Crítica | Meu Ex é Um Espião - Uma Comédia Vazia, Mas Divertida
Quando se fala em filme sobre espionagem o que se vem a cabeça logo de cara é o personagem James Bond e sua numerosa franquia. O humor sempre esteve muito presente nos longas de 007 e esse humor esquecido pelos filmes protagonizados por Daniel Craig quase nunca deixam de fazer parte do gênero da comédia, como o encontrado em Austin Powers e depois com produções menores sobre espionagem sem muito destaque. O traço desse tipo de longa é o de criar espiões que esbarraram sem querer na missão de serem heróis por acaso. Meu Ex é Um Espião apresenta duas protagonistas fazendo humor com esse tema, e escárnio funciona para fugir de situações confusas e em outras cenas ele se mostra forçado.
Puxado pela dupla de protagonistas Mila Kunis (Perfeita é a Mãe) e Kate McKinnon (A Noite é Delas) que são duas amigas que acabam indo parar no meio de uma disputa de um pen drive e precisam fugir para salvar suas vidas. Desde o início em que aparecem juntas a diretora (Susanna Fogel) já nos deixa claro o tipo de humor que irá abordar, como será o tipo das piadas e quem são as protagonistas. Há sempre uma situação nova sendo criada para se fazer rir, ou alguma piada ou diálogos engraçados que logo se esgotam, ou por ser algo dito fora de hora ou pela piada simplesmente não ter se encaixado bem naquela cena.
Mas são poucos os momentos em que não se ri. Em geral é daquelas produções que se vai assistir e se divertir sem precisar se preocupar com o que é apresentado. O humor é feito de uma maneira simples com diálogos fáceis de serem compreendidos e uma trama que se entende de início, além de tiradas rápidas. O principal problema dele é o que quase todas produções do gênero tem em comum que é a falta de uma mensagem, algo que o torna um filme vazio sem nada para ser dito, apenas apresentado de maneira superficial que entre na sua cabeça e depois se esqueça do que assistiu.
As cenas mais engraçadas acontecem quando as duas estão sendo perseguidas, mas não é aquela risada espontânea. Em alguns momentos se força para se fazer rir, um elemento que funciona já que as duas protagonistas têm carisma e a forçação não fica boba. As duas em cena estão ótimas, o problema é quanto aparece o antagonista, aí se perde o humor e fica mais forçado ainda. A falta de um vilão forte é o que empobrece a trama, se por um lado temos duas boas personagens do outro temos um vilão fraco, sem força para segurar suas cenas, algo que não acontece na comédia A Espiã que Sabia de Menos com Melissa McCarthy e Jason Statham. O vilão é nada mais nada menos que Jude Law, e isso faz a história ficar mais balanceada com atuações boas por ambas as partes que participam.
Tanto Mila Kunis quanto Kate McKinnon estão bem em suas personagens, mas aqui há também uma falta de compasso entre as duas, enquanto Milla Kunis é uma mulher mais centrada e o humor dela acontece quase que espontâneo McKinnon vê a necessidade quase sempre de forçar em suas piadas, isso é explicado por sua protagonista ser meio maluquinha. Esse vício em sempre forçar no jeito de fazer humor é algo que vem dos seus trabalhos de McKinnon no programa de humor Saturday Night Live, para a personagem pode funcionar em alguns momentos, mas fica cansativo de tão repetitivo e exagerado.
Por ser um filme de espionagem é necessário que tenha cenas de ação, elas estão bastante presentes, desde as cenas em que estão em fuga desenfreada, mas elas não são bem trabalhadas. Colocam explosões, tiroteios e lutas quase que a todo instante, como um fator para esconder os buracos da narrativa, sempre que o filme se torna chato colocam alguma cena de ação sem sentido apenas por colocar e quase sempre tentando fazer um certo humor nas cenas de ação, algo que não funciona também pelo simples fato de não saberem colocar as protagonistas em uma real situação de perigo, pois sempre que aparecem com algum criminoso ele some quase que rapidamente sem ao menos ter feito algo que dê mais tensão para o que está acontecendo com elas.
Os personagens secundários são interessantes e intrigantes, mas não tão bem utilizados. O destaque do segundo escalão é o ator Sam Heughan (Outlander) que cai de paraquedas na trama e se sai muito bem, seu personagem é bem escrito e não nos dão pista para quais dos dois lados ele está jogando, um elemento interessante sendo que é uma produção sobre espionagem e faltava saber se seu personagem era o bonzinho ou o malvado da história. Esse artifício de enganar o público deixando só para o final saber se ele é do bem ou do mal poderia ter sido usado mais vezes como feito em o O Agente da U.N.C.L.E. em que sabemos quem são os dois espiões, mas não sabemos quais dos dois protagonistas é o mais confiável
Algo bastante elogiável é a trilha sonora. Bem trabalhada e escolhida a dedo, vai desde Scorpions e Elvis Presley á Crash Test Dummies com a famosa música Mmm Mmm Mmm Mmm. Há outros nomes desconhecidos, mas igualmente interessantes que podem ser encontrados comprando a trilha sonora, Há um trabalho minucioso de se encaixar cada som em cada cena específica e isso é bem feito, dando maior badalação para uma cena que as vezes não é tão empolgante quanto aparenta ser.
Susanna Fogel foi um acerto para dirigir a produção. Apesar de ter poucas produções como diretora no currículo consegue fazer uma comédia suave, sem apelar demais para o humor desnecessário ou escatológico em que muitas comédias americanas acabam por fazer. Sua direção foge do que estamos acostumados a ver no humor, mas que ainda precisa de mais atenção quanto ao roteiro em que há altos e baixos e piadas que as vezes não funcionam. Meu Ex é Um Espião é competente em fazer rir sem dificuldades e deve atrair um grande público aos cinemas.
Meu Ex é Um Espião (The Spy Who Dumped Me, EUA – 2018)
Direção: Susanna Fogel
Roteiro: Susanna Fogel, David Iserson
Elenco: Mila Kunis, Kate Mckinnon, San Haughan, Justin Theroux, Gillian Anderson
Gênero: Ação, Comédia
Duração: 117 min.
https://www.youtube.com/watch?v=Xg5I4_dGyQw
Crítica | Slender Man: Pesadelo Sem Rosto - Assusta de Tão Ruim Que é
Cada vez mais os filmes de terror tentam inovar nos sustos, seja colocando os personagens em um ambiente inóspito e isolado ou fazendo com que algo apareça pelas costas para pregar o famoso susto surpresa, ou então inserindo uma trama que tenta se sustentar em cima do vilão. Tudo isso e mais um pouco é encontrado em Slender Man - Pesadelo Sem Rosto, e tudo apresentado de forma exagerada e bizarra que o faz ser um dos piores filmes de terror dos últimos anos.
O principal problema foi a criação da atmosfera de terror que envolve todo o vilão e as protagonistas. O diretor (Sylvain White) cria um clima sombrio, sem tensão nem suspense, e quando tenta nos fazer acreditar que nada vai acontecer dando um ar de normalidade ela é quebrada com a música, aí fica fácil saber que virá algum susto de algum lugar. Na floresta que é o habitat natural de Slender Man é o lugar que poderia rolar algo de diferente, mas ele cai na mesmice de outras produções como A Morte do Demônio ou a Bruxa de Blair com correria e mais correria sem rumo pela floresta e sem saber ao certo qual rumo tomar.
