Crítica | Atlas – Desperdiça chance de se aprofundar no debate sobre as IAs

Atlas tinha tudo para ser um grande filme, mas erra ao tentar abordar vários temas sem se aprofundar em nenhum

No vasto universo da tecnologia, o assunto do momento são as IAs (Inteligências Artificiais). A evolução tecnológica traz invenções que antes só podiam ser vistas na ficção científica, mas que hoje são realidades, como os chips da Neuralink, startup de Elon Musk, que tem como objetivo implantar chips de computador no cérebro humano.

Em Atlas, produção da Netflix dirigida por Brad Peyton, a ideia de colocar as IAs no centro do debate é nítida, tendo como objetivo o de criar uma obra grandiosa. Os efeitos especiais não são impressionantes, mas se sobressaem em uma trama rasa e vazia.

As cenas de ação decepcionam, pois tinham tudo para ser espetaculares e poderiam salvar o longa, mesmo que a maioria delas não passe de puro CGI. Os momentos em que as máquinas de combate da Terra lutam contra as inteligências artificiais em outro planeta lembram, com bastante inferioridade, os do longa No Limite do Amanhã (2014).

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A trama acompanha a cientista Atlas Shepherd (Jennifer Lopez), que, após 28 anos, é chamada para enfrentar uma IA incorporada em uma espécie de robô humanoide chamado Harlan (Simu Liu). Em um prólogo rápido, Harlan ameaça matar milhões de pessoas e depois foge para o espaço. Shepherd, então, vai ao espaço com uma tropa para enfrentar essa IA maligna, que no longa nem parece ser tão maligna assim.

A mensagem que o roteiro, escrito pela dupla Leo Sardarian, Aron Eli, quer passar é a dos perigos da inteligência artificial e como a tecnologia pode se voltar contra a raça humana, uma mensagem clichê que já foi abordada em diversos filmes e séries. Atlas não traz nada de novo para o debate, apenas reproduz o discurso de outros filmes, como Matrix (1999) e O Exterminador do Futuro (1984).

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Um dos grandes desperdícios em relação ao elenco é Jennifer Lopez – até porque a atriz passa grande parte do filme praticamente interagindo sozinha. Sua personagem é chatíssima e tem diálogos péssimos, a ponto de fazer o espectador torcer para que as inteligências artificiais vençam. Ela passa parte da história dentro de uma máquina de combate conversando com uma IA ao estilo HAL 9000 de 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968).

Essa é uma ficção científica que tinha tudo para dar certo, principalmente pela referência às IAs, um bom tema, mas que é pessimamente explorado. Além disso, é uma história chata de acompanhar, e isso não tem a ver com o fato de ser parada, e sim por ser uma narrativa óbvia que perde mais tempo com conversas vazias do que com discussões racionais.

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Atlas tinha tudo para ser um grande filme, mas erra ao tentar abordar vários temas sem se aprofundar em nenhum e ao se tornar essencialmente um grande amontoado de referências de várias produções de ficção científica. Esse excesso de referências acabou mais atrapalhando do que ajudando a obra. É triste ver que a Netflix desperdiçou mais uma oportunidade de promover um debate significativo.

Atlas (idem, EUA – 2024)

Direção: Brad Peyton
Roteiro: Leo Sardarian, Aron Eli Coleite
Elenco: Jennifer Lopez, Simu Liu, Sterling K. Brown, Gregory James Cohan, Mark Strong, Lana Parrilla, Abraham Popoola
Gênero: Ação, Aventura, Drama
Duração: 118 min

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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