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Crítica com Spoilers | Liga da Justiça – O Encontro dos Deuses

Após o sucesso das séries animadas do Batman e do Superman, era questão de tempo até o animador Bruce Timm fizesse a Liga da Justiça, sendo que Lanterna Verde, Flash e o próprio morcego haviam aparecido na série do homem de aço. Essa primeira fase teve duas temporadas, com o total de 52 episódios e é importante falar que cada história tinha em média dois episódios, sendo que alguns tinham até quatro episódios.

Mas o que fazia dessa série da Liga tão forte? Além das histórias serem muito bem feitas e fechadas, ela focava no desenvolvimento dos personagens e da dinâmica do grupo. Claro, que como o Batman e o Superman já tinham suas séries, o foco eram os outros membros da Liga: Mulher Maravilha, Lanterna Verde (no caso é o John Stewart), Flash, Caçador de Marte e Mulher-Gavião. O Lanterna e a Mulher Gavião criam o arco mais forte de toda a série. Nas primeiras vezes eles se odiavam pelo jeito de militar calculista dele com a impetuosidade dela, que resolvia tudo a partir da batalha. Como eles vão se entendendo por conta da origem militar de ambos, a química entre os dois personagens vai se mostrando muito forte, até se concretizar em um romance que é colocado a prova no ultimo arco da série, a ótima Escrito nas Estrelas o qual é revelado o verdadeiro objetivo da Mulher-Gavião na Terra, sendo que esse arco vai fazer sombra na segunda fase da série.

Já o Caçador de Marte e a Mulher Maravilha são desenvolvidos como se tivessem em meio a uma experiência antropológica, por ambos serem de espécies diferentes e ainda estarem se adaptando com os humanos. Ele tem poucos episódios que mostra esse desenvolvimento, além de ser uma espécie que vê tudo da maneira mais lógica. Já ela, é a personagem mais bem desenvolvida da série. Além dessa adaptação, há outros dois pontos que merecem destaque: o ímpeto dela como guerreira e o fato de ser uma mulher atraente em meio a uma sociedade que sempre a objetifica. Há vários episódios que focam nessa adaptação da personagem, que a torna a mais rica da série. Já Batman e Superman, são questionados em sua moralidade, principalmente o homem de aço, por ser o grande símbolo de esperança e um dos arcos mais fortes, chamado Um Mundo Melhor, ele se torna um ditador tirano e a Liga da Justiça se torna os Lordes da Justiça. Mas e o Flash? Tanto nessa fase quanto na próxima, ele é o alivio cômico. Mas felizmente ele não faz piadas o tempo todo e faz sentido ele ser o mais ingênuo da equipe, criando uma boa dinâmica entre os outros membros.

Os vilões são bem explorados e conseguem ser ameaçadores, evitando que se tornem perigosos. Um personagem que foi bem utilizado foi o imortal Vandal Savage, que foi utilizado em três histórias, sendo a principal quando ele volta no tempo e muda o resultado da Segunda Guerra Mundial. Outra boa surpresa foi a entrada do Doutor Destino que combinou no arco mais sombrio da primeira fase: o ótimo Apenas Um Sonho. O interessante foi que mesmo mudando a origem do personagem John Dee, foi criado um dos vilões mais temidos da série, que quase derrotou a liga. Esse arco lembra muito os filmes da franquia A Hora do Pesadelo pelo jeito o qual Dee prepara os seus pesadelos. Em geral, todos os vilões foram bem apresentados e humanizados, em especial o zumbi Solomon Grundy que teve um arco todo em cima de sua origem e a sua busca pela alma. E claro, o destaque foi para Lex Luthor que realmente o deixou na imagem como o grande vilão da Liga, que utiliza boas estratégias sempre que pode para destruir ela. Esse cuidado com os personagens se tornou marca registrada nas animações de Timm com os heróis da DC.

Mas e as sequencias de ação? Excelentes. Além da animação ser até hoje, muito bem feita, a dinâmica da liga nas batalhas se mostrava muito bem feita. Porque cada um seguia muito bem o seu papel, evitando que um em especial fosse o mais poderoso que o outro. Todos tinham um estilo que funcionava e fazia sentido com o sua função na batalha. A série também funcionava por serem poucos membros da Liga por arco, sendo só alguns mais fortes que utilizavam os sete. E sempre se percebeu que era por uma questão de necessidade, que não haveria como explorar aquele personagem. Geralmente eram três membros por arco, o que prova um cuidado muito grande dos roteiristas.

Além das histórias serem bem escritas e com personagens ricos, os roteiros conseguiam ir muito bem da ficção científica para a magia. Mas os personagens da DC não seguem esse padrão? Então, quando você desenvolve um universo tem que ter cuidado por lidar com dois mundos tão diferentes para que ele soe verossímil. E Liga da Justiça faz isso com perfeição.  Podia ser um episódio com o Lanterna Verde indo se encontrar com a frota ou a Mulher-Maravilha indo ver o Sr. Destino que ainda fazia sentido dentro da narrativa, por ser muito bem explorado e desenvolvido.

Enfim, a primeira fase de Liga da Justiça é mais um belo trabalho de Bruce Timm e sua equipe. Se a Marvel faz filmes melhores, em termos de animação sempre fez escola. Se a primeira fase foi excelente e a segunda? Esperem para a próxima.

Liga da Justiça (Justice League, EUA – 2001)  

Showrunner: Paul Dini e Bruce Timm
Direção: Butch Lukic e Dan Riba
Roteiro: Paul Dini, Bruce Timm, Dwayne McDuffie, John Ridley, Stan Berkowitz, Joseph Kuhr, Keith Damon, Rich Fogel, Len Uhley, Keith Damon, Andrew Keisberg e Kevin Hoops
Elenco: Kevin Conroy, Mark Hammil, Michael Ironside, Phill LaMarr, George Newbern, Susan Eisenberg,  Carl Lumbly e Maria Canals.
Episódios:
52

Emissora: Cartoon Network
Gênero:
Aventura

Duração: 23 min

 

Redação Bastidores

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