Pedro Pascal receberá US$ 600 mil por episódio na série de The Last of Us

Segundo informações da VarietyPedro Pascal receberá US$ 600 mil por episódio para interpretar Joel na série de The Last of Us, produzida pela HBO que você confere através da SKY.

Como a primeira temporada deve contar com dez episódios, Pascal vai faturar cerca de seis milhões de dólares. Anteriormente, a HBO havia revelado que o custo da produção estava na casa dos US$ 100 milhões.

The Last of Us da HBO será uma adaptação comandada pelo criador de ChernobylCraig Mazin, em parceria com o criador do game, Neil Druckmann.

A série ainda não tem previsão de estreia.


Domingão com Huck ganha logo e internet reage com memes

O vindouro programa Domingão com Huck, apresentado por Luciano Huck, ganhou sua primeira logo oficial e a internet reagiu com diversas piadas por conta da arte do design parecer ter saído diretamente do WordArt.

Confira algumas das reações:

https://twitter.com/Mario_Toledo/status/1427707785475760130?

https://twitter.com/fabiogaj/status/1427689107338235916?

Domingão do Faustão chegou ao fim em junho com a saída de Fausto Silva após 32 anos na Globo. Faustão agora apresentará um novo programa diário na Band previsto para estrear em 2022.

A estreia de Domingão com Huck está marcada para 5 de setembro.


Silvio Santos à frente de seu programa - Foto: SBT

Silvio Santos é internado em UTI com COVID-19, diz site

Mais um grande artista brasileiro está internado por causa da covid-19: o apresentador Silvio Santos. Ele está na UTI do Hospital Albert Einstein, em São Paulo.

De acordo com informações do jornal O Dia, o apresentador de 90 anos deu entrada no hospital nesta sexta-feira (13) e foi direto para a UTI por conta do estado delicado.

Até o momento, não há nenhum pronunciamento oficial do SBT ou da família sobre o caso. Para a CNN, a filha do apresentador, Patrícia Abravanel, confirmou a internação.

O jornal O Globo divulgou, também nesta sexta, que as gravações do Programa Silvio Santos foram suspensas após um caso de coronavírus ser confirmado em um profissional da produção.


Disney anuncia valores do Star Plus no Brasil com planos a partir de R$ 32,90; confira

Finalmente a Disney revelou o preço das assinaturas do vindouro streaming Star+ que trará todo o conteúdo da Fox que não cabe na Disney+.

site oficial da plataforma revelou que o plano mensal vai custar R$ 32,90 e o anual vai sair por R$ 329,90.

A plataforma também vai oferecer o Combo+, uma assinatura conjunta entre Star+ e Disney+. O acesso aos dois streamings sai por R$ 45,90 por mês.

O serviços será lançado no dia 31 de agosto trazendo todas as temporadas de Os Simpsons como grande destaque.


Temporada final de The Walking Dead terá estreia exclusiva no Star Plus

Ao contrário de toda a história da exibição de The Walking Dead, a Disney resolveu que a série não estreará simultaneamente com os Estados Unidos. O primeiro episódio chegará junto ao lançamento do serviço Star+, disponível em 31 de agosto.

Agora não se sabe se a série também será exibida no Star Channel, o antigo canal da Fox, mas a probabilidade é que não seja exibida na TV fechada para a série virar conteúdo exclusivo do streaming.

The Walking Dead chegará ao fim após a 11ª temporada, que foi dividida em três partes. Após a conclusão da série principal, a franquia vai ganhar um derivado focado em Daryl e Carol.

 


FX terá maratona de O Hobbit neste domingo (15); confira

O canal FX, que você pode conferir através da SKY TV, exibirá uma maratona de O Hobbit com a apresentação de A Desolação de Smaug e a A Batalha dos Cinco Exércitos uma seguida da outra.

O canal começará a transmitir os filmes a partir das 20 horas (Brasília) no domingo, dia 15 de agosto.

Coescrita e dirigida por Peter Jackson, e baseada no livro homônimo de J. R. R. Tolkien, a trilogia é situada na Terra Média e segue o hobbit Bilbo  Bolseiro (Martin Freeman), chamado pelo mago Gandalf (Ian McKellen), para acompanhar treze anões liderados por Thorin II (Richard Armitage) em uma missão até a Montanha Solitária, onde tentarão recuperar os pertences dos anões que foram roubados pelo dragão Smaug (Benedict Cumberbatch).

É nessa aventura que Bilbo encontra o Um Anel que desencadeia a trilogia O Senhor dos Anéis.


Morre Tarcísio Meira aos 85 anos de covid-19

Internado desde o dia 6 de agosto, o ator Tarcísio Meira, de 85 anos, faleceu hoje, dia 12, em decorrência dos sintomas da covid-19. O ator já havia se vacinado com as duas doses necessárias para a imunização.

Meira era um dos atores mais importantes e marcantes da televisão brasileira sendo o o protagonista da primeira novela diária do país, "2-5499 Ocupado" (TV Excelsior, 1963).

O ator estava na UTI e já passava por diálise intensiva por conta de complicações graves nos rins. A esposa dele, a atriz Glória Menezes, 86, também foi infectada pelo vírus, mas teve um quadro mais brando. Ela está em um quarto, com "boa recuperação".

Eles são casados desde 1962. Seu último trabalho na TV foi com a novela Orgulho e Paixão, da Globo.


Crítica | Loki – 1ª Temporada: A melhor série original da Marvel?

Texto originalmente publicado em: https://labdicasjornalismo.com/noticia/8313/loki-a-melhor-serie-original-da-marvel-mais-do-que-apenas-isso

Visto que esta foi uma série que explora viagem no tempo e realidades paralelas, começar este texto pelo final e construir nosso caminho a partir dele, parece mais do que adequado no caso de Loki. Especialmente para conseguir ressaltar o grande feito que realize em conseguir se destacar ao lado de outras séries da Marvel que conseguiram atrair mais aclamação e amor dos fãs.

Mas que em um só episódio, que talvez nem seja algo de tão especial pra inicio de conversa, conseguiu se alavancar a si frente todo o Universo Marvel, assim como traz um dos eventos mais impactantes vistos em duas décadas de MCU no cinema, e mostra que tem muito gás de sobra ainda para se gastar em caminhos inesperados. Tudo por que eles finalmente fazerem o que muitos fãs acharam que nunca teriam coragem: corresponder as expectativas postas pelos fãs ansiando por esse evento “Multiversal” à tanto instigado pelos filmes desde Homem Aranha: Longe de Casa onde o suposto Multiverso era só uma farsa, e em Wandavision uma pista feita pra virar uma piada no episódio final.

E que aqui finalmente se confirmam em grande, feito de forma simples e direta: um simples encontro com uma forma inesperada e surpresa, ou talvez nem tanto para os fãs que andavam acompanhando os diversos rumores e teorias em volta do percurso que a série iria tomar; com o ator Jonathan Majors se mostrando como aquele por detrás de tudo, e cujo apenas se identifica como “Aquele que Permanece” – e futuramente possivelmente o conheceremos como Kang – O Conquistador, fazendo revelações capazes de te caducar a cabeça, sendo encharcada de inúmeras infinitas possibilidades que são estabelecidas.

