Crítica | Flow já é uma das melhores animações do ano

A incrível jornada de um gatinho que nos cativa do início ao fim.

Não é errado dizer que Flow é uma das grandes surpresas da temporada de premiações, sendo indicado nas categorias de Melhor Filme Internacional e Melhor Animação no Oscar 2025.

O longa animado da Letônia era pouco conhecido, mas sua qualidade como obra audiovisual e o boca a boca fizeram com que a animação se tornasse um fenômeno global.

Flow conta a surreal e incrível jornada de um gatinho que se vê forçado a sobreviver em um mundo à beira do apocalipse (pelo menos é o que parece), enfrentando um dilúvio de proporções bíblicas que cobre, além de montanhas, também uma simbólica estátua do gato preto, que era cultuada algum povo desconhecido.

Dirigido por Gints Zilbalodis e com roteiro assinado por ele, em parceria com Matiss Kaza e Ron Dyens, o filme é um espetáculo à parte. Não apenas pela qualidade gráfica, mas, principalmente, pelo seu roteiro, que nos revela muito mais do que parece implícito na história.

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A construção da narrativa nos oferece uma verdadeira odisseia do carismático gatinho por lugares inóspitos, sendo obrigado a seguir a jornada do herói, enfrentando desafios que o testam constantemente e revelam toda a sua coragem.

Animação de qualidade

A simplicidade com que a trama se desenvolve só prova o quão original ela é. Não há um único diálogo na história, o que torna a produção ainda mais bela, pois a maioria dos acontecimentos é mostrada através da interação dos animais uns com os outros e dos perigos que enfrentam, sem a necessidade de falarem, como ocorre na maioria dos longas animados do gênero.

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Outra característica interessante do roteiro é o fato de o longa não se preocupar em explicar absolutamente nada sobre a calamidade envolvendo os animais. Esse aspecto, não afeta a narrativa, pois a história se sustenta por si só através da jornada de sobrevivência dos animais.

Na trama, não há menção a humanos; é como se eles tivessem desaparecido da Terra ou sido extintos. Existem apenas indícios de que os humanos estiveram por lá, o que mostra novamente como a animação consegue desenvolver a narrativa utilizando apenas elementos surrealistas. Isso fica bastante claro na cena em que os personagens emergem em direção ao céu do nada.

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Gints Zilbalodi é animador e editor, e, por isso, a qualidade de Flow está, além do roteiro, na parte gráfica. Gints utilizou o software Blender para editar o filme, o que é um diferencial, já que grandes estúdios como Pixar e DreamWorks utilizam softwares próprios.

O uso do Blender por parte de Gints nos mostra que a qualidade não está apenas relacionada ao uso de tecnologias de ponta. É justamente essa simplicidade em fazer muito com menos que faz de Flow um dos grandes filmes do ano.

Flow (idem, Letônia – 2024)
Direção: Gints Zilbalodis
Roteiro: Gints Zilbalodis, Matiss Kaza e Ron Dyens
Gênero: Animação, Aventura
Duração: 85 min.

Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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