Há uma necessidade exagerada em querer assustar, mesmo que não haja motivo algum para isso acontecer, ou tentam criar um suspense com a música (que é a única coisa assustadora no filme) ou com jogadas rápidas de câmera ou as levando ao que se parece ser a provável loucura que a entidade cria na cabeça das garotas. Essa obrigatoriedade em ter que assustar atrapalha bastante o andamento da história, pois ela é deixada de lado como algo secundário só para se focar em jeitos múltiplos de assustar o telespectador.
O principal atrativo da trama é obviamente Slender Man e até nisso erraram. Todos já sabem quem é o vilão, ele aparece no marketing e sua imagem é bastante disseminada pela internet. Em produções do gênero de terror é comum se esconder quem é o ser que atormenta famílias ou grupo de adolescentes, só que aqui há um exagero. Escondem tanto que quando ele aparece há uma desilusão, pois ele não é nem assustador, nem apavorante. Sempre que surgia não fazia nada, e quando fazia não era mostrado, um corte e ia para outra cena, nem se quer pensaram em o mostrar agindo na outra dimensão (lugar onde possivelmente reside), diferente do que ocorreu na série Stranger Things ou no filme Sobrenatural, a diferença é que nessas duas produções a ambientação de onde estaria escondida a entidade ou monstro foi bem construída e não jogada como acontece aqui. É um vilão diferente que tinha tudo para ser diferente e assustador, mas ficou sem graça e em alguns momentos ridículo.
O uso da trilha sonora é a única coisa angustiante e que nos lembra que estamos em uma produção de terror, é uma trilha que ajuda a dar os sustos que funcionam, mas depois de um tempo ela se torna parte do filme e você esquece dela, há também um uso desnecessário para a trilha, há cenas em que ela não é necessária, mas mesmo assim está lá fazendo parte como se fosse um objeto de cena. Já o uso dos jump scares são excessivos e nada surpreendentes, funcionam de início, mas depois devido a muita repetição da prática se torna monótona e vergonhosa.
O roteiro se equívoca em contar a origem do ser que dá nome a produção. Como se sabe, Slender Man tem origem em um meme feito pela internet e essa origem chega a ser pelo menos usada rapidamente no filme como fato determinante para disseminá-lo como um vírus para todos que o assistem. Só que o roteiro nos leva a vários significados de quem é Slender Man, de onde vem e o que faz com as pessoas que o convocam, só que dão tantas alternativas sobre essas curiosidades que em algum momento tudo se torna confuso demais. Vai pela linha de que Slender se prende nas memórias para atormentar as pessoas, de que ele é uma entidade gerada de eletricidade, ou que seria algo vindo do sobrenatural. Misturam ocultismo, demônios e sobrenatural. Várias questões e temas que são levantados, mas que claramente foram jogados ali para dar maior corpo para a história e tentar a tornar mais atrativa, algo difícil de acontecer com tantos fatos sendo evidenciados e nada trabalhados.
Do elenco Joey King (A Barraca do Beijo) e Annalise Basso (Capitão Fantástico) são as mais conhecidas, mas a única que se salva é Annalise Basso, só que sua personagem é mal aproveitada e nada desenvolvida, assim como todo o resto do elenco. Todos personagens poderiam ser mais interessantes do que realmente são. Havia espaço para crescerem mais, mostrar seus dramas particulares, seus medos, mas fica tudo muito superficial e mal explorado. Algo que o remake de It conseguiu fazer com maestria ao abordar a vida de cada um dos personagens. Em Slender Man parece que só pensaram mesmo em mostrar que algo está atrás delas e que elas estão em perigo, uma atitude errada do roteiro, já que as garotas têm papel importante para a trama.
Se há algo elogiável na direção são alguns enquadramentos feitos quando Slender Man aparece de sopetão e no jeito que trabalha (em alguns momentos) a loucura das protagonistas. Algo que funciona e está na dose certa, sem exagerar e sem ficar repetindo a todo instante. Sylvain White poderia ter usado esses flashs de ousadia em outros aspectos da narrativa e sair da mesmice e da obviedade que a história se encontrava.
Um roteiro como o de Slender Man mostra que as vezes ter um vilão forte e assustador não é o suficiente para segurar uma trama. Há vários equívocos que fazem com que o telespectador deixe de se impressionar com o que está vendo, com o tempo tudo vai ficando chato e cansativo. Há um aprendizado em tudo isso que é o de que não adianta criar uma ambientação bacana, sem a inserir decentemente na história e não criar uma relação decente entre as protagonistas e o local em que serão inseridas. Invocação do Mal é um exemplo disso, a atmosfera criada em torno da casa é feita aos poucos com elementos simples que vão perturbando o telespectador. Em Slender Man nada funciona, pois o roteiro é frágil em fazer até o simples que é o de fazer com que a história seja interessante a ponto de prender a atenção de quem assiste.
Slender Man: Pesadelo Sem Rosto (Slender Man, EUA – 2018)
Direção: Sylvain White
Roteiro: David Birke, Victor Surge
Elenco: Joey King, Julia Goldani Telles, Jaz Sinclair, Annalise Basso, Alex Fitzalan
Gênero: Horror, Mistério, Thriller
Duração: 90 min.
https://www.youtube.com/watch?v=eRV-c3hs3vw
Crítica | O Protetor 2 - Uma Ótima Continuação
Em O Protetor lançado em 2014, Denzel Washington interpretou de maneira magnífica um homem (Robert McCall) que vivia uma vida comum, mas sempre quando via alguém em perigo se metia no meio da história para a proteger. O ex-agente da CIA agia para defender os fracos e oprimidos da mão de criminosos. Em O Protetor 2, Denzel está de volta como protagonista e agora com um personagem mais intenso e melhor desenvolvido.
McCall continua sendo um homem de poucas palavras e com a mesma abordagem que no anterior, usa a moral e a ética para ajudar pessoas que precisem, sendo dando um livro ou um conselho que irá servir para a vida, ou utiliza de suas habilidades para lutar contra o crime, sendo contra estupradores ou contra uma gangue que tenta desvirtuar alguém para o crime. É um homem com uma moral interessante para um mundo que parece ter esquecido dela, McCall lembra bastante Travis Bickle do filme Taxi Driver, um homem que julgava o mundo e que tenta salvar uma garota da prostituição.
O diretor (Antoine Fuqua) parece não querer esconder as semelhanças, tanto que faz o protagonista dirigir um Uber e pelas janelas vivencia um mundo de miséria e de pelo retrovisor enxerga os diversos problemas com que os passageiros passam. Uma das maiores lições que o personagem de Denzel pôde nos mostrar, na trama é quando conhece Miles Whittaker (Ashton Sanders), um garoto que sonha ser artista. McCall tenta ensinar algo ao garoto, pois ele acredita na mudança das pessoas e que elas podem trilhar seu caminho para longe do mundo do crime. McCall age como se fosse o pai de Miles, dando valor ao rapaz e dando conselhos, além de dar uma chance para que coloque seus trabalhos em prática.
Fuqua detalha melhor - mesmo que brevemente - sobre a vida de McCall. Sua esposa aparece pela primeira vez em foto, além de ser mais mencionada. Fuqua faz McCall ir até o local em que vivia antes de se mudar para Massachusetts. Essa retirada do personagem de seu lugar comum é importante para o protagonista, o fazendo reviver o passado e assim nos fazendo conhecer mais sobre o ex-agente e também para não ficar na mesmice do anterior, precisava retirar ele de lá e esse foi o motivo encontrado.