Bom, não é nenhum Mephisto, mas também não foi nenhuma outra variante do Loki por detrás de tudo como alguns previram, ou um antagonista genérico vinda do nada como fora com Agatha Harkness em Wandavision. E é aí que está, finalmente foi algo diferente! E que encaixou nas esperanças criadas pelos fãs, não sendo concebida de forma intrusiva como só um fanservice de última hora (embora um pouco, com certeza).

Pelo contrário, todo o momento de sua aparição, que é basicamente 80% do episódio, carrega uma vibe bem Mágico de Oz, onde a revelação final por detrás de tudo, desde a criação daquele “universo”, ao percurso que os personagens tomaram, era um Zé ninguém, mas que estabelece o destino final da história nas mãos do protagonista. Voltando exatamente sobre o que a série foi desde o início e está estampada no título, Loki, o vilão favorito de todo Marvete raiz desse universo cinematográfico, e é ele quem vem a dar aqui o pontapé para os eventos que vão permutar nessa fase quatro. Mostrando finalmente a importância da série como um todo frente (e acima) das outras até agora lançadas!

Sem tirar nem Por, apenas Loki!

No momento em que essas séries Marvel foram anunciadas, não pareciam tão interessantes, nada além do que meros spin-offs para personagens secundários de todo o MCU, ou que pelo menos não teriam tanto impacto na longa narrativa interconectada que eles vem construindo desde o início. Porém, quanto mais próximo que chegávamos delas, e mais informações apareciam, as expectativas em volta de cada uma começaram a ser criadas, mas parece que seguiram um caminho inverso dessas mesmas expectativas.Se WandaVision causava um certo estranhismo inicialmente pela sua trama que seguia Wanda e um aparentemente vivo Visão vivendo como um casal pacato em um modelo de série sitcom; Falcão e o Soldado Invernal já seguia um modelo mais padrão sendo thriller de ação pé no chão e que trazia fortes reflexões em questões raciais e de poderio militar/político na América. Já Loki aparentava ser a mais inerte entre todas, vindo a trazer um personagem que aparentemente já tinha dado o que tinha pra dar e merecia uma aposentadoria de duas décadas atuando no MCU. Mas pelo visto, se mostrou ter aqui uma aposentadoria de luxo.

Michael Waldron, o criador da série, parte aqui em querer construir uma série que segue uma estrutura focada no drama e conduzida pelos diálogos, buscando acima de tudo construir e explorar relações ao invés de apenas trazer constantes elementos de trama sendo explicadas demais. Primeiro entre Loki e Mobius (Owen Wilson) construindo uma relação palpável que vai de uma rivalidade cômica brincalhona, para mais tarde na temporada se tornar uma amizade genuína. Enquanto eles acabam formando uma dupla indesejada que passam o tempo indo desde a destruição de Pompeia ao apocalipse dos planetas e suas raças tentando descobrir quem está por detrás das aberturas de realidades paralelas – os Eventos Nexus.

Ao mesmo tempo, revelando muito do personagem de Loki, a pessoa dentro do Deus da Trapaça, por meio de alguém que o conhece melhor que ninguém, que assistiu sua vida de trás para frente diversas vezes. Interagido com perfeição por Tom Hidleston e Wilson compartilhando ótima química e claramente se divertindo em suas interações, que conseguem ser tanto engraçada, imprevisíveis e surpreendentemente profundas e até filosóficas, uma vez que eles começam a questionar a razão de suas respectivas existências. Como resultado, vemos que talvez haja um pouco mais em Loki do que se esperava dele a essa altura.

E mais tarde também temos na relação entre Loki e ... ele mesmo, com a variante Sylvie (Sophia Di Martino) e o romance de Narciso, divido em duas personas Lokis, que se constrói entre ambos. Muito que se dá por essa tentativa de querer se humanizar Loki ao ponto de um mocinho aceitável. E que compreensivelmente pode ser vista como talvez bem forçada, ainda mais tendo em vista que os acontecimentos da série passam com o Loki pós a Batalha de Nova York, lá em 2012, e não com o Loki já ciente de todos os seus erros e morreu honrado tentando defender o irmão em Guerra Infinita (e até lá ele agia ainda de forma mais maliciosa e ardilosa do que aqui).

Bom, os argumentos que se encontram para validar isso até que estão na série. Loki já no primeiro episódio (se passando logo após da fuga dele da Batalha de Nova York que ele trespassou em Ultimato) vai do vilão egocêntrico que ele era lá no começo do universo Marvel, para de repente ser posto para ver toda a sua vida se passar diante de seus olhos em um dos televisores da TVA, como se estivesse vendo os próprios filmes do MCU. E encara que todos os poderes do universo que ele já conheceu e cruzou, não valem de nada dentro da TVA, a organização burocrática temporal que os controla.

Ele é extirpado de tudo, de sua própria concepção de realidade, existência e o que ele conhece como poderes e relações, mais perdido e inerte do que nunca um personagem da Marvel realmente esteve. Então sim, o argumento para a mudança de humores dele que logo assume um tom mais descontraído nos próximos episódios, embora ainda com suas artimanhas aqui e ali ainda no episódio 2.

E a paixão que ele ascende por Sylvie, ele mesmo só que em outro corpo e identidade, acaba no final sendo um ame ou odeie, pois os atores claramente nutrem uma química palpável, e literalmente recebem um episódio inteiro para construir algo próximo de um laço que é o episódio 3 – Lamentis, ironicamente o mais fraco da temporada, mas que cumpre seu trabalho de nos fazer simpatizar por Sylvie. Embora não escape de ser um grande filler, mas pelo menos um filler com bons momentos e claro propósito.

Ame a Si Mesmo

Talvez o elo fraco da narrativa se encontre no fato de ter muita exposição?! Bem, definitivamente, e isso é sempre o que você vai ter quando a viagem no tempo e universos paralelos estiverem envolvidos. E especialmente vindo de um produto da Marvel, onde eles vão querer te mastigar tudinho certinho para não perder a atenção do público ou deixá-lo perdido. Mas nunca se perde em inconvenientes explicações constantes, embora elas estejam presentes em todos os episódios, mas conseguem ser bem amarradas, escritas e entregues de forma orgânica, oras cômica e descontraída pelos atores, e onde cada nova revelação eleva a uma nova conseqüência e que interfere nas cenas de ação subsequentes que se resultam das mesmas.
Que constrói essa linha tênue entre os episódios de Loki que realmente te prendem a atenção no mínimo de intriga e curiosidade possível para ver até onde toda a loucura de reviravoltas, realidades e eras temporais diversas e variantes de um personagem aparecendo, vai levar. Os melhores episódios aqui mostram a força que a série tem em conseguir manter um ritmo ágil, com situações de grande impacto acontecendo em um ritmo de imediatismo, já no final do segundo episódio você se pergunta até onde isso vai depois de ter alcançado um ponto de trama que levaria qualquer outra série no mínimo uns sete episódios para chegar.

