Crítica | Sob as Águas do Sena é tão tosco que agrada

Nesse cenário, Sob às Águas do Sena se destaca entre tantos longas sobre tubarões que se mostraram repetitivos ou que não acrescentam

Os tubarões já atacaram quase todos lugares do planeta Terra nas produções audiovisuais, na neve, no pântano, na areia e até mesmo voando, como foi visto em Sharknado. A maioria dessas obras são trashs e feitas apenas para tirar risos do espectador de tão bizarras que são. Nesse caminho que se encaixa Sob às Águas do Sena, longa de Xavier Gens e que tinha tudo para ser bom.

Com uma premissa simples, a trama, que se passa em Paris, apresenta um tubarão migrando das águas do oceano para o rio Sena, um dos cartões-postais da capital francesa, onde se encontra Lilith, nome dado ao tubarão fêmea. Sophia (Bérénice Bejo), uma pesquisadora que passou por um trauma há alguns anos com esse mesmo tubarão, agora precisa encontrar um jeito de parar a chacina que está por vir. 

É impossível não rir do filme da Netflix durante suas mais de 1h30. Diferente de outras produções do gênero, o blockbuster francês (que deveria ter sido lançado nos cinemas e não no streaming) evita focar no tubarão o máximo possível quando este está em cena, provando que quanto menos aparecer, melhor é o resultado.

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A mensagem encontrada em Under Paris (título em inglês) é o da poluição como tema de pano de fundo e que serve como força motriz para o roteiro, com a narrativa mostrando que Lilith foi expulsa de seu habitat natural no oceano devido à poluição por plásticos.

Por isso, mesmo sendo algo secundário na história, o surgimento de ativistas liderados por uma jovem garota da nova geração que luta pelo direito dos tubarões à vida soa importante. A cena inicial de matança no Oceano Pacífico serve para destacar as causas ambientais que o filme quer abordar. Nessa cena, ainda no primeiro ato, é possível enxergar uma imensidão de lixo no mar, que será utilizada mais adiante como pano de fundo para a trama.

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Passando-se em um período pré-Jogos Olímpicos, a narrativa utiliza o momento para promover as Olimpíadas de Paris — ou pelo menos tenta. Esse aproveitamento é um acerto por parte do roteiro, que usa o contexto para criar cenas hilárias e marcantes na cidade.

Há momentos divertidíssimos, como quando ativistas e policiais são encurralados nas catacumbas de Paris, onde ocorre um massacre com Lilith pulando como se fosse o golfinho Flipper e matando suas vítimas. Outra sequência bizarra é a sanguinolenta cena do ato final, com o tubarão realizando um ataque durante uma prova de triatlo, resultando em um tsunami na cidade.

Sabe-se o quão improvável é encontrar tubarões no rio Sena, mas o longa questiona essa possibilidade com uma certa seriedade. A maneira midiática com a qual o diretor tratou o tema, semelhante ao que foi visto em Serpentes a Bordo, onde cobras invadem um lugar jamais imaginado, se mostra um grande acerto pelo impacto causado.

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Nesse cenário, Sob às Águas do Sena se destaca entre tantos longas sobre tubarões que se mostraram repetitivos ou que não acrescentam nada ao subgênero de filmes de ataque de tubarões. É apenas lamentável que o diretor não leve a si nem sua história a sério o bastante, resultando em cenas toscas, porém impagáveis de tão divertidas.

Sob as Águas do Sena (Sous la Seine, FRA – 2024)
Direção: Xavier Gens
Roteiro: Yannick Dahan, Maud Heywang, Xavier Gens
Elenco: Bérénice Bejo, Nassim Lyes, Léa Léviant, Sandra Parfait, Aksel Ustun, Aurélia Petit
Gênero: Ação, Drama, Terror
Duração: 104 min.

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Sobre o autor

Gabriel Danius

Jornalista e cinéfilo de carteirinha amo nas horas vagas ler, jogar e assistir a jogos de futebol. Amo filmes que acrescentem algo de relevante e tragam uma mensagem interessante.

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