Denzel Washington como sempre está ótimo, entrou no personagem como há muito não se via. Se em O Protetor ele já mandou bem em O Protetor 2 melhorou dando mais intensidade aos sentimentos como raiva, tristeza e seriedade a um protagonista que busca vingança a todo o custo, além de lutar contra seu passado. Denzel já protagonizou muitos longas de ação ao longo de sua carreira, e sempre manteve o jeitão sério e sisudo. A diferença de sua interpretação aqui é que ele não força, não faz caras e bocas e não tem aquele tom sarcástico usado em filmes como Protegendo o Inimigo e Dose Dupla que levariam o protagonista pra outro caminho que não seria aquele esperado para a trama.
Tudo que um fã de ação gosta em uma produção do gênero irá encontrar em O Protetor 2. A pegada é a mesma do anterior com muita violência e cenas bastante sangrentas, entre ossos quebrados e sangue espirrando para todo o lado, descobrimos que McCall pode ser mais cruel quando provocado. Em meio a sua vingança pessoal e em busca de justiça vai atrás de seus adversários um por um. A cena do cartão de crédito é memorável pela praticidade em usar algo tão comum para matar.
No último ato, aquele em que ele despeja toda a violência contra os vilões, Fuqua o leva para uma cidade abandona por causa da chegada de um furacão, essa cidade é o espelho de como é a vida de McCall, uma vida vazia sem sua esposa, aquela cidade é a ligação com o passado que falta a ele e esse é o vazio que ele busca preencher. A cena de ação desse último confronto é de tirar o fôlego não pela intensidade, mas pela brutalidade com que é montada.
O vilão da vez é Dave York, um homem que luta e age como os agentes de antigamente, sem moral, sem ética e sem ligar para o sofrimento alheio. É um vilão bem estruturado, vão o criando aos poucos, de homem bacana e amigo para alguém capaz de fazer tudo que está ao seu alcance para realizar o objetivo de sua missão. York é interpretado belamente por Pedro Pascal, um ator que vem ganhando cada vez mais destaque desde que apareceu em uma luta marcante na série Game of Thrones em um embate épico contra o personagem Montanha.
O responsável por levar às telas esse bom roteiro é o já mencionado Antoine Fuqua, um diretor que tem em sua filmografia uma mescla de produções com foco no crime como Atraídos Pelo Crime e Dia de Treinamento e outros na mais pura ação como é o caso de Invasão à Casa Branca, em que o diretor transforma a Casa Branca em um cenário de vídeo game com muita destruição. A ideia de Fuqua em The Equalizer 2 (nome original) é trazer um protagonista mais humano, que só pratique violência contra pessoas que provoquem o mal. A maioria das produções desbanca para a violência sem motivo aparente ou apenas a colocam por colocar. Esse é o mérito de O Protetor 2, trazer um motivo para a ação acontecer e a transformar em mais realista e tensa que simplesmente colocar só metralhadoras e bombas.
O Protetor 2 (The Equalizer 2 – EUA - 2018)
Direção: Antoine Fuqua
Roteiro: Michael Sloane, Richard Lindheim, Richard Wenk
Elenco: Denzel Washington, Pedro Pascal, Ashton Sanders, Orson Bean, Bill Pullman, Melissa Leo
Gênero: Ação, Thriller
Duração: 121 min.
https://www.youtube.com/watch?v=FHPK-tGAYxg
Crítica | Você Nunca Esteve Realmente Aqui - Um Relato Sobre os Traumas Passados
Joaquin Phoenix é um dos grandes atores de sua geração, com atuações marcantes como em Gladiador e em Johnny e June. Em Você Nunca Esteve Realmente Aqui Joe (Joaquin) é um homem que não irá medir esforços para resgatar uma garota da mão de uma rede organizada de pedofilia. É uma trama pesada, criada para um personagem que não age por vingança como parece acontecer, mas sim pelos seu extinto de sobrevivência e por fazer o que acha ser o certo.
O personagem de Joe lembra muito o de Robert McCall do filme O Protetor, um homem violento, mas que age pela moral. Joe recebe dinheiro para matar pessoas, faz o serviço quase sempre com martelo ou outros tipos de armas. A virada no roteiro se dá quando aceita um serviço e acaba por se ver no meio de um esquema de pedofilia envolvendo políticos poderosos.
Há muitos mistérios que tornam o protagonista intrigante e interessante. A começar pelo trauma infantil que Joe vivenciou - isso mostrado em flashs em sua cabeça - com seu pai violento. Essa brutalidade pela qual passou o transformou na pessoa que é, como seu cotidiano era de violência ele quando adulto passou a praticar a violência que viveu contra outras pessoas. O martelo que ele tanto usa para desferir golpes certeiros em suas vítimas é nada mais nada menos que o instrumento usado por seu pai para praticar agressões. Pode-se dizer que Joe se tornou o seu pai, mas Joe soube discernir o certo do errado e usa a sua violência vivida contra pessoas que pratiquem crimes.
Essa violência pela qual o personagem passou dá o mote a produção e há muita crueldade em seu jeito de agir. Sempre quando irá acontecer uma cena cruel a diretora corta e não a mostra explicitamente, sabemos o que aconteceu, mas não vemos partes de corpos sendo esmagadas ou quebradas. A violência no filme ela é mais mental que física, pois o que ocorreu com ele quando criança está acontecendo agora com a garota que ele está tentando ajudar, ele não quer que ela viva o mesmo trauma que ele viveu e que a garota possa assim ter uma vida normal sem precisar infringir dor a seu corpo e a sua alma.
A direção ficou a cargo de Lynne Ramsay do ótimo Precisamos Falar Sobre Kevin em que ela nos mostrava como a mãe de um dos assassinos do massacre de Columbine viveu o trauma pós-ataque, e lá ela já trabalhava temas como traumas passados e solidão, algo que ela aprofundou em Você Nunca Esteve Realmente Aqui, pois o personagem não tem ninguém em quem confiar ou poucas pessoas com quem conversar, é um homem sozinho que vive apenas para praticar atos violentos e lutar contra os pesadelos do passado.
Lynne faz ótimas jogadas de câmeras acompanhando o personagem com planos abertos e planos fechados, além dos planos detalhes que nos tiram a atenção do personagem para chamar a atenção para outras coisas, hora para o martelo que está em suas mãos hora para uma arma que está prestes a ser usada.
A interpretação de Joaquin Phoenix é perfeita, mostra como o ator consegue se transformar de papel para papel, e provavelmente este personagem pode ter o gabaritado para interpretar Jocker alguns anos adiante. Sem dúvida uma de suas melhores interpretações na carreira.
É um bom filme sobre como algo rotineiro que ocorre na vida de uma pessoa - no caso a violência por parte do pai do protagonista - pode nos moldar e nos transformar em outra pessoa em um futuro próximo, mas que nós temos escolha do que fazer e quais caminhos traçar. Lynne trabalhou bem o personagem e o roteiro, todas as decisões são as mais atraentes para a trama e não há diálogos jogados ou desnecessários que nos tirem o foco.