Embora nem sempre carregado com a mesma sustância sólida, pois dá uma enorme pausa anti-climática entre o terceiro episódio e metade do quarto antes de retomar à energia do início que te deixava intrigado com o que aconteceria já na próxima cena. Mesmo que esses dois episódios em particular estejam longe de ser ruim por si só, dão um tempo para respirar e explorar algumas das relações estabelecidas entre os personagens Sylvie e Loki tendo sua pequena aventura no apocalipse de um planeta. E o quarto - The Nexus Event, sendo empacotado com algumas revelações cabeludas por detrás da TVA, e uma reviravolta final que você não está à espera.

Mas nada se compara ao quinto episódio - Journey Into Mystery, onde é simplesmente tudo que se esperava de Loki como série: com o personagem interagindo com diversas outras versões suas, desde o Loki-criança (Jack Veal), Loki Presidente, Loki Boastful (Deobia Oparei), o velho Loki (Richard E. Grant) que rouba o episódio pra si, e o melhor de todos: o Loki-jacaré; de forma absolutamente cômica e que merecia todo um filme solo em volta disso.

Imperfeitamente bom

Algumas coisas se apressam e desenvolvimentos não dão em lugar nenhum, vide Mobius que no inicio parte de um burocrata, uma peça do sistema da TVA quando ele começa a ter sua própria crise existencial sob sua origem, e seu papel no universo, vivendo décadas de existência preso a controlar e manter o balanço da realidade, e seu sonho pessoal tanto bobo, como tão genuinamente puro dele andar em um Jet-ski um dia, que são bastante enfatizados até o quarto episódio e deixado quase que de lado já nos últimos onde ele se torna mais um auxiliar cômico em cena.

E Sylvie que começa interessantíssima visto que sua história começa com ela ainda uma Loki criança sendo retirada de sua vida em Asgard pela TVA e começa a passar o que aparenta ser séculos fugindo das garras controladoras, se tornando uma sobrevivente temporal e vingativa contra aqueles que a tiraram de sua vida. Mas onde tudo se resume a ela ser incapaz de não confiar em ninguém – mesmo ela tendo sido comprovada do contrário com Loki, mas aparentemente não o suficiente para ela desencadear o resultado final da série.

Embora seja a série que até agora lidou melhor com sua duração para contar uma história coesa sem grandes percalços e oportunidades deixadas de fora. Bom, isso contando com o que você espera de um produto da Marvel, em outras mãos, essas possibilidades de realidades paralelas e viagens temporais, com certeza teria se destrambelhado para a loucura de suas infinitas possibilidades. O que era de se esperar vindo de um roteirista de Rick e Morty como Michael Waldron, que deixa aparecer sim certas influências aqui.

Mas a narrativa de Loki se mantém dosada e focada no seu protagonista, para aí sim no final abrir a porta para a vindoura destrambelhada que irá se calcar no Universo Marvel agora que as infinitas portas de possibilidades do Multiverso foi aberta. Mas além disso, além do Multiverso e inúmeras variantes de personagens e o que isso significa para o resto do MCU, para o que Loki serve por si só como história e sobre seu personagem?

Questionando o Universo

A história de um Deus sem mais vida, questionando o propósito de sua existência sendo posto a assistir toda a sua vida. Se perguntando: se fora tudo em seu caminho, coordenado e milimetricamente calculado para dar em...nada?! É como se o próprio personagem fosse posto para questionar seu papel no MCU, uma metalinguagem que se assume ainda mais quando o “Kang” no último episódio mostra um roteiro de falas daquele momento em que eles estavam.

Ironicamente, e similarmente à WandaVision, Loki também parece fazer um comentário sobre o estado atual de produções televisivas. Se WandaVision o tratava como uma criação artificial de um espelho de nossa realidade de forma peculiar e engraçada, que servia como uma forma de escape, o que se refletia diretamente no luto da protagonista. Já Loki mostra a realidade da TV - onde sua série atua, alternando e afetando a realidade do cinema – o universo de onde ele veio, com ambas no final se tornando uma só, em uma atualidade onde o futuro da mídia streaming e o cinema já fazem parte de uma só.

É também uma série que se questiona sobre o poder de crenças e mitos afáveis, apagados e desconstruídos em um âmbito existencial íntimo, mas indo contra consequências universais. Símbolos burocráticos, políticos e religiosos com seus discursos colocados como razão absoluta e inabalável no controle de nossos destinos. E o percurso que o protagonista começa a tomar em suas decisões e ações para com os outros, alçando as rédeas de seu próprio destino, criando seu próprio futuro. E a moral da história no final é o bom e velho: “somos mestres do nosso próprio destino, construtores de nossas próprias tramas, mudanças e desejos”. Mesmo dentre inúmeras realidades e destinos traçados, é uma escolha de um Loki que define o futuro dali pra frente. Se não exatamente do Loki que conhecemos, mas uma de suas variantes, partes diferentes do mesmo.

Onde personagens de impacto definindo o destino final de uma série atendendo ao gosto público, ual, a metalinguagem ta rolando solta nessa série. Mesmo que Loki longe de ser perfeita ou isenta de faltas, mas foi capaz de deixar os fãs muito felizes e instigados com o que ainda está por vir. É só não deixar essa bola cair agora Marvel!

Loki (EUA, 2021)

Showrunner: Michael Waldron
Direção: Kate Herron
Roteiro: Michael Waldron, Bisha K. Ali, Elissa Karasik, Eric Martin, Tom Kauffman
Elenco: Tom Hiddleston, Sophia Di Martino, Owen Wilson, Gugu Mbatha-Raw, Wunmi Mosaku, Richard E. Grant, Jack Veal, Jonathan Majors
Gênero: Ação, Ficção Cientifica, Aventura
Emissora: Disney+
Episódios: 6
Duração: 50 min

https://www.youtube.com/watch?v=nW948Va-l10


Crítica | Falcão e o Soldado Invernal - 1ª Temporada: A melhor obra da Marvel em anos

Texto originalmente publicado em: https://culturaenegocios.com.br/falcao-e-o-soldado-invernal-a-melhor-coisa-a-sair-da-marvel-desde-guerra-infinita/

Há quase dez anos atrás quando a Marvel no cinema já estava começando a mostrar seus sinais de desgaste na fórmula que vinha sendo construída em seus filmes, eis que veio um filme tão bom e refrescante como Capitão América 2: O Soldado Invernal que marcou a estréia dos Irmãos Russo no Universo Marvel, realizando no que ainda discutivelmente é ainda o seu melhor filme, onde mesmo que longe de ser perfeito ou sequer puramente excelente, fez o seu trabalho competente de ser um baita filme de ação, com bons toques de thriller político, que seguia a cartilha de filmes como Dias de Condor, adaptações de Jack Ryan como Jogos Patrióticos, e até os filmes Jason Bourne com sua ação frenética e câmera nervosa que busca te coloca na ação e sentir cada soco.

