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Crítica | Não Matarás (1988) - Crime e Castigo

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•22 de março de 2018•7 Minutes

Antes de embarcar na primeira obra-prima de sua vida, Krzysztof Kieslowski já estava flertando com alguns dos sagrados Mandamentos que dariam origem ao Decálogo. No caso, temos a versão completa de Não Matarás que posteriormente seria remontado para fazer parte do fantástico seriado do diretor.

A abordagem de Kieslowski para seu filme sucinto é a mais simples possível tanto que o espectador pode muito bem considerar a experiência de ter visto um curta estendido. O diretor está interessado simplesmente em trazer um retrato cru e visceral sobre crime e castigo, sem surpresas, sem reviravoltas, sem truques na manga.

Realidade Aumentada

Ao contrário de outros importantíssimos realizadores poloneses como Andrzej Wajda, Kieslowski é um esteta completo. O visual tem uma carga de suma importância para potencializar uma narrativa frágil e consideravelmente desinteressante. A verdade é que Não Matará é um filme telegrafado assim que o espectador saca a estrutura do roteiro e a função dos personagens.

Acompanhamos três pontos de vista distintos: um taxista mau-caráter, um jovem mal-encarado e um defensor público recém aprovado em concurso. De início, é bem possível crer que o taxista será o assassino por conta das diversas cenas que o diretor apresenta dele fazendo picaretagens e mal tratos diversos contra pessoas e animais (cães em especial). Já o jovem delinquente é retratado de modo bastante caricato e tendencioso, pois é bastante visível notar o ódio e amargor que o personagem carrega até então.

A terceira ponta, com o defensor público, certamente é a menos interessante e a mais desconexa no primeiro ato, afinal sua função é somente determinante no final do filme para defender o assassino. Não pretendo revelar quem é o agressor no final das contas, pois isto é totalmente irrelevante. Há apenas alguns insights que o diretor oferece sobre sorte e família. O ponto mais interessante realmente acontece quando ele mostra que os dois piores personagens não são de todo mal, realizando algumas bondades em seus caminhos solitários.

Aliás, a solidão é um ponto visual ferrenho em Não Matarás. Para deixar esse efeito mais explícito, Kieslowski assume riscos ao mexer claramente no tratamento da imagem utilizando filtros ocre e esverdeados enquanto utiliza diversas vinhetas/máscaras para escurecer a imagem em diversos pontos. O resultado, por vezes, é bastante áspero e incômodo, mas é eficiente em trazer a sensação solitária e isolada desses personagens alienados.

As vinhetas, infelizmente, tiram um pouco do brilho dos elaborados enquadramentos que o diretor apresenta, além de conferir uma atmosfera pessimista e sombria para toda a história. Quando o assassinato finalmente acontece, temos a abordagem mais crua possível. Kieslowski não dramatiza em excesso e traz uma longa sequência de pura crueldade e violência de uma morte sofrida que implora para não ser concretizada de modo frio, apesar de gerar fortes emoções no assassino revelando seu lado… humano.

Há uma falta de capricho nesse miolo já que a transição do crime para o castigo é extremamente abrupta. Se a primeira metade é mais crua, a segunda é bastante idealizada, pendendo para um melodrama absurdo no qual o diretor pesa demais a mão chegando até mesmo a elaborar imagens clichês como uma que apresenta o assassino projetando uma enorme sombra na parede, simbolizando sua culpa e arrependimento.

Ao menos, sua abordagem é madura em não apresentar as consequências do assassinato para a família que perdeu violentamente seu ente querido, além de não focar no sofrimento da família do assassino que é condenado à morte no fim de seu julgamento. É através do “Não matarás” que o diretor faz sua firme oposição à pena de morte. Para trazer essa catarse, temos alguns passos básicos que mostram um pouco do passado do assassino que é bastante absurdo envolvendo uma irmã e uma trágica história de bebedeira com um trator até chegar a sua execução.

De modo similar, Kieslowski filma com bastante frieza, apenas mostrando o ato na tentativa de realizar um profundo contraste entre os dois atos de matar e de seus contextos. Com as imagens de desespero do assassino prestes a ser enforcado e o desolamento emocional do advogado, o cineasta busca evocar diversas questões sobre a validade da pena capital tentando afetar o espectador pelo choque.

Crime e Castigo

Não Matarás é um filme tendencioso com toda a certeza. O cineasta manifesta sua posição a respeito do ato de matar e punir, além de acreditar na transformação completa de infratores da lei. Seria um longa mais interessante caso não houvesse esse nítido posicionamento que remove a ambiguidade apresentada na primeira metade da obra.

Por conta de sua estrutura previsível, personagens caricatos e extremamente idealizados, além de algumas cenas repetitivas que conferem certo marasmo ao ritmo, Kieslowski faz seu filme conceitual sobre os diferentes assassinatos dos dois lados da lei. Goste ou não, ele provou a força que um filme pode ter, pois após diversos legisladores e responsáveis legais poloneses conferirem a obra, imediatamente suspenderam a pena capital na Polônia, colocando o tema polêmico novamente em debate e aprovação.

Não Matarás (Krótki film o zabijaniu, Polônia – 1988)

Direção: Krzysztof Kieslowski
Roteiro: Krzysztof Kieslowski, Krzysztof Piesiewicz
Elenco: Miroslaw Baka, Krzysztof Globisz, Jan Tesarz, Krystyna Janda, Barbara Dziekan
Gênero: Drama, Crime
Duração: 84 minuto

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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