Você Nunca Esteve Realmente Aqui (You Were Never Really Here – EUA, França, Reino Unido, 2017)
Direção: Lynne Ramsay
Roteiro: Lynne Ramsay
Elenco: Joaquin Phoenix, Ekaterina Samsonov, Alessandro Nivola
Gênero: Drama, Thriller
Duração: 85 min.
https://www.youtube.com/watch?v=wesbY3DE390
Crítica | Acrimônia - Um Filme com Roteiro Mal Estruturado
A vingança quase sempre é tema recorrente no cinema, não importa em qual gênero, seja na comédia, drama ou suspense. E é esse o foco principal de Acrimônia, filme dirigido por Tyler Perry (O Halloween de Madea) e com a atriz Taraji P. Henson (Empire) interpretando a mulher que sonha realizar uma vingança brutal contra seu ex-marido
Na trama, Melinda (Taraji) ainda jovem se casa com Robert (Lyriq Bent), um homem mais velho, mesmo contra a vontade de sua família. Com o tempo o casamento se torna um pesadelo, já que ela se mata de trabalhar e ele vive em casa tentando fazer sua invenção dar certo e nisso Robert fica na boa enquanto Melinda vive se matando para conseguir dinheiro. O problema ocorre quando ele vende seu projeto algum tempo após ela ter o mandado embora de casa. Eis que só então o diretor decide entrar na tal vingança que Melinda irá praticar.
Essa demora em entrar no que realmente importa que é o da vingança é o maior problema da produção. Tyler Perry nos apresenta no primeiro e segundo ato uma ideia de que o amor de Melinda por Robert é muito grande para ela o largar, de que ela faz tudo e ele nada faz, de que Robert só quer ficar em casa sem trabalhar enquanto ela se mata para receber um salário, e nisso o diretor ia jogando artimanhas para nos mostrar que o longa é sim sobre vingança, como o momento em que explica o significado de Acrimônia, nos explicando o nome do filme e o que viria pela frente.
O problema vem com o terceiro ato em que expõe o que era para ter sido mostrado há muito tempo. Tudo o que foi mostrado anteriormente a respeito de Melinda é esquecido. Nos mostra uma mulher sentimental, sensível, que com o tempo ficou amarga, sozinha e se sente enganada por Robert. Essa transformação da mulher boa para a mulher má não é tão bem construída, há uma certa pressa para nos dizer o que iria acontecer. O pior de tudo é fazer Melinda se tornar uma obsessiva não pelo dinheiro que Robert recebeu, mas sim por tê-lo de volta ao seu lado.
Essa criação do ódio da protagonista poderia ter sido inserido desde o primeiro ato quando ela descobre uma traição. Mas o diretor prefere deixar Melinda sempre com o aspecto de boazinha e do nada a transforma em uma mulher irracional que age apenas pelo desejo. A ideia do diretor é mostrar que há pessoas que fazem de tudo para conquistar o amor perdido, mas feito de forma equivocada ficou parecendo apenas algo trash.
O tema principal a ser abordado pelo diretor e roteirista não deveria ser o da vingança e sim o da injustiça e abuso com o qual Melinda sofre ao longo da sua vida ao lado de Robert (Lyriq Bent). Ela é usada durante todo o tempo como financiadora do projeto e o amor que o diretor tenta nos mostrar existir por parte dele se mostra falso e vazio. A parte em que ela é usada para fomentar seu projeto é muito mais interessante e relevante do que as cenas de loucura de Melinda.
Tanto o suspense como o drama das cenas são mal construídas. O suspense do último ato é óbvio e sem sentido, a partir da hora que sabemos o que ela irá fazer há tentativa de surpreender com os ataques da protagonista, outra tentativa que não dá certo. O drama inserido dá certo até o momento que Perry começa a forçar de todas as formas que Melinda está sofrendo, sendo que isso já havia sido mostrado por quase uma hora, a carga dramática se perde com o excesso de repetições de situações.
Taraji P. Henson é uma grande atriz, mas aqui sua interpretação é caricata e quando se torna vingativa interpreta de modo exagerado e não convence como mulher obsessiva. Para não dizer de Lyriq Bent que em nenhum momento nos passa confiança, nem o sentimento de amar Melinda, muito menos nos passa carisma. Sua interpretação beira o amadorismo de tão fraca.
Acrimônia tem mais erros que acertos por isso é um filme bastante irregular, principalmente em suas viradas de roteiro. Tyler Perry precisa melhorar bastante para aprender a passar o sentimento de medo e terror sem precisar exagerar, parecia que estava fazendo uma comédia e não um suspense. Possivelmente, em seus próximos longas sobre o tema, consiga estruturar melhor suas ideias e convencer seu público que é sim capaz de abordar tramas diferentes.
Acrimônia (Acrimony – EUA, 2018)
Direção:Tyler Perry
Roteiro: Tyler Perry
Elenco: Taraji P. Henson, Lyriq Bent, Crystle Stewart, Jazmyn Simon, Ptosha Storey
Gênero: Thriller
Duração: 120 min.
https://www.youtube.com/watch?v=F5e_1BkO5X4
Crítica | Distúrbio - Obsessão Criminosa
Volta e meia temos mais e mais inovações tecnológicas sendo lançadas por diversas empresas. Os celulares foram os aparelhos que tiveram maior salto em relação a qualidade de inovação até chegar a seu auge com a possibilidade de filmar vídeos em alta resolução. Dessa forma Steven Soderbergh (Contágio) decidiu filmar Distúrbio inteiramente com um Iphone Plus. Foi uma ótima ideia usar um celular para fazer o filme, já que o processo de filmagem fica muito mais ágil dando maior mobilidade sem precisar usar câmeras pesadas, além de ter maior facilidade para trabalhar enquadramentos e jogadas de câmeras.
Em Distúrbio acompanhamos a protagonista Sawyer Valentini (Claire Foy), uma mulher que convive com o trauma de ser perseguida por um assediador. Sem querer, em uma sessão com sua psicoterapeuta e sem perceber acaba assinando papéis sem ler e é trancafiada em uma clínica de reabilitação contra sua vontade. Lá seus pesadelos mal começaram, descobre que o homem (Joshua Leonard) que a assedia começou a trabalhar na mesma clínica que está sendo tratada.
Steven Soderbergh toca no tema do assédio sem precisar forçar nas ações do homem para nos mostrar como tal ato é sim bastante cruel para quem é vítima dele. Joshua Leonard é um rapaz calmo e que ninguém imaginaria ser capaz de perseguir uma mulher até as últimas consequências, seja na casa de Sawyer, em seu local de trabalho, ou nesse caso conseguindo um emprego na clínica apenas para continuar a assediando. É angustiante a situação da protagonista e esse é o principal mérito do filme, em nos apresentar esta situação problemática em que Sawyer se envolve com a perversão de seu assediador. Lembra bastante Um Estranho no Ninho com Jack Nicholson, em que um homem normal é levado a um hospício por praticar atos que a sociedade considerava errados.
Além de debater o tema do assédio Soderbergh também trata do sistema de saúde americano. Sawyer ao ser presa na clínica de reabilitação contra sua vontade, sem acesso a um advogado e sem ter como escapar. A clínica faz isso com o intuito de receber mais dinheiro do seguro-saúde da empresa empregadora de cada paciente. Não há aprofundamento sobre o tema, ele é apenas jogado para dar uma justificativa do porque ela sofre tantos abusos lá e do porque está presa.
Há uma tentativa em dar um tom dramático e tenso para a produção, mas essa tentativa se esvai com o tempo em que o homem está na clínica, o diretor demora em nos mostrar do que ele é capaz e vai criando a situação de forma lenta, construindo o terror e o suspense que virá pela frente. Até o homem começar a agir há um trabalho bem feito sobre quem seria ele e porque fazia tudo aquilo.
