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Crítica | Eu, Tonya - Margot Robbie brilha em biopic nada convencional

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•14 de fevereiro de 2018•8 Minutes

Histórias reais sempre são assuntos complicados em uma dramatização. Na maioria suprema dos casos, teremos muita romantização e deturpamentos dos fatos, de forma a garantir um entretenimento mais favorável, e isso não deve tirar o trabalho de qualidade do projeto; mesmo que longe de retratar a realidade, o resultado artístico é o que deve ser levado em conta no que diz respeito ao cinema – para um apuramento mais factual, documentários e reportagens estão aí. Dito isso, é difícil dizer o que é real e o que é ficção em Eu, Tonya, mas basta dizer que o pouco que é comprovado na vida de Tonya Harding encaixa-se na infame categoria de “tão inacreditável que só pode ser verdade”, e o filme de Craig Gillespie se diverte com isso.

Baseado na vida da famosa patinadora de gelo, acompanhamos todo o início de carreira de Tonya (vivida por Margot Robbie na principal fase), desde a criação difícil com sua mãe, LaVona (Allison Janney) até o casamento abusivo com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), tudo isso enquanto Tonya tenta enfrentar a visão seletiva do comitê olímpico dos EUA e tornar-se a maior patinadora de sua geração. Porém, a história é mais conhecida pelo público geral graças ao escândalo onde uma das competidoras de Tonya sofreu um ataque misterioso dentro do ginásio, iniciando uma investigação policial que coloca a protagonista como suspeita de ter orquestrado a ação para sabotá-la.

Acredite, mesmo que a ideia de um biopic sobre uma patinadora de gelo possa soar desinteressante para a maioria, a forma como Eu, Tonya subverte os modelos de uma produção do gênero é capaz de surpreender a qualquer um. Inspirado no formato ácido, metalinguístico e autorreferencial das obras de Martin Scorsese – especialmente Os Bons Companheiros, Cassino e O Lobo de Wall Street – Craig Gillespie e o roteirista Steven Rogers partem para um filme de humor afiado e diversas brincadeiras com suas própria linguagem, desde a ocasional quebra de quarta parede, a narrativa não linear e o modelo de entrevistas “reais” com os personagens, onde vemos versões envelhecidas dos protagonistas prestando depoimentos para uma câmera jornalística, devidamente editada para simular o visual de uma fita cassete. Isso garante uma experiência dinâmica e divertida, levando a momentos em que determinada personagem está narrando algo enquanto uma sequência de cenas se desenrola, apenas para que ela mesmo complete a frase iniciada em off dentro de uma cena sendo exibida, às vezes até para contrariar uma fala ou informação, resultando em interjeições como “eu nunca fiz isso” diretamente para a câmera; um recurso usado com frequência, mas com precisão. 

Toda a situação do incidente polêmico envolvendo o ataque já é algo inacreditável demais, e a decisão de Rogers de tratá-lo como um grande esquema fraudulento é acertadíssima, trazendo até personagens mais cartunescos (e, novamente, inacreditavelmente verdadeiros) para compor uma grande sequência de decisões erradas, e seu texto e a condução de Gillespie – com uma câmera ágil e demarcada por movimentos ensaiados impressionantes – estão sempre nos reforçando o absurdo de tudo isso, com um humor negro muito bem-vindo. Novamente, a autorreferência é a chave para o sucesso da dupla; mesmo quando o filme acaba perdendo o ritmo e se concentrando demais em determinada narrativa, temos algum tipo de interjeição exatamente sobre isso, como no instante em que Allison Janney simplesmente desaparece da narrativa, e a própria aparece reclamando sobre sua ausência, praticamente lendo a mente do espectador. Até mesmo o fato de claramente vermos a cabeça de Robbie sendo inserida digitalmente na dublê que executa todos os passos de dança agrega ao debate do real e ficcional de Tonya – mesmo que esta curiosa ironia provavelmente não fora algo intencional.

Mas claro, não valeriam de muita coisa o roteiro e a direção se Margot Robbie não segurasse a fita na pela de Tonya, e felizmente a atriz entrega um trabalho sensacional. Se Robbie era uma força de carisma comprovada em filmes irregulares como Golpe Duplo e Esquadrão Suicida, aqui realmente vemos sua força como uma atriz, apresentando uma carga dramática assombrosa, mas que jamais destoa desse universo muito particular estabelecido pela direção. A atriz chora, grita, xinga, ri e faz tudo o que a figura complexa de Tonya requer, uma pessoa de crescimento difícil e que sempre procura o reconhecimento de seus “superiores”, sendo hilário ver Robbie encarando uma das comentaristas esportivas e rispidamente mandá-la “chupar um pinto” após um receber um comentário pouco agradável sobre seu trabalho. Na mesma nota, Allison Janney quase rouba o show na pele da enigmática LaVona, abraçando a personagem mais desagradável e irreverente da produção. A relação turbulenta com Robbie garante as melhores cenas do longa, e até mesmo as reais intenções de LaVona ganham uma envolvente ambiguidade, com a mãe justificando que o tratamento duro era o maior incentivo de Tonya.

Sebastian Stan também merece créditos por retratar com afinco a personalidade repungante de Gillooly, e atinge um feito notável: em todas as cenas em que não está sendo um marido abusivo e completamente violento, Stan retrata um sujeito que pareceria impossível de se cometer esse tipo de ato, podendo até mesmo ser uma figura com a qual poderíamos simpatizar – caso já não soubessemos de suas atitudes. Todo o escândalo do ataque à patinadora, que vem de sua iniciativa, é quase visto como uma forma distorcida do sujeito demonstrar seus sentimentos à Tonya. Nesse universo bizarro, é algo quase orgânico. Uma merecida menção também para Paul Walter Hauser, que diverte ao tentar convencer todos a seu redor que fora um agente da CIA, atuando agora como o “guarda-costas” de Tonya. Basta dizer que esse será o personagem mais odiado pela maioria, mas sem nunca tirar um sorriso do rosto.

Marcado por uma irreverência e uma metalinguagem irresistível, Eu, Tonya explora a vida e os abusos de sua biografada como poucas obras, rendendo uma experiência dinâmica e diferente do que estamos acostumados. Tem seus excessos, mas a performance central de Margot Robbie carrega todo o espetáculo, revelando-se pela primeira vez como uma atriz excepcional.

Eu, Tonya (I, Tonya, EUA – 2017)

Direção: Craig Gillespie
Roteiro: Steven Rogers
Elenco: Margot Robbie, Sebastian Stan, Allison Janney, Bobby Cannavale, Julianne Nicholson, Paul Walter Hauser, Caitlin Carver
Gênero: Drama/Comédia
Duração: 119 min

https://www.youtube.com/watch?v=iZbTLdDHRvs

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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