em que essa nova civilização vive, e o vemos sempre através dos olhos de Paul enquanto o acompanhamos na sua jornada por essa sua nova vida encolhida. Isso garante de fato um nível de proximidade íntima do público com o personagem, mas o problema está em exatamente não sentirmos tão próximos dele.

O que é muito estranho ver essa nota falhar em Payne que sempre nos deixou inteiramente interligados com seus protagonistas em todos os seus filmes até então. Sempre nos fazendo os compreender psicologicamente e emocionalmente, e começar a sentir tudo o que sentem. Com Paul, não acontece tanto isso, e sim de forma um tanto rasa.

O problema nem está em Damon, que como sempre se mostra bem integrado e carismático, conquistando nossa empatia com seu jeitão de cidadão exemplar querido mas quebrado pelas escolhas de sua vida. E chegamos a entender bem suas motivações de querer encontrar a razão e seu lugar no vasto mundo em que vive, que sempre parece conspirar contra ele. Mas, infelizmente nunca mais que isso. Razão essa que também se deve ao tom que o filme toma, com uma vibe bem quase convencional de uma comédia dramática ‘feel-good movie’.

Um drama romântico leve e humorado que segue todas as familiares notas para todos os gostos. Não que isso seja ruim, mas, infelizmente, impede o grau de realismo empático com o personagem. No entanto, vale dizer que o humor é bem dosado e até interessante. Payne sempre foi um mestre no humor ‘akward’ situacional, e aqui o parece misturar com o escrachado com vibes de Terry Gillian (lembrando até Brazil em certos momentos). Enquanto no drama, temos uma linha tênue até coesa e que surpreende por sua imprevisibilidade de desenvolvimento, embora caia nas notas esperadas e convencionais no final. E com uma mensagem final até bonita, mas entregue de forma toda atrapalhada.

Outro ponto enferrujado que Payne demonstra, é que ele falha um pouco aqui em trazer uma performance central soberba e memorável como também lhe é de costume. Resse Witherspoon em Eleição; Jack Nicholson em As Confissões de Schmidt; Paul Giamatti em Sideways; George Clooney em Os Descendentes; Bruce Dern em Nebraska; enfim.

E como disse, Damon está bem como sempre, mas não no nível para entrar nesse panteão devo dizer. No entanto, quem mostra merecer mesmo esse lugar é Hong Chau, que interpreta Ngoc Lan Tan, a coadjuvante estelar imprevisível e que literalmente rouba todas as cenas em que aparece. Facilmente alguns vão chama-lá de humor estereótipo forçada e irritante, porém a personagem se mostra tão mais complexa e rica do que aparenta a primeira vista, carregando um vasto leque de emoções genuínas em seu olhar e cheia de humor, a perfeita ‘personagem Alexander Payne’. Até Christoph Waltz em seu modo já escrachado de ser mostra ser bem utilizado na história como o alívio cômico cínico.

E Payne, como sempre, puxa o melhor de cada ator o bastante para nos fazer simpatizar com todos facilmente, mesmo com suas notas falhas na história. Mas que mostram seu lugar na história como seres perdidos buscando valor e sentido na sua ‘pequena’ existência.

De certo não é o seu mais fraco, mas ao mesmo tempo deixa muito a desejar em vários quesitos. Ainda mais com tamanha rica temática sendo explorada de forma um pouco convencional, mas com boas camadas emocionais graças ao competentíssimo elenco. Quisera outros diretores terem a mesma dádiva criativa, mas por favor não abandone nunca o íntimo de seus dramas senhor Payne onde lhe é tão competente. Pelo menos temos sim um filme que, mesmo com suas notas familiares, leva-nos a reflectir sobre nossa mísera pequena existência, e as consequências de nossas escolhas e afetos pelas pessoas e o vasto imenso mundo em nossa volta. É como a vida, não é perfeita, mas tem seus bons momentos.

Pequena Grande Vida (Downsizing – EUA – 2017)

Direção: Alexander Payne
Roteiro: Alexander Payne, Jim Taylor
Elenco: Matt Damon, Hong Chau, Christoph Waltz, Kristen Wig, Udo Kier, Rolf Lassgard, Jason Sudeikis, Maribeth Monroe, Neil Patrick Harris, Laura Palmer
Gênero: Ficção-Científica, Comédia, Drama
Duração: 135 min

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Raphael Klopper

Estudante de Jornalismo e amante de filmes desde o berço, que evoluiu ao longo dos anos para ser também um possível nerd amante de quadrinhos, games, livros, de todos os gêneros e tipos possíveis. E devido a isso, não tem um gosto particular, apenas busca apreciar todas as grandes qualidades que as obras que tanto admira.

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