Crítica | The First Lady 1ª Temporada - Um desperdício de elenco e personagens

Com certeza você já ouviu a frase "por trás de um grande homem, sempre tem uma grande mulher", e é nesse princípio que se baseia a minissérie The First Lady, da Paramount +.

Contando os bastidores da Casa Branca através do olhar de três ex-primeira damas dos EUA, os 10 episódios mostram como elas se destacaram, cada uma à sua maneira, e desafiaram os costumes de sua época. Eleanor Roosevelt é vivida por Gillian Anderson, já Betty Ford é interpretada pela veterana Michelle Pfeiffer, enquanto Viola Davis traz Michelle Obama para as telas, em uma obra que mistura a realidade com a ficção.

A obra é competente ao desenvolver o desejo de independência feminina através de figuras fortes, escancarando o patriarcado e a tendência da sociedade de relembrar a história através da ótima masculina.

Atuações nada marcantes

E por isso à princípio, a proposta é ótima e o seriado gerou expectativas no público antes do lançamento, mas infelizmente, o sucesso ficou só na teoria. Na prática, fomos apresentados à interpretações rasas e caricatas, principalmente no que diz respeito ao trabalho de Davis e seus "bicos" - que claramente não funcionou e não agradou a crítica.

Anderson traz mais uma figura histórica para seu portfólio, o que me faz desejar desesperadamente ver ela sem dentaduras e em roupas contemporâneas. Enquanto ficamos abismados com sua atuação em The Crown, não conseguimos dizer o mesmo dessa vez, mas nem tanto por conta de seu trabalho, mas por encontrar mais uma história de Eleanor Roosevelt. Já cansou, né, gente? Entre o trio, a personagem mais interessante é a Pfeiffer que é pouco vista no audiovisual, e entre elas, pode ser considerada até, a mais polêmica. Michelle também é a menos caricata, o que gera uma curiosidade no espectador.

Narrativa rasa

Como a história é dividida entre as três, os arcos narrativos são trabalhados de forma superficial. Acredito que aqui o ideal seria minisséries separadas para cada uma, assim poderiam ter sido mais exploradas e as histórias mais profundas. Por outro lado, é bem interessante ver alguns acontecimentos de suas vidas lado a lado e perceber que desde 1933 as coisas não mudaram tanto assim.

Aaron Cooley, o criador da série, tinha nas mãos personagens com grandes potenciais: Eleanor foi uma visionária, no armário de mais de uma forma. Já Betty buscou levar a administração para uma era mais moderna e realista, antes da era Reagan e suas ações de extrema-direita. E Michelle, como bem sabemos, teve a difícil missão de representar e mostrar à comunidade afro-americana que "sim, nós podemos". Isso mostra justamente que "As Primeiras Damas e suas equipes são freqüentemente a vanguarda do progresso social neste país", como disse Ford em uma carta à esposa de Barack.

Apesar de ser, particularmente, uma fã da ícone Michelle Obama, a série dirigida por Susanne Bier (Bird Box) deveria aprender com Peter Morgan (The Crown) sobre não mostrar temas recentes. Para ele, no mínimo, são necessários 20 anos, no mínimo, para que possamos entender os desdobramentos históricos para, aí sim, para adaptá-los. Assim teríamos uma margem entre os fatos verdadeiros e o ficcional. Desse modo, o núcleo dos Obamas é o mais difícil e complicado da obra, pois é o mais recente e fresco na memória dos espectadores.

Infelizmente, The First Lady não entrega o que promete e se mostra mais uma produção que cairá no esquecimento.

The First Lady (EUA, 2022)

Criador: Aaron Cooley
Roteiro: Aaron Cooley, Ellen Fairey, Abby Ajayi, Nikole Beckwith, Cathy Schulman, Alyson Feltes, Azia Squire, Zora Bikangaga, Jennifer Westfeldt, Hunt Baldwin, Nicole Jefferson Asher e Yolonda Lawrence
Direção: Susanne Bier
Elenco: Viola Davis, Michelle Pfeiffer, Gillian Anderson, O. T. Fagbenle, Kiefer Sutherland, Aaron Eckhart Clea DuVall, Kate Mulgrew, Ellen Burstyn, Judy Greer, Dakota Fanning, Lily Rabe, Regina Taylor, Kristine Froseth, Eliza Scanlen e Jayme Lawson
Gênero: Drama
Emissora: Paramount+
Episódios: 10
Duração: 55–57 minutos

https://www.youtube.com/watch?v=ix0xzLxQgE8


The Witcher Segunda Temporada

Crítica | The Witcher 2ª Temporada - Mais madura e sentimental

Nunca li os livros de The Witcher e mal joguei o terceiro jogo. Para os olhos de alguém que foi apresentada a este universo através da série, devo dizer que a segunda temporada lançada recentemente pela Netflix veio com altas expectativas para suprir o público sedento após o cliffhanger do primeiro ano.