Assim como trazia o personagem do Capitão América e os valores morais característicos que definiam em todo seu lore para o mundo atual, onde pouco espaço havia para o humor invasivo de outros filmes da Marvel e carregava uma trama centrada em temas de liberdade se perdendo em uma realidade movida aos medos e tensões de guerra que traziam o pior daqueles que regem esses poderes, dentro do espectro político e da corrupção encarnada pela Hydra. E agora, já em outros tempos e a fórmula já se desgastada em modo de repetição constante, que até afetou e deixou a primeira aposta da Marvel em série com WandaVision fraquejar em sua primeira aparência; Falcão e o Soldado Invernal traz algo de real frescor. Uma série que se constrói como um extenso longa-metragem blockubuster, e com produção digna de um, e que em seu cerne, segue os mesmos passos e elementos que fizeram de Soldado Invernal um filme tão especial e que com certeza botam a série nesse rumo.

Tomando continuidade do Universo Marvel se passando logo após os eventos de Vingadores: Ultimato e a vitória dos Vingadores contra Thanos e revertendo o efeito do “Blip” sob toda a humanidade, encontramos Sam Wilson (Anthony Mackie) ainda atuando como o Falcão, cumprindo missões para o governo como um Vingador, tal e qual Steve Rogers se encontrara fazendo lá em Soldado Invernal. Mas que ao receber o manto de Capitão América que Steve lhe confiou, luta com essa idéia desde sempre e decide dar o escudo ao governo dos EUA para uma exibição em um museu e deixá-lo, assim como o símbolo do Capitão América, parte da história.  Enquanto que Bucky Barnes (Sebastian Stan) faz terapia exigida pelo governo que deram seu perdão oficial, onde discute suas tentativas de reparar seu tempo como um assassino com lavagem cerebral, o Soldado Invernal que ainda o assombram em sonhos e memórias dolorosas.

Mas ambos são forçados a deixar seus conflitos pessoais, que ainda os perseguem em suas missões, quando o dever os chama na forma dos Apátridas, um grupo terrorista que acreditava que a vida era melhor durante o Blip e se descobre que são formados por Super Soldados como Bucky e Steve, e a dupla como todo bom buddy-duo tem que esquecer as diferenças que criam conflito entre si e trabalharem juntos para desvendar as razões por detrás do grupo, como conseguiram um soro já extinto e quem os chefia. Enquanto isso, o governo anuncia o novo Capitão América – John Walker (Wyatt Russell), trazendo ainda mais tensões por detrás de toda a trama que se constrói a partir daí!

Tão sério e sombrio… isso é da Marvel?!

Comandado pela competente Kari Skogland dirigindo todos os episódios, e o showrunner Malcolm Spellman coordenando a história, temos uma série que não perde tempo desde o inicio para apresentar sobre o que ela é, seja com o Falcão em uma enorme cena de perseguição aérea, intercalando com Bucky em um consultório sendo basicamente posto na parede para desabafar sobre coisas que ele prefere se sufocar do que por para fora; ambas vertentes que dividem o macro e o micro que a narrativa explora com seus personagens e o universo à sua volta. Pode ser ainda um universo de super-heróis com conflitos em grande escala, mas a série parece mais interessada nos conflitos internos, seja com os bastidores governamentais, quanto na vertente de seus protagonistas e suas próprias visões e embates pessoais, e mais tarde, também até a dos antagonistas.

Lembra até a piada que o Deadpool fazia com o Cable no segundo filme dizendo que ele era tão sombrio que parecia um personagem da DC, e por mais milagroso que possa soar para um filme da Marvel, temos exatamente doses certas disso aqui. Não só pela dose bem pontuada de humor que nunca seja invasivo e sim aparecendo nos momentos certos, e de personagens até inesperados, mas também ao ver como a narrativa aborda os efeitos do Blip, que deixou metade da humanidade desvanecer em pó, para depois todos considerados mortos retornarem como se nada tivesse acontecido depois de cinco anos, e explorar nas suas entrelinhas as repercussões políticas que tal evento mundial se teve no espectro social e político do mundo, que leva aos conflitos com os Apátridas.

Formado por ex-refugiados sem pátria que após o Blip, foram recebidos por países por causa de questões econômicas e demográficas. Mas quando os heróis venceram e reverteram o efeito do Blip trazendo todos os “mortos” de volta, os refugiados foram expulsos, ficando sem nação. E esses que foram expulsos e se organizaram pra se vingar e sua busca seu “direito no mundo”, com a ajuda do soro fornecido pelo misterioso fornecedor. Basicamente, é novamente a Marvel fazendo o que relativamente sempre fez bem de ter mesclar elementos do mundo dos quadrinhos, e colocá-los em uma roupagem pé no chão. Mesmo que as coisas não sejam tão diferentes, no que se refere às tensões raciais que a série explora e busca servir como um espelho da atual realidade.

Isso já vem com certa força no primeiro episódio – “New World Order“, ao explorar o espectro social de Sam e sua irmã Sarah quando eles não conseguem um empréstimo para salvarem o barco da família, e continua no segundo episódio – “The Star-Spangled Man“, quando Sam, mesmo sendo um conhecido Vingador, é parado pela polícia. Embora isso apareça meio que do nada e de forma nada natural, o que acaba deixando nos próximos dois episódios seguintes esse o sub-discurso que a série quer explorar, perder total força e ficar ali apenas como uma obrigação que nada tem muito haver com o restante da trama principal envolvendo os Apátridas.

Mas que encontra seu ponto focal quando se introduz o personagem de Isaiah Bradley (Carl Lumbly), um super-soldado veterano que lutou contra o Soldado Invernal na Guerra da Coréia, que fora preso e usado para experimentos pelo governo dos EUA e por Hydra por 30 anos, o que apenas o levou a viver uma vida em amargura para com a “América branca” que o negligenciou e o apagou da história. E os questionamentos que ele traz para Sam e seu arco aqui explorado que acabam se tornando um dos fortes pontos de destaque dramático na série!

Ação, Heróis e mais indagações de sobra!

Drama e tramóias políticas complexadas que ainda encontra espaço para deixar-se fluir um perfeito senso de entretenimento, seja nas ótimas cenas de ação que carregam toda a energia frenética de se esperar de uma série que prometia seguir o espírito dos filmes do Capitão América, e que o cumpre ao entregar a cada episódio pelo menos um momento de ação pra te deixar excitado torcendo que nem torcida organizada por cada soco e chute trocado na tela com a câmera frenética, mas sem a máquina de picotes e câmera tremida atrapalhada dos Russo e sim algo sempre fluído e brutal.

Algumas tocando diretamente com o drama da história, vide os intensos minutos finais do 4º episódio, ou como no terceiro episódio, “Power Broker“, que é tudo que se esperava dessa série em apenas 50 minutos: Sam e Bucky indo para fora do país em missão internacional; se infiltrando no submundo do crime na pequena nação Madripoor, a cidade-ilha-santuário do crime, recheado de humor e ação ala John Wick estourando nos últimos minutos, com Sharon Carter aparecendo pra chutar algumas bundas em plano-sequência interruptos, não à toa foi um dos episódios roteirizados por Derek Kolstad (roteirista da trilogia John Wick).

