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Crítica | A Montanha Sagrada

Redação Bastidores Redação Bastidores
In Catálogo, Cinema, Críticas•1 de julho de 2017•7 Minutes

Depois de ter chamado a atenção de Jean Cocteau com o curta-metragem A Gravata e de Roman Polanski com o longa Fando e Lis, Alejandro Jodorowsky impressionou John Lennon com o seu filme seguinte, El Topo, uma mistura estranha de faroeste e misticismo. Tendo visto a obra numa das famosas sessões da meia noite que aconteciam nos cinemas underground  de Nova York, o ex-beatle ficou tão maravilhado com a capacidade visual do diretor chileno e os temas abordados nos seus filmes que, juntamente com a sua esposa, Yoko Ono, optou por financiar o próximo projeto do cineasta, o repugnante A Montanha Sagrada. 

Escrito pelo próprio Jodorowsky (ele também é responsável por vários departamentos técnicos e artísticos), o roteiro, inicialmente, é centrado nas andanças de um bandido (Horácio Salinas) por um México fascista e imoral. Posteriormente, após se deparar com uma torre gigantesca, no topo desta, ele encontra um alquimista (interpretado pelo próprio diretor) que, depois de introduzi-lo numa espécie de rito iniciático, realiza uma sessão de taró, na qual vários personagens surgem e revelam a sua identidade. Finalmente, juntos, todos eles caminham em direção a uma montanha sagrada onde nove sábios vivem e guardam o segredo definitivo sobre a imortalidade.

Em A Montanha Sagrada, durante o primeiro ato (partindo do pressuposto de que é possível comentar deste filme e falar sobre atos), além de narrar uma série de eventos que se mostram completamente desnecessários para o desenrolar da história, Jodorowsky emula constantemente a estrutura e os temas que apareceram em Fando e Lis. Assim como o filme de 1968, este longa de 1973 também aposta numa sequência fortuita de acontecimentos e símbolos que, sempre criticando algo, como o fascismo, a Igreja Católica, a arte contemporânea, a colonização européia e outros, são vistos pelos olhos de um personagem parcialmente alheio à realidade circundante e que caminha pela devastação como um possível representante da esperança.

Há somente duas diferenças reais separando Fando e Lis do primeiro ato de A Montanha Sagrada: a evidente evolução do apuro técnico e estético de Jodorowsky e o contexto em que foram lançados. O cineasta não só revela ter um pleno domínio do impacto que as imagens e cores têm no espectador (o contraste de tons nas paletas adotadas pelo design de produção e figurino é perfeitamente captado pelas lentes do diretor de fotografia), como lança o seu filme no mesmo ano em que a ditadura de Pinochet se instala no Chile. Embora mantenha uma crítica mais generalizada sobre uma variedade de assuntos, a representação de um estado autoritário, especificamente, vai ao encontro do que estava acontecendo no seu país natal.

No entanto, o segundo ato chega e, apesar de Jodorowsky manter parte da temática inicial ao continuar emitindo comentários sobre um leque de questões, que vão desde a indústria cosmética, até a produção de armas, passando pela fabricação de brinquedos, ele muda completamente a estrutura anterior. Antes, o que era caótico e simplesmente jogado na narrativa se transforma num medley abjeto, assustadoramente mal montado (primeiramente, ele estabelece um padrão para, logo depois, quebrá-lo através de cortes amadores) e cuja profundidade pode ser encontrada em qualquer panfleto político feito por universitários. Dizer que A Montanha Sagrada produz inúmeras reflexões é um comentário pueril impossível de ser justificado.

Porém, nada disso supera parte do conteúdo que é transmitido nessa segunda parte. Às vezes, o anti-cristianismo de Jodorowsky é nojento e profundamente mal fundamentado. Ele chega ao cúmulo de retratar o bandido como se fosse Jesus (isso é feito através de uma imagética óbvia) somente para fazê-lo se despersonalizar em certo momento e colocá-lo ao lado de meras figuras representativas, indicando que, talvez, ele seja uma das forças destrutivas do Mundo. Na tentativa de pintar o Cristo, pintou o Barrabás. 

Atingindo um ponto tão baixo, não restava nada ao diretor senão continuar explorando o subsolo do poço. Assim, como se não bastasse o fato de o público ter sido submetido a símbolos satânicos, órgãos sexuais e cenas de animais sendo torturados desde o início, no final, ainda é obrigado a ouvir discursos vazios sobre espiritualidade e psicologia. Pegar conceitos junguianos, filosofias orientais e colocá-los em falas inócuas não é alta intelectualidade. Na verdade, é puro lixo descartável. Além disso, temos de aguentar um final anti-climático e vergonhoso, em que o próprio diretor zomba de seu filme e de sua arte. Se nem ele se leva a sério, por que temos nós de fazê-lo?

Com pouquíssimos méritos, A Montanha Sagrada é um dos filmes mais abomináveis já feitos. É certo que alguns verão no longa um conteúdo de rara profundidade, uma junção bombástica de sadismo, sátira e genialidade, mas isso é resultado de desdobramentos históricos, ironicamente, narrados no próprio filme. A geração retratada pela história e que é, ao que tudo indica, tão desprezada por Jodorowsky, é a mesma que o louva por seus filmes. Para piorar, em certo momento, o diretor mostra fezes e faz uma crítica severa ao estado da arte. No entanto, numa esquizofrenia patética, ele não percebe que aquilo que mostra não só é a imagem que melhor define o seu filme, como o seu longa também é um exemplo perfeito do momento artístico que ele tanto odeia. Como é possível ouvir alguém que se contradiz a esse ponto?

A Montanha Sagrada (The Holy Mountain, Estados Unidos e México – 1973)

Direção: Alejandro Jodorowsky
Roteiro: Alejandro Jodorowsky
Elenco: Alejandro Jodorowsky, Horácio Salinas, Zamira Saunders, Juan Ferrera, Adriana Page
Gênero: Fantasia
Duração: 113 min

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Redação Bastidores

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1 Comment
Anônimo
2 de julho de 2017

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