Matt Damon faz uma ponta como personagem secundário e está ótimo, uma pena não ter sido usado em outras cenas. Igualmente bem está Joshua Leonard (Se Eu Ficar) como o psicopata perturbado que ama desesperadamente Sawyer. Joshua recebeu um personagem feito sob medida para um ator que a cada produção só cresce em interpretação. Para não dizer da própria Claire Foy (The Crown) que mostra por que é uma atriz de grande futuro. Sua interpretação é carregada de desespero, ódio e força de vontade, algo que a personagem demandava, passa todos estes sentimentos sem forçar na interpretação.
A fotografia bem montada nos dá um ar de claustrofobia dentro da clínica e nos faz parecer que ali é uma prisão sombria. Essa luz escura dá um tom mais realista e em outros momentos há uma luz azul feita para dar uma perturbação maior na situação que a protagonista se encontra. E claro que com o uso do Iphone há uma praticidade já mencionada e uma maior imersão nos planos abertos, não há quase nenhum plano e os planos detalhes quando feitos são abertos. Não há um zoom feito com o celular, já que poderia acarretar no estouro dos pixels e faria o vídeo perder qualidade.
Soderbergh tem em sua cinematografia uma vasta experiência em filmes com a temática da saúde. Em Contágio apresentava uma pandemia que devastava o planeta, na série The Knick fala sobre a medicina na primeira metade do século XX e ainda há Terapia de Risco que se passa na área da psicofarmacologia. Toda essa experiência na área da saúde fez com que o diretor não cometesse erros do passado como o alongamento de cenas desnecessárias ou diálogos sem sentido. Tudo em Distúrbio é na medida certa e ele cria uma atmosfera de medo e perturbação real que poderia acontecer com qualquer pessoa.
Distúrbio (Unsane – EUA, 2018)
Direção: Steven Soderbergh
Roteiro: James Greer, Jonathan Bernstein
Elenco: Joshua Leonard, Claire Foy, Sarah Stiles, Marc Kudisch, Amy Irving, Colin Woodell, Jay Pharoah
Gênero: Horror, Thriller
Duração: 97 min.
https://www.youtube.com/watch?v=u7KZrt_cHH0
Lista | 10 melhores filmes de Fantasia
A fantasia é um gênero derivado da ficção que trabalha temas como o sobrenatural e ambientes mágico e tem a magia como fator principal na criação da narrativa. Nessas histórias não é difícil encontrar dragões, mundos fantásticos, orcs e elfos. O gênero da fantasia sempre foi bastante trabalhado pelo cinema, rendendo ótimos longas que até hoje são lembrados por quem assistiu.
10. A Princesa Prometida (1987)
Este é um clássico desconhecido, mas que vale muito a pena ser visto. Sua principal mensagem é do poder da leitura e como ela pode te levar para lugares inexplorados, cheios de aventura e perigos. Um senhor de idade lê um livro chamado de "A Princesa Prometida" para seu neto doente e nisso podemos ver na imaginação a criação desse mundo e passamos a acompanhar. Destaque para a princesa Buttercup interpretada pela atriz Robin Wright (House Of Cards) e para a boa ambientação da criação do mundo fantástico, além de ser uma paródia bem definida do mundo épico medieval. Produção foi indicada ao Oscar de 1988 na categoria melhor música e foi inspirada na obra do escritor e roteirista William Goldman que lançou o livro original em 1973 e em 1987 o levou aos cinemas.
9. Labirinto - A Magia do Tempo (1986)
Das produções dos anos 80 sobre o universo fantástico uma das que mais traz nostalgia é sem dúvida Labirinto. Um filme que trazia como vilão principal o astro do rock David Bowie, em uma interpretação fantástica e que chegava a dar medo de tão realista. O ponto forte do longa de Jim Henson (O Cristal Encantado) é a criação do mundo imaginário que a protagonista acaba indo parar para pegar de volta seu irmão mais novo que foi levado por pequenos duendes durante a noite. Jim Henson é um diretor que trabalhou bastante em suas produções o tema da fantasia, com orcs, elfos e outros monstros. Na época em que Labirinto foi filmado os efeitos especiais digitais ainda não existiam no jeito que conhecemos hoje e tudo que se vê nele foi feito pelo pessoal dos efeitos especiais, que trabalharam para dar maior realidade aos personagens.
8. Highlander - O Guerreiro Imortal (1986)
Christopher Lambert ficou imortalizado no papel do guerreiro imortal Highlander. Esse é outro filme clássico da década de 80, seu sucesso foi tão grande que contou com duas continuações diretas com o próprio Lambert como protagonista e outros derivados não muito relevantes, além de uma série de 1992 pegando a linha temporal do longa de 86. Connor MacLeod (Christopher Lambert) se descobre um imortal ainda no século XVI e a partir de então descobre que não é o único com esse poder. Dando um salto temporal para o ano de 1986 ele se encontra no desafio de enfrentar um outro Highlander também imortal e para isso terá que lutar contra ele para que seja o único da classe de imortais. Highlander é um personagem que pode voltar em breve às telas, já que um remake está em desenvolvimento e essa é uma ideia interessante. O público moderno não o conhece, e em meio a onda de remakes que Hollywood vem desenterrando não seria de se espantar que isso ocorreria.
7. O Mágico de Oz (1939)
Inspirado na obra de L. Frank Baum Mágico de Oz é um clássico do cinema e que no ano de 2013 a Disney tentou resgatar com o fraco Oz: Mágico e Poderoso que foi uma tentativa de atualizar uma história tão antiga. Oz é uma produção simples e mesmo nos dias de hoje é espetacular, levando em conta o tempo em que foi filmado. A fantasia é bem construída com a presença da fada e da Bruxa, trazendo o confronto entre o bem e o mal com a presença inocente da garota Dorohty, que é ajudada em sua jornada pelos três cavaleiros que são o espantalho, o leão e o homem de lata. O principal elemento da produção são as cores em uma época em que o cinema banco e preto perdia espaço e o cinema colorido ganhava mercado. Algumas cenas de Mágico de Oz foram gravadas em preto e branco devido ao alto valor que a tecnologia colorida custava, o preto e branco era mais barato por isso resolveram mesclar as técnicas.
6. O Labirinto do Fauno (2006)
Se há um diretor que sabe trabalhar o universo fantástico esse é Guillermo Del Toro (A Forma da Água). Em Labirinto do Fauno ele trabalha como nunca o imaginário de uma garota que se encontra na casa de um general na época do regime franquista. É uma alusão a ditadura e é assustador o jeito que ele cria esse universo que a garota se encontra, a fazendo conhecer um mundo grotesco e cheio de maldade. Consagrado com o Oscar de melhor filme estrangeiro ajudou a alavancar sua carreira de diretor.
5. A Viagem de Chihiro (2001)
O Studio Ghibli já era bastante conhecido quando A Viagem de Chihiro estourou nos cinemas. O anime fez tanto sucesso que ajudou a popularizar ainda mais o estúdio com um público que não conhecia ainda as fantásticas produções de Hayao Miyazaki. Cheia de simbolismo e metáforas com a cultura japonesa a produção ganhou, merecidamente o Oscar de melhor animação e não é um erro de dizer que é uma das maiores obras de Miyazaki. A fantasia está bastante presente com a garota interagindo com personagens muitas vezes que não são do nosso plano terrestre.