Mas em meio à diversão pura, o que se tira desse episódio é mesmo a parceria inesperada que a dupla forma com o, agora oficialmente ‘Barão’, Zemo (Daniel Brühl), com o personagem não só se apresentando MIL vezes com uma melhor presença e caracterização aqui do que quando o vimos pela última vez em Guerra Civil, como roubando cenas seja pelo seu humor ácido sarcástico tirando sarro educadamente dos dois heróis, como mostrando uma personalidade com real distinto nobre, que respeita seus oponentes e se mantém leal a sua missão, mesmo que com claras segundas intenções e sempre mantendo um ar de imprevisibilidade a cada linha de diálogo que sai de sua boca.

Já o 4º episódio, “The Whole World Is Watching“, é onde as coisas começam a ficar acirradas e a série descarta uma face limpa e clara sobre o que ela se trata, uma subversão da própria idéia do ser herói no escopo geológico e social da atualidade! Enquanto WandaVision passou semana após semana reformulando diferentes estéticas televisivas para dar o tom metalingüístico/lúdico e vistoso para a série, enquanto se entrelaçava em um mistério que acabou não dando em nada de especial e apenas zombou da cara do espectador; Falcão e o Soldado Invernal troca um foco estético apurado ou se dedica a questionar o complexo industrial dos super-heróis que já o próprio se perdura dentro do universo Marvel de forma autoconsciente.

Se de certa forma os Apátridas servem como representação alegórica pros imigrantes que sofrem com o caos do imperialismo, que nesse caso, é o governo e poder cujos heróis como Sam e Bucky, mas principalmente, o Capitão representam! Mesmo que sem a presença do mesmo, o titulo e o representante simbólico sobre o que é o Capitão América ronda ainda a série e seus personagens por cima, e onde seus próprios idéias e a nação que ele defendia, tem seu valor questionado e quanto os mesmos representam realmente na atualidade!

Misture a isso os Apátridas, vitimas cujas motivações são compreensivas, mas cujas ações beiram além do extremo; a história dos experimentos em Isaiah Bradley e sua existência durante todo o período conhecido do MCU e apenas agora revelado uma dura verdade; ou John Walker, o veterano de guerra claramente afetado em nível pós-traumático, é o homem vestindo o traje e levando o escudo do Capitão América; e com tudo isso você tem em Falcão e o Soldado Invernal e uma das histórias mais complicadas que o MCU realizou até hoje! Que impõe perguntas diretas sobre a alma da América, idéias e argumentos colidem a cada episódio de forma crescente, que deixa a série instigante, mesmo quando se perde ou apressa em sua própria construção de misturar temas impactantes e ação nem sempre de forma comedida, mas só por conseguir injetar esse nível de raciocínio em uma série tão mainstream quanto um programa de TV da Marvel é poderoso por si só!

Mas o ponto mais benéfico em meio a tudo isso, ainda mais por se tratar de um projeto com visões parciais nas visões e temas políticos que traz à tona, a série tem pontos extras por não seguirem o percurso usual de projetos similares em buscar tratar os seus antagonistas com ar caricato vilanizado ou comicamente exagerado, e aqui simplesmente não vilanizam o personagem de Walker à uma figura caricata como parecia ser logo no primeiro episódio e que de cara prometia ser um dos antagonistas principais da série, mas não é bem assim!

E sim o mostram como um soldado bem intencionado, que tem real amor e parceria pelo seu parceiro Lamar e tem seus idéias no lugar certo em seu dever, tanto que se se mostra disposta querer trabalhar junto com Barnes e Wilson, que o recusam por não acharem ele ser um digno para o manto e escudo do Capitão América, o que deixa sua sobrecarga de efeitos pós-traumáticos só aumentarem e o levarem pro caminho do extremo errado que ele jurou defender.

Foi um soldado que pode ter agido errado no passado, e continua errando. Dentro do contexto da série, Walker se apresenta como um representante do conflito racial e do patriotismo americano. Ele é um produto dos militares e às vezes parece desconectado de seu próprio caminho na vida – é discutível se ele escolheu ser o Capitão América por crenças morais ou aceitou o papel por dever para com o sistema que o moldou. O que o leva ao ponto de perder pessoas que ama e ser traído pelo mesmo governo que ele devotou toda sua vida, em busca de um ideal no qual foi enraizado e se tornar o próximo e integro Capitão América.

Mas se o próprio era um produto dos ideais de seu tempo, e no presente não durou muito tempo ficando sob as rédeas do mesmo governo movido à interesses imperialistas de dever e poder, e que o perseguiu por ser anti tudo isso, o que dirá de Walker quando ele perde e falha em tudo que ele foi moldado e sacrificou para realizar?! Automaticamente não se tornando um vilão, embora com o potencial para tal, mas com certeza um dos personagens mais interessantes a saírem de uma série recente da Marvel (foi mal Monica Rambeau!).

O que é ser o Capitão América?

O início do século 20 era mais fácil de analisar o que havia do bem puro e o mal óbvio em suas conceitualizações panfletárias populistas. E enquanto Steve Rogers permaneceu um símbolo de grandeza no mundo moderno, o mundo pós Blip recheado de tensões e vítimas revoltosas com seu estado no mundo, novamente tão mais próximo do nosso, dá luz à real antagonista da série na forma de Karli Morgenthau (Erin Kellyman), a líder dos apátridas e cujos atos radicais e extremistas ao longo dos episódios sempre a deixam beirando o fanatismo, mas que é visto com um olhar de consolação quando Sam a compreende, mesmo que não concorde com suas ações, mas que o deixa se questionando ainda mais de seu papel nessa história toda.

Onde o estilo de justiça atual, e os conceitos de bom e mal são questionados quando ela indaga coisas do tipo: “Eles (o mundo) precisam de um líder que entenda a dor. Alguém que entende os heróis de hoje não podem se dar ao luxo de manter as mãos limpas.”, chamando o escudo do Capitão América de uma relíquia de uma era passada e “um lembrete de todas as pessoas que a história simplesmente deixou de fora”. Considerando o arco de Isaiah Bradley, é um ponto difícil de argumentar contra na razão que ela se encontra.

Mas ela, com razão, faz uma pergunta a Sam que ele não pode responder: “As pessoas com quem estou lutando estão tentando levar sua casa. Por que você está aqui em vez de impedi-los?”. E dessa vez, não há nenhum careca roxo gigante para Falcão e os heróis enfrentarem e darem fim ao conflito, e conforme ele avança na investigação, Sam parece estar perdido. Pois ele próprio se vê no lugar de poder estar não tão distante do inimigo. Onde a própria irmã de Sam, Sarah, que ao longo da série procura dinheiro e estabilidade e não encontra ajuda em instituições americanas, está fazendo a ele as mesmas perguntas!

E intensifica ainda mais a questão de quem merece o manto do Capitão América além da própria luta interna de Sam para a noção de heroísmo em tempos modernos. Heróis não são mais puros, como o próprio Zemo indaga no 4º episódio, Steve Rogers era a rara exceção de um purista de índole em suas intenções, mas sem ele, quem deverá assumir tal manto que esconde tanta sujeira por detrás de sua história?! Onde Zemo, como de costume, desempenha o papel do diabo nisso tudo, enquanto discute com Sam desde o início, corajosamente traçando uma linha entre os nazistas, Ultron e os Vingadores. “O desejo de se tornar um sobre-humano não pode ser separado dos ideais da supremacia”, diz ele. A única maneira de impedir alguém assim é matá-lo. O seria ir contra os ideais de Sam, mesmo que o próprio e outros Vingadores mataram vilões e rivais ao rodo no passado. Hipocrisia proposital?

