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Crítica | Crônicas de Natal - Charles Dickens Wannabe

Thiago Nolla Thiago Nolla
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•22 de novembro de 2018•8 Minutes

Todos sabemos que o Natal é uma época tão mágica quanto mercadológica. Além do espírito festivo que prenuncia o fechamento de um ciclo e a chegada do próximo ano, essa celebração mundial é alvo não apenas lojas de departamento, mas também a vontade de artistas em trazer uma nova obra clássica, principalmente quando falamos da indústria cinematográfica. E um estúdio em questão já resolveu se lançar na produção de obras originais desde 2016: o streaming conhecido como Netflix. Apenas nestes últimos meses, a plataforma já nos trouxe as duas comédias românticas intituladas O Feitiço do Natal e A Princesa e a Plebeia, cujo resultado não foi o dos melhores. Agora, como terceira investida para o gênero natalino, ela retorna às jornadas infanto-juvenis com um filme que, eventualmente, é bastante divertido de se assistir.

Crônicas de Natal pode confundir os espectadores. A princípio, é possível pensar numa construção antológica, com várias histórias ambientadas no feriado em questão que convergem numa mesma linha temporal – como o romance Simplesmente Amor. Entretanto, a coisa é muito mais simples. A trama gira em torno de uma família feliz que vê seu cotidiano bruscamente interrompido após a morte do pai e marido Doug (Oliver Hudson). Diferente dos outros anos, este será o primeiro em que os Pierce não sabem lidar com tais mudanças e acabam fragilizando os laços que mantêm entre si, incluindo entre os irmãos Kate (Darby Camp) e Teddy (Judah Lewis). As inúmeras brigas, discussões e ameaças que drenam o espírito de fraternidade e esperança dos personagens logo encontram uma surpresa inesperada: tentando se reconciliar, os dois flagram a chegada do Papai Noel (Kurt Russell) e embarcam em seu trenó, buscando provar sua existência para todo mundo.

Em um infortúnio acidente, ocasionado pela ingenuidade de Kate, o trenó de Noel se desata das renas, despenca do céu, e o saco de presentes se perde pelos céus. Além disso, a touca supostamente mágica do bom velhinho também se perde num vórtice do espaço-tempo à medida que eles navegam pelos sete continentes, obrigando-os a fazer uma aterrissagem de última hora na madrugada do dia 25 de dezembro em Chicago. O problema é que, sem seus poderes e seu meio de locomoção, ele não conseguirá fazer suas entregas – e isso aparentemente destruirá o espírito de Natal e as consequências não serão nem um pouco agradáveis. Resumindo: o nada convencional trio tem até o amanhecer para terminar as tarefas e deve agir rápido para recuperar o que se perdeu.

Dentro de um pano de fundo que tinha tudo para ser uma bomba, o diretor Clay Kaytis consegue fazer um bom trabalho em boa parte da obra. Orquestrando um primeiro ato digno de ser mencionado, ele se afasta dos convencionalismos a que estávamos acostumados e extrai o melhor de um elenco que tem bastante a oferecer. É claro que algumas fórmulas são reaproveitadas, colocando Kate como a criança espirituosa que acredita piamente no poder do Natal e Teddy como o adolescente rebelde que não consegue lidar muito bem com a morte do pai. Camp e Lewis possuem uma grande química quando em cena e conseguem carregá-la até metade do filme, quando as histórias ficam truncadas demais e se perdem numa profusão narrativa.

Entretanto, é Russell quem rouba a atenção. Encarnando uma versão bem modernizada e irreverente de Papai Noel, o ator entrega-se a uma performance sem canastrice, sem exageros e que não demanda muito para tornar-se envolvente. Seu carisma em cena é respaldado pela caracterização on point e por sequências de ação que nos mantêm vidrados o tempo todo. Isso sem falar que vê-lo correndo pelas ruas de Chicago e convencendo policias de que é o velhinho mais famoso de todos os tempos definitivamente não tem preço algum.

Os problemas técnicos e estruturais começam quando chegamos ao miolo da aventura. Matt Lieberman pode não ter um passado muito emblemático como roteirista – visto que ficou responsável por filme como Scooby-Doo e o futuro reboot de A Família Addams -, mas como estamos falando de um inocente filme infanto-juvenil e voltado para uma noite em família, ele poderia ter se mantido fixo à clássica jornada do herói, com enfoque em consertar o que foi desmantelado. Porém, Lieberman opta por criar três arcos, talvez fazendo jus ao título de “crônicas”, e começa a não saber por qual caminho seguir. Noel é preso por roubar um carro e “mentir” sobre sua personalidade; Terry é sequestrado por um grupo de gângsteres; Kate encontra o saco de presentes e viaja até o Polo Norte para buscar ajuda dos elfos para salvar o que restou do espírito natalino.

São muitas coisas acontecendo para o breve um ato e meio que falta até a chegada dos créditos. Logo, é mais do que óbvio que tanto o diretor quanto o roteirista aceleram drasticamente o ritmo da trama para darem conta de tudo, valendo-se de elementos ocasionais do estilo deus ex machina para convergirem num final razoável e que cumpre a proposta inicial. O que esperamos aqui é uma mensagem positiva que mude a visão de mundo dos personagens, e é isso o que conseguimos: a reconciliação dos dois irmãos, uma pequena cena pós-créditos hilária envolvendo os Noel, e algumas emocionantes e verdadeiras sequências que, apesar de clichês, são adoráveis.

Crônicas de Natal funciona como uma pedida interessante e sem muitas surpresas ou preocupações cênicas. Infelizmente, o filme se perde em meio a muito potencial desperdiçado e se encontra tarde demais para conseguirmos esquecer dos deslizes. De qualquer forma, é sempre válido ver Kurt Russell divertindo-se em cena e usando e abusando de seu carisma.

Crônicas de Natal (The Christmas Chronicles – EUA, 2018)

Direção: Clay Kaytis
Roteiro: Matt Lieberman
Elenco: Judah Lewis, Darby Camp, Kurt Russell, Oliver Hudson, Kimberly Williams-Paisley
Gênero: Aventura, Comédia
Duração: 104 min.

Thiago Nolla

Thiago Nolla faz um pouco de tudo: é ator, escritor, dançarino e faz audiovisual por ter uma paixão indescritível pela arte. É um inveterado fã de contos de fadas e histórias de suspense e tem como maiores inspirações a estética expressionista de Fritz Lang e a narrativa dinâmica de Aaron Sorkin. Um de seus maiores sonhos é interpretar o Gênio da Lâmpada de Aladdin no musical da Broadway.

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Anônimo
22 de novembro de 2018

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