Pode-se dizer com certa veracidade que Sydney Sweeney é uma das queridinhas de Hollywood no momento. A atriz, que protagoniza Imaculada e que ganhou destaque em Euphoria, recentemente esteve em Madame Teia, que foi um fracasso de crítica, e no romance divertido Todos Menos Você, desponta como uma artista cada vez mais favorita dos estúdios para trabalhar em certas produções.

Imaculada é dirigido por Michael Mohan, que já trabalhou com Sweeney em Observadores (2021), e é uma produção que faz parte do subgênero Nunsploitation, no qual apresenta freiras envolvidas em atividades sexuais ou em transgressões religiosas. Como se sabe, este é um subgênero em alta, muito disso devido à aparição do demônio Valak em Invocação do Mal 2. Os produtores descobriram que este é um nicho a ser explorado.

O longa acompanha a irmã Cecilia, que se muda para um convento isolado na região rural da Itália, onde trata de freiras com problemas de saúde. Após sinistros acontecimentos no local, como o suicídio de uma freira e a gravidez de Cecilia, a trama adquire um ar de horror. A ideia de fazer com que Cecilia fique grávida é um dos grandes clichês de filmes do gênero, especialmente por ocorrer sem contato sexual, sugerindo seu envolvimento com forças obscuras.

Fica bastante claro que o roteiro de Andrew Lobel utiliza como referência principal para o arco narrativo da protagonista o clássico O Bebê de Rosemary (1968). Não é a primeira vez que essa ideia é executada no cinema e nem será a última. A diferença é que o roteiro recorre a uma ideia já batida e não apresenta nada de novo para tornar sua história mais vibrante e tensa. 

Por ter um tempo de execução curto, de apenas 89 minutos, a trama não aprofunda em nada a vida da protagonista. Isso faz com que seja difícil entender por que ela foi escolhida para gerar a criança misteriosa, fato que só é revelado no ato final de maneira óbvia e frustrante.

Em alguns longas, as referências podem atrapalhar mais do que ajudar, servindo mais para mascarar a pobreza narrativa do que para construir algo original e relevante. No caso de Imaculada, isso não acontece. Mesmo com o excesso das referências a filmes como O Bebê de Rosemary e Suspiria, essas referências transformam a produção em uma cópia descarada, em vez de permitir que a obra encontre seu próprio caminho.

Como um todo, o roteiro traz bons momentos de suspense e tensão, especialmente quando a irmã Cecilia busca respostas para suas várias perguntas sobre a congregação. No entanto, a estrutura narrativa não consegue manter o foco no suspense por muito tempo, devido à previsibilidade da trama. O personagem de Álvaro Morte, Padre Sal Tedeschi, é um acerto para a história, mas infelizmente é relegado a um papel secundário e sem grande destaque.

Imaculada é intrigante e repleto de retóricas que servem para gerar discussões, como a cena do suicídio da freira e os abusos dentro de conventos ou outras instituições religiosas. O diferencial desta obra em relação a outras de terror é que a qualidade do roteiro e a direção de Mohan se destacam em algumas situações. Dependendo do desempenho nas bilheterias, é bem provável que tenha continuações, pois há bastante material para isso.

Imaculada (Immaculate, EUA – 2024)

Direção: Michael Mohan
Roteiro: Andrew Lobel
Elenco: Sydney Sweeney, Álvaro MorteSimona Tabasco, Benedetta Porcaroli, Giorgio Colangeli, Dora Romano
Gênero: Terror
Duração: 90 min.

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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