O que chega em um ápice no 5º episódio “Truth“, uma calmaria antes da tempestade final onde passamos o raro momento de sentar e explorar os personagens. De um lado temos o velho Soldado Invernal/Lobo Branco de Bucky Barnes saindo de ser apenas um manequim ambulante de cena nos filmes anteriores e finalmente se tornando aqui um legitimo personagem desenvolvido. Mesmo que deixado um pouco de escanteio no episódio final e o desenlace te deixa perguntando: “ok e agora? O que mais tem para o personagem?”. Ao longo da série ele finalmente tem sua história de reconciliação consigo mesmo, não o simples esquecer o passado e pedir desculpas por tudo para aqueles que ele inadvertidamente feriu, como o próprio bem vê que não é o suficiente, e sim o domar de sua natureza e abraçar finalmente um manto que Steve e seu legado deixaram para ele, finalmente se tornando o herói que ele é capaz de ser!

E sua parceria com Sam Wilson é basicamente perfeita, além de Mackie e Stan terem uma química infalível dada a forte amizade que eles tem fora dos bastidores, o mesmo se reflete na tela, as provocações e os tapinhas nas costas, é tudo que você já viu nos usuais broomances da vida, mas que inegavelmente funciona e tem momentos pra te deixar abrir um sorriso no rosto. Enquanto que no que tange ao drama, tanto Sam faz Bucky abrir seus olhos para como ele deve lidar com seus fantasmas de fato, em agir e fazer o bem, como Bucky ao questionar e mais tarde encorajar Sam a não ter medo do legado que Steve lhe confiou em continuar.

Sam se torna exponencialmente um personagem com bem mais nuances que se podia imaginar que ele tivesse nos outros filmes, seu arco aqui em parte uma recapitulação de quem ele é, como também uma história de origem para ele feita nas entrelinhas. E mais que Steve, ele se confronta com um dilema pesado sobre o que é realmente ser um herói no mundo e realidade que ele atuam, ainda mais a realidade de um homem negro. Afinal, o que ele sentiria se apropriar de um símbolo que significa algo muito diferente para as pessoas, uma relíquia de um passado imperialista construído na base de uma falsa e pura luta contra a opressão do mundo?! Sam segurar o escudo e a estrela no seu peito é algo muito diferente do que com Steve!

Ele diz que sente que o escudo não pertence a ele, ele vê os efeitos do imperialismo heróico muito próximo, ainda mais quando Isaiah lhe afirma acreditar que um homem negro não pode, e não deve, ser o Capitão América, afinal, a mesma América que o renunciou e negligenciou por tantos anos, o que ela sentiria em ver um homem de cor trajando as fardas e o escudo de um loiro de olhos azuis. E além disso, por quem ele luta? Como ele luta? E que limites éticos podem ser traçados nesta realidade complicada de lados embaçados de bem e mal? Talvez o seu grande trunfo é exatamente deixar o rancor e as cicatrizes no passado, e não desistir da América, do mundo, ter esperança em um futuro que ele e outros podem reconstruir para o melhor como ele indaga de forma inspiradora em seu último discurso, como um digno Capitão América faria!

Sem mais Falcão e Soldado Invernal?

Fica-se uma dúvida infelizmente, onde se separa a idéia do questionamento, onde em meio à tantos temas, personagens e arcos dramáticos divididos que acompanham no desenrolar da série, e as ligeiras pontas soltas que deixa no final; para até onde quis is a série exatamente após um tanto morno final?! Em comparação com WandaVision, com certeza Falcão e o Soldado Invernal se beneficia muito melhor de sua duração em explorar personagens e a trama que se constrói. Mas com o tanto que se tem aqui, fica-se a sensação de como tudo é ou apressado corrido demais e deixado no ar. Propositalmente ou não?!

A ênfase temática da série sempre leva de volta ao dilema ético sobre como lutamos em vez de por quem lutamos, e a idéia de mudar as prioridades morais para as pessoas em vez de consequência ou virtude. Em meio a perguntas e questionamentos que talvez não esperem uma resposta imediata dentro de si nem do público, e as deixe marejar como algo a se alastrar no espectro reflexivo, e o que a série com certeza se sai bem em realizar! Mas a trama intricada e personagens que revelam e apresentam tantas camadas, deixam um a mais por desejar que deveria e merecia ser aproveitado para deixar a história fluir tão melhor.

Com certeza se beneficiaria de uma segunda temporada, já que deixa material de sobra para isso no final, mas já com o que temos aqui, é o suficiente para dizer que com certeza a Marvel acertou, na maioria, muito bem aqui, realizando algo desafiador e divertido na mesma medida, e tornando os personagens e seu universo interessantes nos seus limites ainda não explorados!

Falcão e o Soldado Invernal (The Falcon and the Winter Soldier, EUA, 2021)

Showrunner: Kari Skogland
Direção: Craig Zobel
Roteiro: Malcolm Spellman, Michael Kastelein, Derek Kolstad, Dalan Musson, Josef Sawyer
Elenco: Anthony Mackie, Sebastian Stan, Wyatt Russell, Erin Kellyman, Desmond Chiam, Indya Bussey, Dani Deetté, Daniel Brühl, Danny Ramirez, Adepero Oduye, Carl Lumbly, Georges St-Pierre, Renes Rivera
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Emissora: Disney Plus
Episódios: 6
Duração: 50 min

https://www.youtube.com/watch?v=IWBsDaFWyTE


Critíca | WandaVision – O bom e velho… E genérico Universo Cinematográfico da Marvel

Texto originalmente publicado em: https://culturaenegocios.com.br/wandavision-o-bom-e-velho-e-generico-universo-cinematografico-da-marvel/

Bom, pra quem já estava sentindo uma abstinência sofrida, misturada com saudade de assistir um novo filme do Universo Cinematográfico da Marvel nas telonas, já podem respirar aliviados e melhor já ir se contentando com o fato de que esse ano teremos o MCU reduzido à tela do celular, mas com o mesmo nível de qualidade (a se esperar), primeiro agora com WandaVision. Mas, ao contrário do que a maioria do público e critica que se alastrou em um clamor de elogios fervorosos sobre a produção sola da Feiticeira e seu maridão andróide, aquele que vos escreve vai ser o chato da situação e expressar que… não há nada de novo aqui, como sempre.

A “mesma qualidade de sempre” fala por si só, e WandaVision é sim o mesmo bom e velho filme solo do MCU como você já deve ter assistido mil vezes, seguindo a exata mesma estrutura de filmes solo (principalmente os pós-segunda fase) desde o Homem Formiga, Doutor Estranho, Pantera Negra, Capitã Marvel, etc…, só que estendido em mais ou menos 9 horas de série e que veio como uma aposta enorme de Kevin Feige para o MCU, ainda mais antes dos adiamentos de filmes pelo fechamento dos cinemas pela pandemia, com o intuito de buscar expandir o seu universo e personagens individuais para serem explorados em histórias próprias.

