Nos filmes anteriores de Amityville, a casa em questão sempre foi mostrada a nível de ficar tudo muito saturado. A exceção foi Fuga do Mal, eles mudaram tudo e levaram o mal que habitava a residência para fora dela. Agora em Amityville 5: A Maldição de Amityville houve um retorno a casa, mas não a original dos anteriores, é uma outra casa. No filme eles dizem ser a mesma casa, mas não é. É uma totalmente diferente, tentaram enganar os telespectadores.
Muitos vão assistir a esse longa achando que é um filme sobre Amityville protagonizado pela tal casa. Ele já começa errado aí, o que antes poderia ser uma ideia que poderia dar um diferencial para a franquia se mostrou totalmente desorganizado e desnecessário. Essa continuação é tão ruim que o espectador terá que fazer um grande esforço para conseguir chegar ao final.
Na trama, um casal compra a tal casa e vai morar nela. Três de seus amigos vão com eles para ajudar na reforma. Com o tempo eles vão descobrindo que a residência não é tudo isso e que crimes ocorreram lá. Até aí, nada de anormal, história manjada e quase igual a de todos da franquia.
Só que esse consegue piorar tudo o que havia sido construído, não tem elemento algum que possa o chamar de Amityville. Um erro sem tamanho que praticamente matou a franquia. Se antes ela já estava indo mal, aqui praticamente foi enterrada. Por que continuar fazendo filmes ruins, sem apelo nenhum para o terror e o pior, com péssimos atores, diretores e com roteiro parecendo ter sido feito por uma criança de 10 anos? Não sabem trabalhar a casa, até Atividade Paranormal soube fazer isso melhor.
Antes dos cinco amigos adentrarem a nova morada, havíamos presenciado uma cena no mínimo estranha. Um padre havia sido assassinado em uma paróquia e depois o filme corta para 20 anos adiante. Uma cena completamente nada a ver, qual o motivo dela estar ali? Deram uma explicação boba mais para a frente e só. Só colocaram o padre lá porque virou regra colocar alguém ligado a igreja nas produções.
Esse acontecimento com o padre parecia mais com um filme de suspense com serial killer que propriamente com uma produção de terror. Começou todo errado, passou por um desenvolvimento que não fez mais que encher linguiça e terminou de uma forma risível e patética. Ao mesmo tempo que ele vai te mostrando tudo de forma rápida e sem se preocupar com o que está acontecendo, ele também consegue te prender. O suspense dele é bem montado, mesmo sendo enganador é intrigante. Você vai se perguntando até o final quem é o tal assassino e nada de descobrir.
Depois de todo o suspense criado ao longo dos 90 minutos, eles esclarecem quem é o criminoso. Como nos filmes anteriores ele estava possuído e se torna um monstro com o rosto dele ficando todo desfigurado. Final sem sentido algum, assim como todo o filme é. Os últimos 15 minutos, por sinal, são engraçadíssimos, o vilão gritando e fazendo caras com uma máscara tosca lembrou muito o ocorrido no final do segundo longa.
Assim como o original de 79, esse não fica para trás em cenas desnecessárias. Há uma em que os amigos vão para o bar conversar, lá fazem amizade com moradores locais e descobrem sobre o passado da casa. Lembrando que gravaram em outra casa, não na original. Ou seja, não faz sentido nenhum esses diálogos e eles terem ido ao bar não tinha justificativa alguma. Se era para inserir novos moradores para falarem da residência, porque não fizeram isso desde o início? Como aconteceu por exemplo na série Wayward Pines ou Bates Motel, que desde o início os novos moradores entram em contato com os antigos na cidade e vão desenvolvendo toda a história em torno disso.
O roteiro tem tantos furos que algumas horas chega a ser absurdo. Nem em roteiro de produções universitárias se vê tantas falhas. Tem uma hora que um cachorro abre com as patas uma porta que estava trancada, muito bizarro! Fora que os cinco amigos podiam ir embora da casa a qualquer momento, mas não iam pelas mais esfarrapadas desculpas. Quanto aos diálogos dos personagens eles são péssimos, lembram os de filmes adolescentes de terror. O andamento é sonolento, quase parando. Fear The Walking Dead é uma obra-prima perto desse filme.
Os protagonistas são horríveis, os piores de toda a franquia até aqui. São mal desenvolvidos, não abordam a história de cada um, atuações sonolentas. Se preocupam apenas em mostrar a casa e dane-se os personagens. De início não sabemos quem é o protagonista, até descobrir que o casal é o principal. Até nisso fizeram errado. Esse filme não devia ter um principal, ele é tão ruim de elenco que todos deviam ter sido possuídos pela casa e mortos. Para se ter uma ideia, passada uma hora de filme não sabemos quem é o principal ainda.
Não sabemos porque, mas a personagem principal fica vendo um cara pelo lado de fora da casa, que some sempre quando ela o olha. Não dá para entender quem é esse cara, e mesmo o filme explicando quem ele é você fica sem entender. Porque ele apareceu? Provavelmente nem o diretor sabe explicar. Como é um suspense tentaram enganar de que ele era o suposto assassino, mas isso é muito superficial. Fora que não incluíram ele em nenhum momento, a não ser visualmente.
Fotografia é tão ruim, mas tão ruim que tem horas que nem dá para enxergar as cenas. Fazer que a casa é sombria dá para entender, agora deixar tudo quase escuro é imperdoável. Os enquadramentos também são horríveis, completamente mal filmado. Muito amadorismo para uma produção só.
A verdade é que Amityville poderia muito bem ser uma franquia excelente, mas com esse filme a única coisa que podiam fazer era ou um reboot ou um remake, mas não. Continuaram fazendo filmes atrás de filmes, sem se preocupar com a história, apenas pensando em lucro.
Escrito por Gabriel Danius
Amityville 5: A Maldição de Amityville (The Amityville Curse, EUA, Canadá – 1990)
Direção: Tom Berry
Roteiro: Doug Olson, Hans Holzer, Michael Krueger, Norvell Rose
Elenco: Ali Giron, Anthony Dean Rubes, Cassandra Gava, David Stein, Dawna Wightman, Kim Coates
Gênero: Terror
Duração: 91 min