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Crítica | Indiana Jones e o Templo da Perdição - Uma aventura sombria

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•17 de março de 2018•13 Minutes

Em 2018, é muito difícil encontrar um fenômeno como aquele onde Os Caçadores da Arca Perdida participou. Um blockbuster assumidamente de aventura e entretenimento pipoca, o filme de Steven Spielberg foi um sucesso de bilheteria, como esperado, mas também surpreendeu ao conquistar diversas indicações ao Oscar – inclusive as de Melhor Filme e Direção, algo que é bizarro de se imaginar hoje em dia, com o Oscar cada vez mais fechado para grandes produções. Esse sucesso avassalador praticamente garantia mais aventuras de Indiana Jones, algo que o próprio George Lucas já devia ter em mente na concepção do roteiro do primeiro filme, e então a Paramount e a LucasFilm deram a luz verde para mais um longa do arqueólogo. O resultado? Indiana Jones e o Templo da Perdição, um filme inesperadamente sombrio, e que acabou por literalmente mudar a história da censura americana.

Pouca gente pega essa informação, mas a trama se passa um ano antes de Caçadores, em 1935, e joga Indiana Jones (Harrison Ford) auxiliando uma vila na Índia a recuperar artefatos sagrados. De acordo com os líderes, as místicas Pedras de Sankara oferecem poderes de fortuna e glória, e um grupo maligno teria roubado as pedras e todas as crianças da vila para servir como escravos, forçando Indy, seu parceiro Short Round (Jonathan Ke Quan) e a cantora Willie Scott (Kate Capshaw) a recuperar os objetos roubados ao adentrar em um misterioso templo.

Cinzas do Divórcio

Na maioria dos casos, a Arte é um reflexo de seu criador. Na década de 80, George Lucas passava por divórcio doloroso com sua então esposa Marcia Lucas (montadora do primeiro Star Wars), e o fim do relacionamento acabou se refletindo no teor mais macabro de O Templo da Perdição que – explodindo as sutilezas – traz um vilão com a habilidade de arrancar corações de suas vítimas, além de raptar e escravizar criancinhas. É uma premissa assustadoramente mais sombria e pesada do que a do anterior, ainda que mantenha os mesmos elementos de aventura matinê, o senso de humor e as cenas de ação divertidas, mas dobra os riscos na ameaça sobrenatural (que conta até mesmo com bonequinhos voodoo) e no peso dramático da história. Tamanha foi a polêmica, que a MPAA (selo de censura americano) literalmente foi forçado a criar uma nova classificação indicativa para o filme, que era pesado demais para um simples PG, mas não podia arriscar a perder seu público com R. Assim, nascia o famoso PG-13, classificação para maiores de 13 anos que hoje encontra-se na esmagadora maioria dos blockbusters e filmes de super-herói.

Sem Lawrence Kasdan retornando, Willard Huyck e Gloria Katz fazem um bom trabalho ao preservar a mesma estrutura e estilo do anterior, com uma memorável sequência de abertura onde Indy protagoniza, literalmente, uma série de tretas em Xangai. Mesmo que o primeiro filme lidasse com o sobrenatural ao abordar um artefato religioso, o texto de Huyck e Katz acaba deixando um pouco de lado o aspecto científico da profissão do arqueólogo, algo que nunca deixou de passar pela cabeça de Indy ao ir atrás da Arca da Aliança, e também o famoso jogo das pistas. O culto dos Tugue aqui é só mais um estereótipo da feitiçaria voodoo, e não seria hipócrita ao criticar esse retrato do filme desse grupo, afinal estamos falando de uma cinessérie matinê que faz os mesmos com todos os seus antagonistas – de nazistas a russos. O problema real é que os Tugues realmente não são muito interessantes como personagens e ameaça, faltando a eles uma profundidade ou uma mitologia mais fascinante, como havia com a Arca no primeiro filme. As ações e o método são algo que ganham mais poderio imagético, e falaremos sobre isso em instantes, mas sem dúvida temos aqui os antagonistas mais fracos da franquia, ainda que Amrish Puri tenha certa presença como o maléfico Molar Ram, líder dos Tugues, e que o banquete no palácio seja algo que pra sempre ficará em minha memória.

Se há algo que a dupla realmente acerta no texto é o trio protagonista. O Indy de Harrison Ford está carismático e divertido como sempre, e aqui o ator tem a oportunidade de explorar uma faceta mais sombria do personagem quando este é enfeitiçado pelos Tugues e forçado a agir como um “soldado zumbi”, se rebelando contra seus amigos e auxiliando os sacerdotes de Mola Ram. Sua dinâmica com o pequeno Jonathan Ke Quan é divertidíssima, e o jovem vietnamita rouba a cena como o parceiro mais “espertinho” de Indy até então, e é realmente tocante ver os dois se reparando após o protagonista sair do feitiço voodoo. E bem, a Willie de Kate Capshaw é de longe a mocinha mais sem graça da franquia, e não ajuda que a personagem passe boa parte de seu tempo de cena gritando histericamente, mas sua presença ajuda a manter o equilíbrio no conjunto dos três personagens.

