
Espera-se que um filme que tem como premissa principal a história de um homem com uma síndrome extremamente rara, conhecida como Insensibilidade Congênita à Dor, que faz com que a pessoa não sinta dor nem tenha outras reações, como sentir frio ou calor, seja razoavelmente divertido.
Em Novocaine: À Prova de Dor, longa dirigido pela dupla Dan Berk e Robert Olsen, o resultado obtido é um retrato de como Hollywood estraga boas ideias com roteiros genéricos e histórias sem desenvolvimento e aprofundamento da trama.
Acompanhar a rotina de Nate (Jack Quaid) é uma experiência cansativa e entediante. O astro praticamente repete seu personagem de The Boys, interpretando o bom mocinho que, por acaso, se torna um herói.
A trama acompanha Nate, um homem que trabalha em um banco e é apresentado como um bom samaritano, ajudando as pessoas a não perderem suas casas. Ele começa a se relacionar com sua colega de trabalho, Sherry (Amber Midthunder), até que assaltantes invadem o banco e a sequestram. A partir daí, é fácil imaginar o que acontece, com Nate indo atrás dos sequestradores para resgatar sua amada.
Só de ler essa sinopse, já dá para perceber que o roteiro de Lars Jacobson não traz nada de novo — e de fato, não traz. Embora tente se aprofundar na vida pessoal do protagonista, tudo é tão superficial e clichê que fica a sensação de já termos visto isso em alguma outra produção, seja na franquia John Wick ou Anônimo (2021), longas de ação recheados de pancadaria.
As obras mencionadas acima apresentam cenas de ação bem construídas e coreografadas, enquanto em Novocaine, as sequências de luta são fracas. Elas se concentram mais no fato de Nate não sentir dor e na violência extrema, sem o mesmo cuidado com a construção das cenas.
A direção de Dan Berk e Robert Olsen falha ao repetir diversos momentos, como as várias cenas em que Nate machuca a mão. Além disso, as inúmeras piadas, que às vezes funcionam, em outros acabam quebrando o ritmo da ação.
É verdade que a dupla de cineastas se esforça para prender o espectador na tela, mas Novocaine é tão chato e sem sentido que pouco se pode aproveitar dele. Se a premissa seguisse um rumo diferente, que não fosse a corrida para salvar a mocinha dos vilões, certamente teria um resultado melhor, algo que a produção ficou bem distante de alcançar.
Novocaine – À Prova de Dor (Novocaine, EUA – 2025)
Direção: Dan Berk e Robert Olsen
Roteiro: Lars Jacobson
Elenco: Jack Quaid, Amber Midthunder, Ray Nicholson, Jacob Batalon, Betty Gabriel, Matt Walsh
Gênero: Ação, Comédia
Duração: 110 min.
Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