4. Saga Harry Potter
Há inúmeras grandes franquias de sucesso no cinema Star Wars, Star Trek, Planeta dos Macacos e junto podemos colocar a saga do bruxinho Harry Potter. Com oito longas inspirados em sete livros lançados pela autora J. K. Rowling (último livro foi desmembrado em dois filmes) se tornou um sucesso instantâneo, fazendo com que todos os filmes brigassem pelo primeiro lugar nas bilheterias sempre que estreavam nos cinemas. Seguimos por oito anos a saga de Harry Potter com seus dois fiéis amigos, Hermione (Emma Watson) e Ronald Weasley (Rupert Grint). O principal acerto da franquia foi trazer algo já muito mostrado na cultura pop que eram as bruxas e os bruxos para uma faixa etária que estava ávida por novas histórias do gênero. Hogwarts é até hoje um dos lugares que os fãs da saga mais sonham em visitar e muitos dos nomes usados nas produções se tornaram populares. Sucesso foi tamanho que mesmo depois do término do último filme decidiram criar uma nova safra de adaptações puxado por Animais Fantásticos e Onde Habitam que terá uma continuação em breve.
3. Monty Python Em Busca do Cálice Sagrado (1975)
A trupe do Monty Phyton é famosa pelo seu humor nonsense que quase sempre beira o absurdo empregado em suas produções. Em o Cálice Sagrado criaram uma sátira da época medieval, mais especificamente usando a famosa história do Rei Arthur e com o famoso artefato conhecido como cálice sagrado que dá nome ao filme. Durante todo o tempo o que se vê são cenas e mais cenas surreais como a de um coelho assassino que devora todos que tentam entrar em uma caverna, ou a dos cavaleiros que dizem Ni. São tantas piadas inteligentes que é difícil não dar risada.
2. O Sétimo Selo (1957)
Obra-prima de Ingmar Bergman tem papel de destaque em sua cinematografia por trazer uma trama ambientada na época da Idade Média. Filme veio em uma época em que a Europa ainda passava pelos traumas vividos pela Segunda Guerra Mundial e o filme carrega essa aura sombria. A cena clássica em que o cavaleiro medieval joga xadrez com a morte é famoso e é apenas um elemento a mais em uma produção tão inteligente.
1. Trilogia O Senhor dos Anéis
Senhor dos Anéis não era um livro popular no Brasil quando o primeiro longa foi lançado, mas tudo mudou dese que a saga da Terra Média em que os Hobbits Frodo e Sam precisam cuidar do anel para que ele não caia na mão de Sauron. É uma verdadeira obra-prima do cinema fantástico e um épico em que conhecemos e acompanhamos a trajetória da sociedade do anel passando por montanhas perigosas, florestas sombrias e territórios inóspitos para que a missão seja concluída. São três longas que foram sucesso de público e crítica, fazendo com que a trilogia levasse inúmeros prêmios Oscar, com destaque para o último filme da saga "O Retorno do Rei" que sozinho levou 11 Oscar empatando em prêmio com outro clássico do cinema Ben-Hur. Senhor dos Anéis é uma epopeia mágica em que os personagens precisam enfrentar elfos, orcs, ents, magos, Nazguls... e por aí vai. Tudo no universo cinematográfico foi criado levando em conta os livros de J.R.R Tolkien. Além do Senhor dos Anéis, Tolkien escreveu outras sagas a respeito da Terra Média como O Hobbit (também levado aos cinemas) e O Silmarillion. Há uma série sendo produzida pela Amazon e que promete ter o mesmo sucesso dos longas.
Crítica | Thelma - O Amor como Pecado
Filmes escandinavos vez ou outra encabeçam a lista de premiações internacionais com histórias realistas e sensíveis. Estreia nos cinemas brasileiros Thelma (produção foi escolhida pela Noruega a tentar uma vaga no Oscar de 2018), novo longa de Joachim Trier (Mais Forte Que Bombas).
Thelma é uma garota tímida, que vive sozinha e estuda em uma universidade. Não tem amigos, não namora, nem tem uma vida social ativa. Sua rotina habitual muda quando conhece Anja (Okay Kaya), uma garota que conheceu casualmente depois de ter o que parece ser uma convulsão em sua presença. As duas garotas parecem ter uma conexão, e logo se relacionam e vivem um caso de paixão profunda. Nesse tempo em que a conhece experimenta as mais variadas sensações como o amor, o carinho e a sexualidade.
Só que se engana quem acha que o filme irá focar no relacionamento das duas garotas. Thelma é um thriller sobrenatural e não um romance, e o diretor coloca elementos de suspense nele, desde sua fotografia até o tom misterioso que é empregado em seu andamento. Esse amor inicial entre Thelma e Anja é apenas um pano de fundo para o desenrolar da história, que vai muito além do que a sinopse apresenta. Thelma não é um filme fácil de se entender em um primeiro momento, é preciso prestar atenção nos mínimos detalhes que são apresentados e desvendar o que são os símbolos apresentados.
No primeiro ato do longa a personagem é desenvolvida, seu relacionamento com Anja, o início de sua vida social, e o relacionamento com seu pai religioso. Essa relação com seu pai é bastante problemática e o jeito como é mostrado ajuda a entender a personagem, que por ter um pai religioso fica a todo instante pensando se seu relacionamento é correto, ou até mesmo se sair para beber com os amigos é tolerável.
Toda a vez que Thelma chega perto de Anja e tem alguma excitação ou desejo sexual ela cai no chão se contorcendo como se estivesse tendo uma convulsão, isso mais de uma vez é mostrado. Sempre quando isso ocorre parece ser um fenômeno da natureza, ao ter esses ataques os pássaros ficam todos confusos, as plantas se mexem como se tivessem vida. Essa é uma metáfora para a descoberta sexual da garota e que só será discutida (ou tentará discutir) mais para a frente e mesmo assim ela não é tão clara quanto parece.
A garota tem o dom de fazer pessoas desaparecerem e isso não fica evidente desde o início. Há flashbacks de sua infância que contam que ela já teria esses poderes desde criança, e que voltam à tona agora, logo no momento que se apaixona por outra garota.
O foco não é o amor entre as garotas e sim na vida de Thelma e em seus poderes, que em nenhum momento se discute a origem dessa tal força sobrenatural. É estranho que o diretor Joachim Trier tenha escolhido deixar o romance de lado para começar a contar essa história pessoal envolvendo Thelma e o desconhecido. O diretor tenta dar uma simbologia diferente a narrativa por meio das já citadas metáforas.
É um filme sobre aceitação, esse é seu principal tema. Aí que você entende o papel da religião, o pai severo, a homossexualidade reprimida. Thelma por não se aceitar como é fica se torturando, desejando que as pessoas sumam. Isso explica muita coisa, ainda mais o fato de a garota que ama ter desaparecido do nada. Outra metáfora de que ela levou para o esquecimento Anja por não se aceitar como é e por querer reprimir seus sentimentos.
Por mais que o roteiro seja bem desenvolvido ele não se limita a contar de forma clara os acontecimentos. Há alguns casos sem solução como o do porquê de Thelma ter feito aquilo com o bebê ou o qual o real papel de sua avó na história. São relações que são mostradas, mas sem propósito nem nenhum tipo de análise profunda.
O andamento da narrativa é bastante sonolento, e em alguns momentos por não trazer nada de novo se torna cansativo. E em outros momentos acelera, apresentando fatos para logo em seguida os abandonar. Há momentos que o diretor parece não saber direito o que fazer e que ele próprio se confundiu com o que queria abordar, fora que há dois momentos em que podia terminar a trama e deixa passar batido.
