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Crítica | Levada da Breca - Um dos melhores filmes do gênero

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•20 de fevereiro de 2018•6 Minutes

David (Cary Grant) é um paleontólogo desajeitado prestes a casar. Os seus jeitos são atrapalhados, a sua fala é entrecortada por uma série de pensamentos conflitantes e a postura que adota perante os outros é completamente antissocial. Tentando convencer o representante de um ricaço para que seja doada uma quantia milionária ao seu museu, ele conhece Susan (Katherine Hepburn), uma garota hiperativa que lhe rouba a bola de golfe e o carro. A partir desse encontro que talvez nada tenha de fortuito, a vida de David se transforma numa jornada de auto-descoberta surreal, na qual há assaltos, prisões, um cachorro irritadiço e dois leopardos.

Ao longo da narrativa, o espectador se pergunta qual é a origem de Susan, como ela conheceu David e o que a fez se apaixonar tão rapidamente. No entanto, esses mistérios acerca da personagem constituem algumas das principais características da screwball comedy, subgênero do qual Levada da Breca é um dos exemplares mais bem finalizados. Por alguns anos, essas comédias hollywoodianas trouxeram alegrias às vítimas da Grande Depressão. Os seus principais aspectos — como a batalha dos sexos, as disparidades sócio-econômicas entre os personagens, protagonistas femininas independentes, diálogos frenéticos, sucessão de acontecimentos irreais, a exploração criativa da sexualidade etc. — foram o escapismo perfeito para pessoas ansiosas por fugir da melancólica realidade.

Dos diretores que ajudaram a consolidar esse tipo de filme, Howard Hawks é o nome de maior destaque. A compreensão que ele mostrou ter do gênero (e de tantos outros) foi plena, não somente pelo domínio dos seus principais elementos, mas também por compreendê-los acima da camada mais imediata. Claramente, a noção de comédia do cineasta é essencial para que Levada da Breca funcione tão perfeitamente. O emprego de poucos close-ups, a predominância de planos abertos privilegiando os físicos dos atores, o timing cômico preciso, a exploração e o ritmo mais cadenciado potencializam sobremaneira o humor.

A direção de atores, por sua vez, extrai da dupla principal performances consistentes. Cary Grant — que, na época da produção, já interpretava papéis de galã — abraça completamente a caracterização e surpreende como um sujeito docemente estranho, confortável em sua carcaça, mas pronto para explodir num instante de loucura. Já Katherine Hepburn convence inteiramente como a jovem que é o oposto de David, um furacão imparável de palavras, ações e traquinagens, mas emocionalmente vulnerável e profundamente apaixonada. Juntos, esse casal 20 relevou ter uma química inquebrantável e marcou para sempre a história do cinema.

No entanto, acima das tentativas eficazes de comédia verbal e humor pastelão há um sub-texto sutil e simples que torna o arco dramático do protagonista uma trajetória reveladora. Embora não sejam dadas informações sobre o seu passado, David transmite a sensação de ser um homem cuja história se deu por uma expectativa parcialmente alheia. Ele possui um bom emprego, irá casar em breve com uma parceira de trabalho e, mesmo sendo antiquado, goza de uma vida social saudável. Quando surgem os primeiros acontecimentos imprevistos de uma existência aparentemente controlada, as coisas viram de cabeça para baixo.

É como se a própria ordem natural mexesse as engrenagens para que ocorresse uma transformação. Evidentemente, a faísca desse barril de pólvora é Susan. Agindo como uma força da natureza, ela é a responsável por mudar a vida de David. São as suas ações que tiram o protagonista do caminho anterior e o redirecionam a uma via trôpega, porém, verdadeira e condizente com a real personalidade de David. No plano simbólico (e também concreto), a presença constante de animais e a ida ao campo representam essa transformação que as próprias forças do mundo parecem colocar em ação (o cão abocanhando o osso é um exemplo). Aliás, a rima entre os planos iniciais e finais não é uma mera coincidência.

Muitas comédias “amalucadas” se destacam positivamente. Desde o seu início na história cinematográfica — com o longa Aconteceu Naquela Noite — até o fim anunciado pelos críticos — o ano de 1942 –, esse sub-gênero produziu alguns clássicos. Um dos auges cinematográficos é justamente Levada da Breca. Trata-se de um filme delicioso e irresistível, com um casal principal charmoso e um diretor genial por trás das câmeras. O patamar atingido aqui foi tão alto que seria apenas superado em 1940, quando o mesmo Howard Hawks se reuniu novamente com Grant para realizar o monumental Jejum de Amor. 

Levada da Breca (Bringing Up Baby, 1938 – EUA)

Direção: Howard Hawks
Roteiro: Dudley Nichols e Hagar Wilde
Elenco: Cary Grant, Katherine Hepburn, Charles Ruggles, Walter Catlett, May Robinson
Gênero: Comédia
Duração: 104 min.

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