Um cineasta literalmente apaixonado

No que diz respeito a direção, sempre encontraremos um trabalho de qualidade quando o nome de Steven Spielberg vem marcado nos créditos. Ainda que tenham se passado três anos desde o lançamento de Caçadores, o diretor se mostra tão animado e apaixonado pelo material como no primeiro filme (além, claro, de Capshaw, atriz com quem o diretor é casado até hoje). A cena de abertura em Xangai já mostra sua inteligência com a câmera ao acompanhar a negociação de Indy com o mafioso Lao Che (Roy Chiao) em uma mesa de jantar onde um prato rotatório vai girando entre os participantes, e Spielberg discretamente mantém o mesmo plano, acompanhando cada movimento do dispositivo, enquanto o arqueólogo e Che trocam um diamante por uma relíquia chinesa.

A sequência termina com tiroteiros, Indy envenenado e uma perseguição de carro pelas ruas apertadas de Xangai, tudo isso com um trabalho excepcional de dublês, bonecos de borracha e o humor discreto e não-verbal sempre muito bem-vindo – como quando pedaços de gelo se espalham pelo chão, dificultando o trabalho dos personagens em encontrar o diamante perdido, ou a segurança de Indy zombar de Lao Che ao escapar em um avião, apenas para que este feche a porta logo em seguida e o espectador veja em letras bem grandes que a aeronave é propriedade do mafioso. E já que falei de senso de humor discreto, impossível não destacar o clássico momento em que Indy escapa por pouco de uma porta fechando, mas recupera seu chapéu caído nos últimos segundos, ou o inteligente callback para Caçadores quando o herói é cercado por dois espadachins, que imediatamente exibem suas habilidades. Indy faz a mesma cara de desprezo e cansaço do primeiro filme, com sua mão já indo em direção à pistola, mas dessa vez o coldre está vazio. O tipo de sacada que sempre enriquece uma sequência, ou, neste caso, um prequel.

O nível das cenas de ação se mantém aqui, ainda que Spielberg não aposte em armas pesadas como aeronaves, cavalos ou grandes locações no deserto. Aqui, o diretor explora muito bem os ambientes disponíveis, desde o já comentado embate em Xangai até todas as cenas envolvendo o templo do título. Em especial, a corrida dos carrinhos de mina é daquelas sequências que ganham vida graças à visão dinâmica do diretor, que oscila entre enquadramentos POV dos personagens percorrendo uma verdadeira montanha russa, e planos espetaculares que revelam a grande espacialidade do set, e também a aproximação dos carrinhos dos inimigos. O clímax é outra grande set piece do longa, com Spielberg utilizando planos bem abertos e pouca música para retratar Indy sendo encurralado por soldados Tugue em uma frágil ponte de madeira pendurada entre dois penhascos – uma imagem clássica dos matinês -, sendo o mais próximo de um faroeste que Indiana Jones já chegou. O desfecho impressiona pela ideia ousada do herói, e também pelo fato de percebermos que a equipe realmente derrubou aquela pequena construção de madeira, e a execução e queda dos dublês ali é algo que ainda faz meu queixo cair.

No que diz respeito aos valores de produção, temos alguns dos mais poderosos exemplares de design de produção e fotografia da saga. O trabalho de Elliot Scott no set do templo de cerimônias é simplesmente fantástico, com as estátuas amedrontadoras e as pedras pontiagudas surgindo de ambos os extremos do quadro, representando literalmente o Inferno na Terra. Com o fogo das tochas e do grande buraco de magma onde as vítimas são jogadas sendo o elemento mais forte de tais cenas, o diretor de fotografia Douglas Slocombe trabalha muito com um vermelho fortíssimo, já oferecendo algo radicalmente diferente do original e que adequa-se à natureza demoníaca daquele ambiente. Até mesmo John Williams oferece uma virada mais soturna para sua trilha sonora, com cantos cerimoniais, uma óbvia inspiração indiana e um coral onírico para representar o poder Sankara; mas sem nunca deixar a leveza de lado, mantendo a marcha dos Caçadores e acrescentando o maravilhoso tema de Short Round à seu leque de peças memoráveis.

Mais sombrio e fantasioso do que o anterior, O Templo da Perdição é mais uma aventura eficiente e, mesmo com todas as trevas, divertida do famoso arqueólogo. Falha em construir uma mitologia fascinante e envolvente como no anterior, mas não decepciona no estilo, na ação e no carisma de seus personagens. E mais do que isso, não tem medo de explorar facetas diferentes desse universo delicioso.

Indiana Jones e o Templo da Perdição (Indiana Jones and the Temple of Doom, EUA – 1984)

Direção: Steven Spielberg
Roteiro: Willard Huyck e Gloria Katz, baseado no argumento de George Lucas
Elenco: Harrison Ford, Kate Capshaw, Jonathan Ke Quan, Amrish Puri, Phillip Stone, Roy Chiao, Roshan Seth
Gênero: Aventura
Duração: 118 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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3 Comments
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