E com WandaVision dando a largada, prometendo trazer muito do que jamais havíamos visto antes do casal de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), um dos casais mais icônicos de todo o panteão da Marvel nos quadrinhos e quando fora trazido para os filmes sempre deixaram um gostinho à desejar e por vezes até forçado sobre o quanto entre um filme para o outro eles iam as vezes de meros conhecidos para amantes apaixonados inseparáveis, deixando praticamente todo o desenvolvimento do relacionamento entre ambos fora de cena. Bem, eis a série para tentar tanto para remediar parte disso, como vir também os explorar ainda mais a fundo.

Um começo promissor

Assim como trazia consigo (também como sempre) um enorme potencial já que prometia brincar com a realidade televisiva em diferentes épocas, rodeada de um mistério que é vendido instantaneamente só pelo cenário em que se colocam: Wanda e Visão juntos, vivendo como um casal feliz…após os eventos dos últimos dois filmes dos Vingadores (Guerra Infinita e Ultimato). As perguntas eram inesgotáveis e instigantes, mas a série mais parece preocupada em rapidamente responder tais perguntas do que propriamente instigar o mistério que tem em mãos. E é exatamente o que impede WandaVision de ser maior do que realmente poderia ser. Bom, isso e alguns outros tropeços que são mais inconveniências criativas do que realmente falhas atrozes, mas tudo que prejudica o brilho que a série carregava pra si!

Pegando inspiração da recente HQ Visão E Feiticeira Escarlate de Bill Mantlo e Steve Englehart onde Wanda e Visão se mudam para morar juntos, mas também tirando um pouquinho de Feiticeira Escarlate: O Caminho Das Bruxas de James Robinson onde uma quebrada Wanda vagueia pelo mundo em busca de respostas e um meio de restaurar suas forças; e Visão. Pouco Pior que um Homem de Tom King onde o Visão cria a própria família em busca de se sentir mais humano; todas cujo possuem claro traço e influência espalhados pela história construída ao longo da temporada, e cujo (na base) é sim uma bela história formada para desenvolver e explorar o casal, mas principalmente Wanda tendo um maior enfoque de protagonismo, buscando explorar sua forma de lidar com o luto de todos que ela amou e perdeu, agora se resguardando do mundo, fugindo da realidade junto de seu amado para viverem na ilusão de um paraíso de seus sonhos – na forma de seriados televisivos, onde todos os sonhos se concretizam e a vida é boa e perfeita.

E assim o é… pelo menos nos dois primeiros episódios, porque o problema começa de verdade quando todo o mistério é quase que imediatamente quebrado, e TUDO cercando a trama principal de Wanda e Visão se mostra como sendo completamente fraco e distrativo. Desde o retorno de Darcy (Kat Dennings) que fazia parte da trupe secundária e alivio cômico esquecível e dispensável dos dois primeiros filmes do Thor, pra ser aqui parte do cérebro de toda a exposição cientifica; A presença do agente Jimmy Woo (Randall Park) por motivos de…ele ser um personagem que trabalha na lei que tem nesse universo então borá usar ele, e ele também era do núcleo alivio cômico, então quanto mais humor a Marvel gosta.

Holofotes nas coadjuvantes

E principalmente, a introdução da personagem de Monica Rambeau (Teyonah Parris), que embora tenha tido uma INCRÍVEL primeira cena revelando seu passado e se conectando aos eventos passados do MCU, e a personagem vem a trilhar seu próprio caminho ao ganhar seus poderes ao longo da temporada, e Parris está ótima e com personalidade heroica no papel, sua personagem não consegue ser interessante o bastante para ter um real investimento dramático ou interesse do público em querer acompanhar ela, e está aqui basicamente para ser introduzida ao universo Marvel e fazer presença em filmes (ou séries) futuros.

Tampouco todo o núcleo secundário, que além de soar forçado em todas as tentativas vãs de se criar humor ou um pingo de interesse onde só servem para despejar exposição sobre tudo que está acontecendo por detrás do efeito que Wanda causa na cidade de Westview, até trazendo um bendito quadro de giz pra desenhar caso o público seja muito burro pra conseguir acompanhar. Sabotando assim as próprias intenções de se querer criar um mistério por detrás de tudo, mas constantemente, a cada episódio, te dando de mão beijada um pedaço da resposta e deixar nosso ar de intrigado praticamente se diminuir antes da metade da temporada. E deixando o espectador só se prender em assistir realmente por curiosidade para ver até onde vai essa bagunça toda.

Simplesmente porque tudo em volta de Wanda e Visão “presos” dentro da realidade televisiva que Wanda cria para Westview é onde (literalmente) está a série que todo mundo quer assistir, e pouquíssimo importando para todas as respostas por detrás disso. Porque honestamente, depois de tanto e busca de respostas dentro das respostas que são feitas no final, era melhor ter ficado mesmo no mistério que era muito mais interessante engajador.

Perdendo tempo de não explorar de verdade o trunfo que tinham em mãos e que garantem os momentos mais altos da série, o próprio casal do titulo. Mostrando algo que antes nos filmes pouquíssimo ou nunca foi tocado, a conexão que ambos Visão e Wanda possuem, a química que Paul Bettany e Elizabeth Olsen tem entre si, sobre o que realmente os une como casal e o que e nos faz realmente acreditar, pela primeira vez, no amor que eles possuem e na dor das perdas de Wanda ao longo de seu trajeto no MCU, desde sua família, e seu amado. Os momentos estão aqui, mas a direção nunca nos deixa digerir esses preciosos segundos de tempo onde os personagens estão fora de suas vestimentas de heróis e apenas juntos, como marido e mulher, perdendo tempo com os personagens secundários completamente esquecíveis.

Principalmente quando a vizinha enxerida Agnes, que se revela como a bruxa Agatha. Tirando o fato que ela mais parece uma personagem tirada direto de Feiticeiros de Waverly Place (até o nível de atuação, pobre Kathryn Hahn. Embora que ela essa seja sim uma adaptação relativamente interessante da personagem, outrora a mentora da própria Wanda nos quadrinhos e aqui posta como a principal antagonista. Mas usada de forma até inteligente em como ela sim ensina e leva Wanda, que sempre andou perdida com seus poderes onde nos fazia crer ser originário de uma das Joias do Infinito, mas agora descobrimos como vai além disso, ela é uma Feiticeira nascida. E é Agatha que acaba ensinando, mesmo que forma indireta, a origem de seus poderes e a sua busca de agora os evoluir, deixando sim um final interessantíssimo e com um futuro cheio de potencial.

Assim como sempre, é o caso em quase todo filme que a Marvel lança já nesses mais de 10 anos e sem sinal de mudar alguma coisa, sempre jogando seguro com uma trama que parece truncada e trabalhada a base de construir sua protagonista a preparando para futuros filmes, e não construir uma história sólida, redonda e única antes de pensar em partir para mais. E também de encher a série de easter eggs pros fãs, e cameos que começam interessante e no final são completamente furadas em importância.