Por mostrar elementos do gênero de suspense há um certo sentido de se fazer tanto mistério. O problema é como esse suspense é montando sem diálogos lógicos ou com falta de uma abordagem mais direta. O que pareciam ser momentos de tensão são repetidamente quebrados por uma espécie de Jump Scares que depois de um tempo soam cafonas e não levam a nada e não causam reação alguma.
Não há química entre as personagens, o mesmo pode-se dizer das atrizes que as interpretam. Não há em nenhum momento algo que demonstre amor afetivo entre ambas, mesmo um sentimento sexual quando demonstrado é feito de forma fria, sem emoção, parecendo que ambas não se conhecem. Faltou desenvolver esse lado mais apaixonado delas, mesmo que a ideia não fosse fazer um romance e sim um thriller sobrenatural.
Thelma (Thelma, Noruega, França, Dinamarca, Suécia – 2017)
Direção: Joachim Trier
Roteiro: Eskil Vogt, Joachim Trier
Elenco: Eili Harboe, Okay Kaya, Ellen Dorrit Petersen, Henrik Rafaelsen
Gênero: Fantasia, Thriller
Duração: 116 min
https://www.youtube.com/watch?v=GuZxgOSnjHk
Lista | 10 Filmes Sobre Sobrevivência
Filmes sobre sobrevivência não são aqueles em que o herói (a) é deixado e tem que confrontar um monstro ou aqueles em que alguém é perseguido por uma terrível ameaça como lutar contra um terrorista ou contra um serial killer. Filmes nesse estilo não entram nessa lista porque a sobrevivência em questão tem relação com a sobrevivência de um personagem que por acaso se encontra preso a algum lugar - um deserto, uma montanha, ou uma ilha - e precisa passar por situações limites para vencer os desafios que vem pela frente.
10. Águas Rasas (2016)
Ir a uma praia remota parece não ser uma má idéia. Ninguém para dividir o espaço, praia vazia, mar só para você. Era o que achava Nancy (Blake Lively) ao surfar e descobrir que não está totalmente sozinha. Ao praticar o esporte é atacada por um tubarão e fica literalmente ilhada em um pedaço de pedra com o tubarão a sua volta. Ela precisa lutar para contra o tubarão e contra o tempo, já que está ferida e precisa sair de lá o mais rápido possível antes que sua situação piore. A história é bastante simples e é isso que torna Águas Rasas tão interessante. Não enrola para mostrar a situação da garota e a tensão construída é de causar pânico em qualquer um.
9. Pânico na Neve (2010)
Impressionante que até quando você faz uma simples travessia de teleférico algo pode dar errado. Esses três amigos iam subir a montanha para poder esquiar. Eis que o parque fecha as portas, as luzes se apagam e o transporte para de funcionar. O pior para eles é o frio extremo que começa a incomodar e logo todos estarão sem vida se não conseguirem sair de lá. É uma produção que tem seus defeitos levando em conta que é um filme de baixo orçamento, mas o jeito que tudo é abordado é o que mais incômoda. É um bom terror psicológico que deve ser visto pelos fãs do gênero, mas um aviso ele é bastante monótono, pois passa grande parte do tempo mostrando o drama deles no teleférico.
8. A Caverna (2014)
Até onde a curiosidade humana pode nos levar é um mistério. Nessa produção espanhola cinco amigos encontram uma caverna no mediterrâneo e claro que eles têm a brilhante ideia de explorar o local. O problema é que mais eles entram mais difícil de encontrar uma saída. Em pouco tempo vão se encontrar presos e sem conseguir sair terão que tomar medidas drásticas para continuarem vivos. Na realidade é um filme mal feito e com uma fotografia péssima, mas mesmo assim é bastante perturbador. Cenas de canibalismo e muitas outras podem ser consideradas pesadas para quem tem estômago fraco.
7. As Aventuras de Pi (2012)
Em As Aventuras de Pi somos apresentados a Pi Patel, filho de um dono de um zoológico na índia que fecha as portas por falta de incentivo da prefeitura local. Eles viajam até o Canadá com os animais para vendê-los e começar uma nova vida. Eis que acontece da embarcação pegar uma tempestade e afundar junto com todos os bichos. Pi se torna um náufrago em um pequeno barco, e junto com ele se encontram uma hiena, um tigre e um orangotango. É uma linda história da jornada de um garoto náufrago que precisa superar seus limites para sobreviver. Longa foi baseado no livro de mesmo nome de Yann Martel e teve direção de Ang Lee.
6. Gravidade (2013)
Alfonso Cuarón (Filhos da Esperança) é um diretor que sabe trabalhar dramas humanos e em Gravidade nos apresenta uma das histórias mais angustiantes do cinema. A beleza do espaço se contrasta com o desespero da Dra. Ryan Stone (Sandra Bullock) que tenta sobreviver depois que uma chuva de meteoros destrói o local em que residia com outros astronautas. Angustia do início ao fim marcam esse longa, que nos mostra como o silêncio do espaço pode ser tão perturbador em momentos de tensão.
5. Na Natureza Selvagem (2007)
Essa é uma das produções mais amadas por aqueles que curtem fazer um mochilão. Com direção competente de Sean Penn somos inseridos na vida de Christopher McCandless, recém-formado na faculdade decide abandonar tudo e começa a viajar pelos Estados Unidos. A abordagem do roteiro nos leva junto a sua jornada por liberdade e autoconhecimento. Essa exploração foi inspirada em fatos reais e infelizmente ao chegar ao Alasca teve um final bastante trágico.
4. Jogo Perigoso (2017)
Jogo Perigoso estreou na netflix e levou os fãs de Stephen King ao delírio pela boa adaptação do livro de mesmo nome. Filme é desesperador desde o momento em que Jessie Burlingame (Carla Gugino) se encontra sozinha e algemada à cama sem água, sem comida, caso nada mude irá ficar desidratada e morrer. Parar piorar o diretor Mike Flanagan (Sono da Morte) foi bem fiel ao livro e colocou um outro elemento perturbador no longa, que é o aparecimento de um cão, que fica comendo seu marido enquanto ela tenta desesperadamente se manter viva e acordada para que não tenha o mesmo destino. O principal deste filme é a tensão empregada por Mike Flanagan e a bela atuação de Carla Gugino, que consegue passar seu desespero para todos que a acompanham.
3. Vivos (1993)
No cinema de sobrevivência é muito comum contar histórias que realmente ocorreram. Em Vivos acompanhamos o drama de um grupo de jogadores de Rugby que viajava de avião e caiu na cordilheira dos Andes. Muitos morreram e muitos outros ficaram vivos aguardando resgate por oito dias até ouvir no rádio do avião que as buscas haviam terminado. Sem comida três desse grupo decidem procurar ajuda e saem em uma jornada à procura de resgate. O acidente em que o longa se baseou ocorreu em 1972 e até hoje é lembrada como uma das mais belas histórias de sobrevivência. A produção é muito competente em apresentar os fatos como ocorreram e ao mostrar o drama desse grupo que fez de tudo para sobreviver, até mesmo comer parte dos colegas mortos. Há um documentário muito interessante para quem quiser se aprofundar mais sobre o assunto trata-se da produção "A Sociedade da Neve" de 2007.
