Masakazu Sugimori, compositor e dublador do primeiro jogo, aponta que jogos atuais não têm espaço para crescer como antigamente

Em um raro comentário sobre os bastidores da franquia Ace Attorney, o compositor Masakazu Sugimori — que também dublou o vilão Manfred von Karma na versão japonesa do jogo — revelou que o primeiro título da série foi considerado um fracasso de vendas. Segundo ele, se o jogo fosse lançado nos dias de hoje, provavelmente não teria tido a chance de virar uma franquia.

A revelação surgiu após uma publicação no X (antigo Twitter) do produtor da Bandai Namco, Taira Nakamura, que lamentava as dificuldades enfrentadas atualmente por novas propriedades intelectuais (IPs) no mundo dos games.

“Com os custos de desenvolvimento aumentando, criar uma nova IP está mais difícil do que nunca”, escreveu Nakamura. “Muitas séries consagradas, como Pokémon e Monster Hunter, levaram tempo e múltiplos lançamentos para se tornarem gigantes.”

Sugimori respondeu à postagem com um exemplo concreto:

“Concordo plenamente. Ace Attorney foi um fracasso quando participei do primeiro. Biohazard (Resident Evil) e Devil May Cry vendiam milhões na primeira semana. Ace Attorney no GBA vendeu só entre 70.000 e 80.000 cópias no lançamento.”

Persistência e visão de longo prazo

Apesar da recepção modesta, o criador Shu Takumi insistiu em continuar com a série. Sugimori lembra que, mesmo com vendas abaixo do esperado, a Capcom apostou na continuidade, lançando um segundo e terceiro volume — o que ajudou a construir uma base de fãs fiel e crescente.

“Eles não desistiram. A popularidade disparou depois do terceiro jogo. Depois vieram filme, peça de teatro, anime… e tudo isso graças à persistência de Takumi e da Capcom.”

Hoje, Ace Attorney conta com 11 jogos principais e spin-offs, sendo 10 deles disponíveis em plataformas modernas por meio de coletâneas. O único fora dessas compilações é Professor Layton vs Phoenix Wright, um crossover com a Level-5 exclusivo do Nintendo 3DS.

Mercado menos paciente

A fala de Sugimori ressoa com a realidade atual da indústria: jogos que não estouram de imediato tendem a ser abandonados por estúdios, mesmo que tenham potencial para se tornarem franquias sólidas. Os altos custos e a pressão por retorno rápido dificultam o crescimento orgânico de novas IPs.

Como concluiu Nakamura:

“PIs são algo que você nutre. É preciso pensar no longo prazo, não só na performance do lançamento inicial.”

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