
Os Horrores de Caddo Lake – que chega agora ao Max – guarda semelhanças com outro filme recém-lançado no streaming brasileiro: Identidades em Jogo (da Netflix). Ambos sofrem dos mesmos problemas, embora o segundo consiga ser minimamente divertido – há tantas “regras”, trapaças internas e desafios lógicos para acompanhar os enredos que o ato de assistir converte-se num exercício cansativo e nada recompensador, uma espécie de jogo da memória de duas horas em que as cartinhas podem mudar de lugar por conta própria e o espectador não tem como vencer.
A melhor credencial aqui é a produção de M. Night Shyamalan, que provavelmente sentiu-se atraído pelo “segredo” do filme. Basta digitar “Caddo Lake” nos mecanismos de busca e tal segredo é revelado automaticamente. Aqui, não faremos isso. Mas é bom avisar que o tal “segredo” não tem nada de altamente original: é só confuso mesmo e repleto de problemas de lógica interna que aparentemente foram deixados de lado na leitura do roteiro.
Filme é uma correria entrecortada sem fim
Na trama, uma menina de oito anos desaparece na região pantanosa do lago do título, localizado no estado norte-americano do Texas. A partir daí, dois personagens envolvem-se na busca – cada um a seu modo e com particulares motivações. Não há mistério, preparação ou criação de suspense – e, no caso, o filme lembra outra produção, o insuportável O Mal que nos Habita, que segue a mesma linha de raciocínio de que basta colocar os personagens para correr para um lado e para o outro, cobrir com meia dúzia de efeitos sonoros e o filme se erguerá sozinho. Não, isso não irá acontecer.
A partir daqui, qualquer observação mais aprofundada a respeito da trama poderá revelar a chave para compreendê-la e não faremos isso. O espectador que suportar as quase duas horas de Dylan O’Brien (da saga Maze Runner) e Eliza Scanlen (de Adoráveis Mulheres) correndo em círculos com a mesma expressão estupefata o tempo todo será brindado com a revelação, que não é grande coisa e não vale o esforço e atenção dispensada ao filme até esse momento.
Identidades em Jogo é ultrajante e fantasioso, duvida da inteligência do espectador ao mesmo tempo que desafia sue memória de maneira cansativa: mas é, de todo modo, engraçado e visualmente atordoante. Os Horrores de Caddo Lake, por sua vez, é tão entrecortado que não permite que a plateia envolva-se com os conflitos e o drama dos protagonistas.
O paralelismo da montagem tem um ritmo infeliz que só torna a trama ainda mais inutilmente complicada: quando você arrisca a se interessar por uma cena, ela acaba e já estamos em outra. O resultado está muito abaixo do que se espera de uma produção original com o selo Max e a assinatura de Shyamalan nos créditos.