O subgênero do terror slasher é algo que nunca sai de moda. Embora possa ter tido um período de baixa entre meados dos anos 2000, recentemente está experimentando um novo boom. Isso se deve ao ressurgimento de franquias populares que voltaram aos cinemas e se tornaram sucessos, como Halloween (2018) e Pânico (2022), Isso sem mencionar as produções que tentam reinventar o modelo, como A Morte Te Dá Parabéns (2017), que é uma das referências de Dezesseis Luas, dirigido por Nahnatchka Khan.
A obra do Prime Video é um deleite para os fãs de filmes de terror. É uma divertida e aterrorizante viagem no tempo, na qual a jovem de 17 anos, Jamie Hughes, interpretada por Kiernan Shipka (Riverdale), precisa escapar do assassino Sweet Sixteen Killer, que retorna após um longo hiato de 35 anos. Jamie Hughes, ao tentar fugir do assassino, entra em uma cabine fotográfica em um parque de diversões e é levada para os anos 80, onde fará de tudo para tentar mudar o passado e assim alterar o futuro.
O público em si não procura apenas qualidade narrativa ou mortes bem elaboradas nesse tipo de produção, procura também por doses de tensão e sustos, algo que alguns longas de terror recentes não proporcionam. O roteiro de Dezesseis Facadas tenta algo novo, que é fazer a protagonista ser levada para outra época e assim viver uma realidade diferente da sua. Isso causa até um humor espontâneo em certos momentos devido à estranheza que Jamie vivencia, como o fato de ser politicamente correta e ter que presenciar falas que não estão de acordo com a sua moralidade.
Essa ideia de explorar o choque cultural é bastante interessante, já que os anos 80 eram praticamente outro mundo. Imaginar como uma pessoa dos tempos atuais se comportaria em uma época tão diferente da atualidade adiciona profundidade à história e a torna menos convencional no gênero de terror. O roteiro pode criar um espaço para o desenvolvimento da personagem e reflexões sobre questões éticas.
A Blumhouse conquistou uma reputação sólida entre os entusiastas de filmes de terror, destacando-se como uma produtora que entrega produções de qualidade com roteiros inteligentes. Em Totally Killer (nome original), o terror em si pode não ser aterrorizante, mas desempenha com eficácia a função de gerar uma tensão constante no público. O assassino Sweet Sixteen Killer segue a estrutura clássica de construção de vilões dos slashers, não indo muito além de matar suas vítimas de forma sanguinolenta.
A cineasta Nahnatchka Khan ficou conhecida por seu trabalho no ótimo Meu Eterno Talvez, da Netflix. Desta vez, Khan demonstra sua destreza ao explorar de maneira inteligente o conceito de viagem no tempo, buscando inspiração no clássico De Volta para o Futuro (1985) e, ao fazê-lo, acrescenta profundidade à narrativa à medida que a história se desenrola.
Dezesseis Facadas segue a fórmula clássica dos filmes de slasher, incorporando elementos como a figura da Final Girl e a estética típica do gênero de terror. Mesmo com sua trama não evitando os clichês comuns a obras desse tipo, ainda assim é divertido acompanhar as situações nas quais a protagonista se envolve, gerando o sentimento de agrado no público.
Dezesseis Facadas (Totally Killer, EUA – 2023)
Direção: Nahnatchka Khan
Roteiro: David Matalon, Sasha Perl-Raver, Jen D’Angelo
Elenco: Kiernan Shipka, Olivia Holt, Charlie Gillespie, Lochlyn Munro, Troy Leigh-Anne Johnson, Liana Liberato, Nathaniel Appiah, Randall Park
Gênero: Comédia, Terror
Duração: 106 min
Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.


