Crítica | Paddington: Uma Aventura na Floresta é o filme mais sério da franquia

Paddington é um personagem da popular série de livros, que tem o mesmo título do personagem, criado em 1958 por Michael Bond. A série foi adaptada para o cinema em duas ocasiões: primeiro em 2014, e depois em 2017, com ambas as produções recebendo uma chuva de críticas positivas.

Após um longo hiato, em grande parte devido à morte do criador do ursinho, Michael Bond, a produção de uma terceira adaptação ficou em banho-maria, estreando somente oito anos depois, com o título de Paddington – Uma Aventura na Floresta.

Esse terceiro capítulo não conta mais com a direção de Paul King, que esteve à frente dos dois primeiros longas. Quanto ao roteiro, ele não tem mais a colaboração de Michael Bond; este novo capítulo foi escrito pelo trio Mark Burton, Jon Foster e James Lamont.

Jornada Pessoal

Enquanto em Paddington 2 foi possível acompanhar a jornada de Paddington por Londres, sendo abraçado no final pela comunidade local, neste filme o roteiro leva o personagem e toda a família Brown em uma viagem ao Peru. A ideia é tirar o ursinho do lugar comum e levá-lo aos perigos da selva amazônica.

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Levar o pequeno urso para fora do cenário comum é crucial para seu crescimento pessoal e para que possamos descobrir mais sobre seu passado e o de seus ancestrais, especialmente porque Paddington embarca em uma jornada em busca de sua tia Lucy, que desapareceu misteriosamente de um retiro para ursos administrado por freiras.

O retorno da família composta por Henry Brown (Hugh Bonneville), Mary Brown (Emily Mortimer), Judy Brown (Madeleine Harris) e Jonathan Brown (Samuel Joslin) ao elenco é outro acerto, ainda mais com um novo enfoque: o destaque para a vida pessoal de cada membro da família..

O destaque para os personagens humanos não se limita ao primeiro ato. Após a viagem ao Peru, os Brown passam a receber o mesmo destaque que o urso, o que é novamente um acerto por parte do roteiro.

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Poucas Risadas

É, sem dúvida, o filme mais sério da trilogia, mas isso não significa que falte humor ou cenas que façam o público rir; pelo contrário, há várias ocasiões, principalmente no primeiro ato, em que Paddington e a família Brown se mostram engraçados e fazem o espectador soltar algumas boas gargalhadas.

O problema da trama é o tom empregado. Há cenas que abordam a morte e o sequestro de tia Lucy, o que deixa a narrativa mais carregada e menos engraçada. Essas questões surgem principalmente no segundo ato e funcionam como um crescimento pessoal para o protagonista.

Em Paddington 2, as risadas eram espontâneas e frequentes, com um vilão divertido, como era o caso do personagem interpretado por Hugh Grant. Em compensação, neste terceiro filme, as risadas demoram a surgir e acontecem apenas em algumas cenas ocasionais. A vilã, a freira interpretada por Olivia Colman, tem poucos momentos engraçados, como na cena aleatória em que ela surge cantando e tocando violão.

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Paddington – Uma Aventura na Floresta é mais um acerto desta franquia, que vem se mostrando ótima. É um longa bastante animado e, mesmo sendo mais sério, continua sendo um entretenimento de qualidade. Uma continuação e uma série já foram confirmadas, e isso pode ser um problema, pois há o risco de saturar uma história tão original e divertida como a de Paddington.

Paddington: Uma Aventura na Floresta (Paddington in Peru, EUA – 2025)
Direção: Dougal Wilson
Roteiro: Mark Burton, Jon Foster, James Lamont
Elenco: Ben Whishaw (Voz de Paddington), Imelda Staunton, Hugh Bonneville, Emily Mortimer, Oliver Maltman, Olivia Colman, Madeleine Harris, Samuel Joslin, Hayley Atwell
Gênero: Aventura
Duração: 104 min.

Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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