Pois se você pensou que o Mercúrio dos X-Men fazendo presença aqui iria mudar alguma coisa e trazer os Mutantes finalmente para a Marvel conectando ambos os universos através de alguma porta Multiverso… É, você não foi o único a se decepcionar… e que ENORME desperdício (pra não falar desrespeito) ao ator Evan Peters, que se sua presença começa intrigante, no final é reduzido à um enorme nada e uma piscadela dos criadores para seu público dizendo: “te peguei” que só vai causar mais descontentamento do que uma reação positiva para as escolhas criativas feitas aqui. E não ajuda muito que tudo se resume a uma piada sobre ereção (sim, você leu certo!).

Matt Shakman – diretor de todos os episódios da série, vai no piloto automático (como é de se esperar da maioria dos diretores por trás de vários dos filmes da Marvel) e faz um trabalho…competente. A recriação estética dos anos 50 e 60 televisivos é estupidamente perfeita, em tom e até na montagem de cenas e quadros. Mas isso é mais um trabalho da equipe técnica do que ele próprio como diretor que deve estar preso a responder uma lista de demandas a cumprir e colocar na tela, mas com seus momentos de brilho aqui e ali, quando realmente focam na premissa televisiva.

Viagem nostálgica

O 1º Episódio faz uma mistura de sucessos icônicos dos anos 50 e 60 desde de The Dick Van Dyke Show à I Love Lucy ressuscitando brevemente a boa e velha comédia sitcom clássica cheia humor verbal, performances deliciosamente exageradas e ótimo uso de trilha sonora e o público ao vivo

Episódios 2 e 3 são uma outra deliciosa amalgama entre A Feiticeira e Jeannie é um Gênio, e principalmente o terceiro terminando com uma sequência que parece tirada direto de The Brady Bunch, tendo uma pitada de comédia screwball bem no finalzinho que funciona lindamente ao integrar humor drama e mais mistério nos mesmos minutos finais (pena que o resto da série não seguiu tanto assim…)

O 4º Episódio basicamente sendo o episódio das explicações e revelações, tão cedo na temporada que assusta o desespero narrativo em ter que se explicar tão abruptamente e com medo de prosseguir com o mistério que vinha construindo.

O 5º Episódio já vai para os anos 70 e temos um pouco de Full House com Modern Family, meio monótono e só piora com os segmentos fora da cidade, mas é sem dúvidas o melhor final de um episódio da série

6º Episódio vai para os anos 90 fazendo uma versão de Malcolm in the Middle com super poderosos e tendo um final agonizante, e momentos legitimamente engraçados.

O 7º Episódio já vamos para séries desse século com claros traços de The Office e Parks and Recreation, seguido de algumas das revelações que afundaram quaisquer resquícios de intrigante que a série tinha.

8º Episódio já é algo mais próximo de um filme da Marvel com mais revelações, mas com um real momento dramático que faz valer a pena assistir.

E o 9º Episódio já é o filme da Marvel que todo mundo espera, cheio de revelações e embate final épico, tentando enfiar humor e diálogos rasos no meio onde deveria estar tendo era uma porrada entre super-poderosos. Mas você com certeza já viu o exato mesmo clímax em diversos filmes do MCU e feitos amplamente melhor!

As ideias presentes estão longe de ser ruim, só que a série por diversos momentos parece indecisa em como e aonde ir, se começa desenvolvendo uma linha de intriga e mistério sem pressa para entregar nada, logo se recheia de personagens e embaralha seu foco. Deixando a criação de mistério tanto turva como inóspita porque se você ignorar suas expectativas pessoais, verá o quanto a série segue um caminho bem previsível e que tudo que você imagina (já conhecendo o histórico do MCU), vem a acontecer.

O que é uma pena, pois a narrativa criada e supervisionada pela showrunner Jac Schaeffer não é de todo ruim, e cujo trabalho aqui com certeza deve ser encarado como a própria quis construir uma história, não em uma escala gigantesca de espetáculo cheia de reviravoltas mirabolantes e se conectar com outros 32 filmes. E sim focar em algo mais intimo e profundo para com a personagem de Wanda, e traçar uma jornada de herói que não se ateia simplesmente à clichês (embora seja cheio dos mesmos), mas que tenta ir além em mostrar essa mulher fazendo uma escolha de vida. Uma escolha de ter sua família, viver como a mulher de casa, e lutar com todas as forças para isso, mesmo que por meios bem questionáveis como se é revelado.

A Hora de Wanda Brilhar

Mas, por ter sua protagonista feminina, não busca pregar uma lição de feminismo barato e encomendada tipo um Capitã Marvel ou Aves de Rapina, e sim vai além em mostrar a personagem em total poder se suas escolhas, que seus erros possuem consequências para outros e ela no final os reconhece, realizando um sacrifício que é sentido e é bem costurado até então. Se há uma vitória aqui, é que finalmente Wanda teve o tratamento que tanto o Capitão América teve em Soldado Invernal e Thor teve em Ragnarok, filmes que exploraram o melhor do personagem, lhes deu uma identidade e deixou o público faminto para mais dos mesmos, e WandaVision, mesmo dentre vários tropeços e faltas que se auto-sabota, faz o mesmo em tornar Wanda Maximoff na Feiticeira Escarlate! Pena que não foi em um projeto realmente a altura do potencial da personagem.

Com Elizabeth Olsen sem dúvidas entregando o melhor dela na personagem até hoje, encontrando um ponto central no coração, humanidade e humor da personagem que vira uma verdadeira mãezona (literalmente) como também a poderosíssima feiticeira que é. Mas quem rouba a cena é Paul Bettany, que outrora sempre foi o herói certinho centrado, tem a chance aqui de descascar o personagem realmente descobrindo o que é ser humano e encontrando o ponto certo do seu ar caricato, e ambos atores se mostram claramente estar se divertindo aos momentos nos papeis.

O resto do elenco é ok, mas a dupla central é que é realmente ótima, mas ofuscados por uma série que dá várias voltas idas e vindas de estabelecer coisas que não dão em nada e perdendo muito tempo querendo ser engraçadinha, a série talvez se sustente em ser minimamente divertida e deixar ganchos interessantes no final, mas a jornada até lá, consegue ser bem desinteressante…

WandaVision (EUA, 2021)

Showrunner: Jac Schaeffer
Direção: Matt Shakman
Roteiro: Peter Cameron, Mackenzie Dohr, Laura Donney, Bobak Esfarjani, Megan McDonnell, Jac Schaeffer, Cameron Squires, Gretchen Enders, Chuck Hayward, Megan McDonnell
Elenco: Elizabeth Olsen, Paul Bettany, Kathryn Hahn, Teyonah Parris, Kat Dennings, Randall Park, Josh Stamberg, Julian Hilliard, Jett Klyne
Gênero: Comédia, Mistério, Ação
Emissora: Disney Plus
Episódios: 9
Duração: 30 min.

https://www.youtube.com/watch?v=sj9J2ecsSpo