Crítica | Ghostbusters: Apocalipse de Gelo Carece de inspiração e originalidade

Em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, há bons momentos de ação, como o Leão de Estátua que ataca os caça-fantasmas,

Quando Ghostbusters: Mais Além (2021) foi lançado, trouxe de volta toda a nostalgia que cercava a franquia dos anos 1980 para um público que cresceu assistindo aos Caça-Fantasmas originais em ação, além de permitir que um novo público pudesse vê-los trabalhando e caçando fantasmas. No entanto, Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Gil Kenan) é uma continuação que carece da força e do carisma necessários para transformá-lo em uma grande obra audiovisual.

O elenco é basicamente o mesmo de Mais Além, assim como os personagens, com a aparição de uma ou outra cara nova. Phoebe (Mckenna Grace), a gênio da ciência de 15 anos, seu irmão bobalhão Trevor (Finn Wolfhard), assim como sua mãe Callie (Carrie Coon) e Gary, o professor interpretado por Paul Rudd. Com esse grupo, o novo filme da franquia vai criando um elo com o público e desenvolvendo melhor cada personagem, algo que não houve tempo para explorar no longa de 2021.

Dirigido por Gil Kenan, que foi um dos roteiristas de Mais Além, o filme realiza uma mudança que, à primeira vista, pode ser considerada normal, mas que, no fundo, foi feita pensando em trazer os caça-fantasmas para um mundo mais próximo do nosso e trabalhar ainda mais a nostalgia que a franquia demanda.

Desta vez ocorre um retorno à Nova York, especificamente ao corpo de bombeiros que os Ghostbusters originais usavam como quartel general, onde todas as entidades paranormais são presas, e onde os novos Ghostbusters irão trabalhar.

A tentativa de reviver elementos clássicos que deram certo na franquia original, como o uso dos uniformes, os efeitos práticos e as armas poderosas de pegar fantasmas, faz com que o público se identifique com a história. Ao mesmo tempo, surge a sensação de que é apenas mais do mesmo, sem trazer algo de original para a franquia, deixando a a trama presa ao passado.

O roteiro escrito por Gil Kenan e Jason Reitman acerta ao dar um papel de maior destaque para Dan Aykroyd e ao inserir aparições bastante simbólicas de Bill Murray e Ernie Hudson, contribuindo para a nostalgia. Murray continua como o engraçadão de sempre, enquanto Hudson é retratado como o homem que faz as coisas acontecerem. Embora seja um acerto trazer esses veteranos de volta, o lado negativo é que tanto Murray quanto Hudson são relegados a personagens secundários, sem muita importância para a trama.

Um grande acerto de Apocalipse de Gelo foi a introdução de Kumail Nanjiani ao elenco, interpretando Nadeem, um homem que vende as coisas de sua falecida avó, incluindo um artefato misterioso antigo. Nadeem, junto com os bonecos de marshmallow, desempenha um papel fundamental na narrativa e traz o alívio cômico que a história demanda, lembrando dos bons momentos do humor da franquia original.

No entanto, o último ato de Apocalipse de Gelo é decepcionante. O vilão Garraka, uma mistura de personagem de RPG com demônio, é interessante, mas aparece por tão pouco tempo que frustra as expectativas do público. Todo o aspecto misterioso envolvendo Garraka, incluindo o artefato da Orbe de Garraka, é bem desenvolvido, mas se perde quando chega o momento crucial de soltar o fantasma aprisionado.

Em 2021, Jason Reitman revigorou a franquia que teve origem com seu pai, acertando ao fazer de Mais Além uma ficção nerd focada na ciência. Em Ghostbusters: Apocalipse de Gelo, há bons momentos de ação, como o Leão de Estátua que ataca os caça-fantasmas, e o retorno do humor característico da franquia.

No entanto, a sensação que fica é que falta algo a mais em sua história. Embora seja um filme bem produzido, com um elenco capaz de comandar o show, ainda assim há uma lacuna em seu roteiro. A repetição da trama pode atrair novos espectadores para os cinemas, mas provavelmente não é suficiente para manter a audiência satisfeita com o que foi feito.

Ghostbusters: Apocalipse de Gelo (Ghostbusters: Frozen Empire, EUA – 2024)

Direção: Gil Kenan
Roteiro: Gil Kenan, Jason Reitman
Elenco: Paul Rudd, Carrie Coon, Finn Wolfhard, Mckenna Grace, Kumail Nanjiani, Patton Oswalt, Celeste O’Connor, Logan Kim, James Acaster, Bill Murray, Dan Aykroyd, Ernie Hudson
Gênero: Aventura, Comédia, Fantasia
Duração: 115 min

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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