Quando vimos os personagens pela última vez Gerald (Henry Cavill) finalmente encontrou Cirila (Freya Allan), enquanto Yennifer (Anya Chalotra) lutava na Batalha de Sodden. Nos novos episódios vimos as ramificações disso, com o witcher precisando assumir um papel mais paternal e a princesa tentando descobrir como se encaixar nessa nova realidade. Enquanto isso a feiticeira simplesmente tenta sobreviver.

Se na primeira temporada teve gente confusa com as diferentes linhas do tempo, agora a história segue uma narrativa linear começando quase que imediatamente após os acontecimentos do primeiro ano. Antes acompanhávamos o bruxo lutando contra o "monstro do episódio", já nas novas 8 horas de série, a tenção vai se construindo até atingir o ápice na parte final.

Somos apresentados ao universo expandido da saga, conhecendo a fortaleza de Kaer Morhen, lar dos witchers e, novos personagens como Vesemir (Kim Bodnia), figura do paterna de Geralt. Essa dinâmica é interessante para quebrar com a imagem que os caçadores de monstros são pessoas frias e sem sentimentos que tentaram tanto reforçar na narrativa do bruxo na primeira temporada.

Yennifer, cadê você?

Ao mesmo tempo em que nos deparamos com novos rostos, alguns dos que já estamos familiarizados perdem sua força. Infelizmente, Yenn, que teve grande destaque anteriormente, está bem apagada uma vez que perde seus poderes e entra em uma espécie de crise. Seu arco narrativo demora para dar uma engatada, e quando parece finalmente ganhar um sentido, a temporada acaba.

Jaskier (Joey Batey) é outro que perde consideravelmente seu espaço. Ele praticamente só surge para trazer uma nova música - que é realmente boa, por sinal -, e indicar que terá um papel importante na já garantida terceira temporada.

Allan, que agora aparece com sobrancelhas, domina as atenções, ofuscando até mesmo Geralt, que está maior, mais musculoso e mais sentimental. Basta saber se esse era o plano desde o início, já que Cavill sofreu um grave acidente durante as gravações que paralisou as filmagens.

O que é um monstro?

Apesar de discreto, provavelmente o tema mais interessante trabalhado foi o que realmente é um monstro. A série até chega a explicar de modo literal o que são as criaturas que infestam o Continente e que são caçadas pelos witchers, mas a discussão vai além, introduzindo um viés mais filosófico. Afinal de contas, só eles são monstros pelo fato de atacarem humanos ou humanos que cometem diversas atrocidades também?

A temática praticamente norteia o primeiro episódio, numa quase releitura de A Bela e a Fera protagonizada por Kristofer Hivju, o Tormund de Game of Thrones, que surge irreconhecível sem barba.

Saldo positivo

Não há como negar que The Witcher se tornou um dos principais títulos da Netflix, não é a toa que em apenas três dias a nova temporada foi vista pro 142 milhões de horas. Mesmo apresentando algumas falhas, nos deparamos com uma sequência mais madura do sucesso do primeiro ano, aprofundando nos personagens e suas relações, apesar da sensação de que a história em si não avançou tanto.

O público, não só já ganha um indício e tanto sobre o que está por vir, quanto enxerga uma brecha para o spin-off The Witcher: Blood Origin, que ganhou seu primeiro trailer. Basta agora esperar pelo menos mais dois anos para ver onde vai essa história sobre uma família disfuncional composta por um cara grandão de cabelo branco com olhar matador, uma menina com um poder inimaginável e uma feiticeira temperamental.

The Witcher - 2ª Temporada (EUA, 2021)

Showrunner: Lauren Schmidt Hissrich
Roteiro: Declan de Barra, Beau DeMayo, Lauren Schmidt Hissrich, Clare Higgins, Sneha Koorse, Haily Hall, Matthew D'Ambrosio, Mike Ostrowski
Direção: Stephen Surjik, Sarah O'Gorman, Edward Bazalgette, Louise Hooper,
Elenco: Henry Cavill, Freya Allan, Anya Chalotra, Joey Batey, MyAnna Buring, Mimi Ndiweni, Eamon Farren, Royce Pierreson, Anna Shaffer, Kristofer Hivju, Mecia Simson, Tom Canton, Jodhi May, Wilson Mbomio, Lars Mikkelsen, Paul Bullion, Yasen Atour, Ania Marson, Graham McTavish, Adjoa Andoh, Ed Birch, Chris Fulton
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Emissora: Netflix
Episódios: 8
Duração: 47–67 minutos

https://www.youtube.com/watch?v=OtLG_mWdZZg