2. 127 Horas (2010)
Se aventurar sozinho não será mais como antes depois de assistir a essa agoniante história do alpinista Aron Ralston (James Franco). Sozinho foi para as montanhas de Utah escalar as montanhas da região e em um momento de puro azar tem seu braço preso por uma pedra. O que viria a seguir é bastante conhecido pelo público. Desesperado pela falta de água e comida acaba por tomar uma decisão que fica na memória de qualquer um que o assistiu pelo menos uma vez. Corta seu braço em uma das cenas mais tensas da história do cinema, tudo gravado de um jeito que te dá agonia só de ver. Danny Boyle é um excelente diretor e aqui mostrou de forma crua uma história simples e muito realista. Filme foi baseado no livro autobiográfico de Aron Ralston chamado "Between a Rock and a Hard Place" ou 127 horas como foi lançado por aqui. Longa foi bastante elogiado pela crítica e pelo público sendo indicado a seis prêmios Oscar, entre eles o de melhor ator e melhor filme.
1. Náufrago (2000)
Tom Hanks é um cara bastante azarado, já caiu de avião, foi feito refém por piratas somalis e nessa grande produção dirigida por Robert Zemeckis (Aliados) foi parar em uma ilha isolada e desabitada. Desde sua chegada a ilha acompanhamos seu desespero de viver ali sozinho e suas inúmeras tentativas frustradas de tentar escapar de lá. A atuação de Tom Hanks é tão convincente e impressionante que foi indicado ao Oscar de melhor ator, só não levou porque nesse ano teve concorrência pesada de Russell Crowe em Gladiador.
Crítica | Arranha-Céu: Coragem Sem Limite - A Luta Pela Sobrevivência
Nos últimos anos tem sido difícil encontrar um filme catástrofe que valha a pena ser assistido. Tempestade: Planeta em Fúria se perdeu em seu roteiro confuso, Terremoto: A Falha de San Andreas tinha bons efeitos, mas pecava pela falta de intensidade. Já Arranha-Céu: Coragem Sem Limite mescla boas cenas de ação com uma trama ajeitada e segura em sua principal estrela Dwayne Johnson (Jumanji: Bem-Vindo à Selva).
The Rock só falta fazer chover para salvar seus dois filhos e sua esposa de uma organização criminosa que tenta a todo o custo pegar algo que se encontra com o dono do prédio mais alto do mundo (Zhao Long Ji). Enquanto luta contra os terroristas e protege sua família precisa fugir do fogo que vai subindo andar por andar.
É uma produção que de início parecia ser mais uma história comum de um homem lutando pela sobrevivência, mas ganhou algo a mais quando o diretor Rawson Marshall Thurber (Família do Bagulho) decidiu criar um personagem mais realista e humano do que nos habituamos a ver em filmes de ação. Não o mostrando, a princípio, como apenas um homem forte que consegue bater em todos e sair das situações impostas sem muitos problemas. Ele é um homem comum, perdeu a perna em um incidente quando trabalhava nas forças de segurança e agora precisa lutar contra ameaças muito reais.
Esse fato de o fazer deficiente é o que dá o tom "a mais" para a produção e a tira da mesmice. Seria muito simples e até mais fácil para o roteiro se ele estivesse com as duas pernas. Ter a perdido faz com que algo que pareça simples - se levar em conta o histórico dos personagens do ator no cinema - como pular de um prédio pegando fogo ou fugir dos criminosos uma tarefa bastante complicada, e algo inédito ocorre fazendo o protagonista apanhar bastante. A criação de um protagonista humano em tempos de filmes de super-heróis é um acerto em cheio e essas situações pelas quais passa são importantes para inserir o espectador em sua angústia de ter de sobreviver.
Como não deveria ser diferente de uma produção do tipo, há boas cenas de ação todas impostas ao personagem de The Rock. Ele salta para o prédio em chamas, foge do fogo, se pendura na janela e pula para outros andares. Tudo isso com doses de emoção que fariam qualquer um com vertigem se desesperar. Empolga na mesma perspectiva que a cena de Tom Cruise se pendurando do edifício em Missão: Impossível - Protocolo Fantasma. Já as cenas envolvendo o vilão poderiam ter sido melhor trabalhadas e não seguem um caminho do já conhecido tiroteio e pancadaria. Alguns de seus muitos pulos podem soar como forçados, mas isso faz parte de uma produção que precisa fazer algo para chamar a atenção do público e quebrar a monotonia que se encontra dentro do prédio.
Nas principais cenas em que há mais emoção é que está a principal falha de Arranha-Céu. O elenco não parece ter dado tudo de si em relação a passar sentimentos de pânico ou de medo com um prédio inteiro pegando fogo. Tanto Neve Campbell quanto as duas crianças que interpretam seus filhos estão fracos. Não passam a sensação de estarem em uma situação limite e isso atrapalha bastante na hora de fazer o telespectador se emocionar. Quem diria que o destaque quanto a este elemento é The Rock. O ator sempre foi criticado por suas atuações e aqui parece ter se motivado mais e é o que passa mais realidade na interpretação entre seus pares. Mesmo nas partes em que pula do prédio há um certo pavor em errar e cair, mas ele tem uma motivação que é a de salvar a família e isso que o faz passar por cima dos obstáculos que aparecem pelo caminho.
Do elenco secundário poucos se salvam. The Rock leva toda a produção nas costas e Neve Campbell toda vez que aparece parece muito superficial em sua interpretação. Sua personagem não tem função alguma até o último ato, quando do nada aprende a lutar. As crianças estão bem, mas os personagens novamente não ajudam. O vilão tenta fugir do esterótipo do fortão que sai atirando impiedosamente. Há momentos que você nem percebe que ele está ali, nem que ele é um real perigo para os sobreviventes do prédio. Infelizmente é um vilão bastante esquecível e que foi pessimamente trabalhado pelo roteiro. Sua motivação, por exemplo, é ridícula e o motivo de invadir o prédio é pior ainda. O vilão e sua trupe estão lá claramente para fazer o filme durar mais, pois só o incêndio não iria segurar a trama sozinho.
Os efeitos especiais são um triunfo a parte para a produção, já que o prédio pegando fogo é o principal cenário e o centro da ação de toda a produção. O fogo é de impressionar pela dimensão e o prédio ajuda bastante nisso. Criaram um ambiente perfeito para a história, o prédio foi pensado de um jeito que seja fácil de entender como é por dentro e suas rotas de saída.
O roteiro não é confuso e não tenta fazer algo de diferente para impressionar. Usa todos os elementos do cinema catástrofe, mas dando um toque mais real aos acontecimentos, algo que muitas produções tentam fazer, mas acabam por forçar a barra e tornar um filme simples em algo mais distante do pretendido. Arranha-Céu entrega o que o público quer ver: ação, luta pela sobrevivência e a união familiar como força central para sair de uma situação limite. Tudo isso tem o dedo do diretor Rawson Marshall que entre erros e acertos costura uma boa narrativa que em nenhum momento cai na monotonia e mesmo quando isso parece acontecer ele dá um gatilho que algo de novo aconteça e volte a movimentar o filme.
Arranha-Céu: Coragem Sem Limite (Skyscraper, EUA – 2018)
Direção: Rawson Marshall Thurber
Roteiro: Rawson Marshall Thurber, Beau Flynn
Elenco: Dwayne Johnson, Neve Campbell, Pablo Schreiber, Chin Han, Noah Taylor
Gênero: Ação, Thriller
Duração: 103 min
https://www.youtube.com/watch?v=r8KlxpjXZeI
