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Crítica | Festa da Salsicha

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Catálogo, Cinema, Críticas•3 de outubro de 2016•10 Minutes

Muita gente não considera filmes de animação como uma forma artística voltada para temas mais adultos. Quantas vezes já falou de um desenho adulto e recebeu aquela face de indignação de seu amigo desinformado: “Ué? E lá existe desenho que não seja para criança?”. Sim, existem, e não são poucos. Porém filmes animados destinados aos adultos são um pouco mais raros.

Para termos uma base, Festa da Salsicha é primeiro filme animado adulto com censura alta lançado desde 1999 por estúdio major. Em 1999, foi a vez do longa de South Park causar o alvoroço na época. Agora em 2016, é a turma de Seth Rogen que traz uma peça bizarra para as telonas de todo o país.

O time de muitos roteiristas é encabeçado por Seth Rogen, o comediante que teve a ideia original para o argumento. Pegando emprestada a proposta de Toy Story, Rogen nos apresenta a rotina dos alimentos felizes de um hipermercado. Todos conversam e festejam com a abertura do comércio, na esperança de serem escolhidos pelos “deuses” – nós, humanos – e que eles os levem até o paraíso – suas respectivas moradias. Porém, todos desconhecem o que realmente acontece com os alimentos quando chegam nas casas dos deuses.

Um produto comprado por engano, o Mostarda com Mel, é devolvido para o mercado e tenta comunicar todos dos horrores que acontecem nas humildes moradas dos clientes do mercado. Estressados, os outros produtos se recusam a acreditar no molho histérico. Após ser novamente escolhido por uma cliente, Mostarda com Mel se recusa a ser comprado e acaba causando um grande acidente. Nisso, uma salsicha chamada Frank e sua bisnaga-namorada, Brenda, acabam saindo de suas embalagens. Juntos terão que encontrar um caminho de volta para seus corredores. Mas nada será tão fácil, pois uma ducha assassina pretende aniquilar os dois. Além disso, dúvidas sobre a índole dos deuses começam a pairar nos pensamentos turvos de Frank.

Novamente, partindo da premissa do Mito da Caverna de Platão – já deve ser o terceiro longa com esse tema neste ano, Rogen e seus roteiristas criam uma história promissora. Afinal se trata de um filme onde as comidas têm vida própria e descobrem que seu único propósito existencial é ser mastigada, fervida, cortada, ralada, frita, escaldada, assada, entre diversos outros horrores culinários que ocorrem na cozinha – levando em conta o ponto de vista dos alimentos, claro.

Mas Rogen não está muito interessado em contar uma boa história no restante do longa, restringindo todo o potencial que ela possui. O aviso já é claro: caso odeie a comédia do grupo já visto em É o Fim, é certeza de que esse filme não conseguirá agradar. A justificativa é muito simples: o humor que Rogen utiliza é o do mais básico e chulo possível. Há uma quantidade massiva da palavrões, piadas sexuais, escatológicas e de consumo de drogas.

Tudo é cru demais para que os roteiristas tentem qualquer tipo de humor mais refinado, inteligente ou eficaz. É claro que as piadas, de primeiro momento, conseguem fazer rir, mas ao longo da projeção, escutando os mesmos palavrões e as mesmas frases de efeito, o humor começa a falhar.

Logo, por alguma competência, Rogen passa a emular as ideias vistas em Uma Aventura LEGO, filme que se vale de diversos estereótipos e clichês. Até as situações são similares, com os protagonistas visitando diversos corredores temáticos do mercado. Vemos a ala western cheio de produtos mexicanos ‘ilegais’, a ala das bebidas alcoólicas com produtos bêbados, ala das frutas e legumes, sucos, condimentos, etc. Todas rendem bons momentos graças às piadas preconceituosas, revelando um humor que ainda tem coragem de existir mesmo sendo massacrado pelas reverberações politicamente corretas.

Aliás, este é o maior trunfo do filme: não se resignar em nenhum ponto. Rogen aponta sua metralhadora para todos: drogados, alcoólatras, homossexuais, ninfomaníacos, monstros de academia, estupradores, cristãos, judeus, muçulmanos, moralistas e mais outros grupos. É evidente que as religiões são os alvos prediletos de Rogen, já que todo o filme é uma metáfora para mostrar o quão estranho o pensamento religioso possa parecer ser – principalmente pelos deuses e seu tratamento com os alimentos antropomorfizados.

A própria personagem Brenda, a bisnaga namorada de Frank, ilustra as metáforas com seus diálogos cheios de temores sobre pudor e moral. Tudo isso se esvai com o pós-clímax do filme que serve como síntese de um experimento anárquico niilista – sob o ponto de vista de Rogen. Os outros personagens coadjuvantes, principalmente Sammy Bagel e Lavash, recebem humor mais inteligente discutindo a questão Israel-Palestina do modo mais esdrúxulo possível. Já o taco homossexual é um personagem redundante e de pouca graça. A figura do antagonista, a Ducha, tem alguns bons momentos, mas não deixa de ser descartável.

Os diretores Greg Tiernan e Conrad Vernon – veteranos em filmes animados, junto do roteirista também trabalham na linguagem fílmica e na abordagem visual em favor da comédia. Ao contrário do texto que se baseia muito em palavrões, trocadilhos e xingamentos, o trio elabora piadas paródicas conseguindo duas com perfeição, O Resgate do Soldado Ryan e Rattatouille. Toda a questão entre o ponto de vista dos humanos e dos produtos também é resolvida com facilidade.

Mesmo sendo um longa relativamente barato de 19 milhões de dólares, os diretores não poupam recursos para deixar a decupagem mais rica possível. Muitos planos são apenas descritivos para ilustrar a ação bem filmada, mas há sim uma acuidade estética pensada com cores e iluminação corretas. O número musical do começo é o melhor exemplo disso. Aliás, canção esta composta por ninguém menos que Alan Menken, gênio oscarizado das trilhas musicais de diversas animações Disney.

Outras piadas de cunho sexual estão na própria caracterização dos protagonistas. Frank é uma salsicha por motivos óbvios e a bisnaga Brena tem lábios demarcados em formato de vagina. Frank também possui luvas e sapatos iguais aos de Mickey Mouse. Já a animação, apesar de fluida, às vezes tem texturas simples muito perto do limiar de serem consideradas feias. O design hipercaricato dos humanos também desperta certa curiosidade.

Aliás, um detalhe especial para a dublagem brasileira e também da adaptação do Porta dos Fundos. Além de contar com os integrantes do grupo, a Sony selecionou diversos talentos conhecidos que dublam outras animações infantis. Logo, ao reconhecer a voz de tantos atores comuns à infância dialogando com montanhas de palavrões certamente é engraçado. A adaptação também é competente ao adaptar palavrões americanos para os impropérios brasileiros, além de encaixarem memes de modo orgânico.

Festa da Salsicha é um bom longa de comédia que te deixará boquiaberto ao fim da sessão. Se perguntando, “o que raios que acabei de ver? ”. A comédia, apesar de rasteira e imperfeita, é eficiente de certa forma, mas as paródias conseguem elevar a qualidade. A história seguindo na margem de segurança do storytelling, repleta de clichês, não surpreende mesmo sob o ponto de vista muito curioso dos alimentos. Na proposta, é um filme que atinge boa parte de seu potencial, ainda mais conhecendo o estilo dos realizadores.

Bom, também, honestamente, estamos vendo um filme sobre uma salsicha falante cujo desejo é entrar na bisnaga. Isso resume perfeitamente a experiência que encontrará com a comédia escrachada de Seth Rogen.

Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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