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Crítica | A Última Onda - Desleixo pretensioso

Matheus Fragata Matheus Fragata
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•29 de janeiro de 2018•8 Minutes

Há um polêmico saber que diz sobre os talentos estrangeiros que migram para Hollywood: é lá que eles aprendem a dominar cinema narrativo. De fato, apesar de não se aplicar a todos grandes diretores do Cinema, é bastante evidente que esse é o caso de Peter Weir, um cineasta de fases tão distintas que chega a ser fácil de separá-las.

Essa sua primeira fase flerta bastante com o místico, sobrenatural e onírico, além de mostrar algumas de suas características autorais em um estágio muito rudimentar. Assim como Picnic na Montanha Misteriosa, A Última Onda é um filme bastante complicado de gostar. Ou você embarca nessa loucura que Weir propõe ou simplesmente fica indiferente a tudo o que acontece. Infelizmente, acabei na segunda opção encontrando um resultado ainda mais insatisfatório do que havia visto em Picnic.

Terror Aborígene

Particularmente, é bastante louvável que Weir, um australiano, trabalhe um elemento tão próprio e complicado à Austrália como a muito esnobada cultura aborígene. Em A Última Onda, acompanhamos David Burton (Richard Chamberlain em uma das suas piores interpretações), um advogado relacionado a taxas fiscais que, estranhamente, se vê envolvido em um processo criminal contra cinco aborígenes acusados de terem assassinado um sexto elemento do grupo. Conforme trabalha no caso para defender esses oprimidos indivíduos, Burton passa a ter pesadelos estranhíssimos com seus clientes, o levando a acreditar que estão relacionados diretamente aos aborígenes que não deveriam ser tribais.

Há um potencial tremendo nessa história paranoica que Weir arquiteta, não fosse, novamente, o péssimo detalhamento dos personagens. A falta de foco tão presente em Picnic está de volta, apesar de termos um protagonista dessa vez. Weir faz o básico para estabelece elementos básicos para tornar Burton um personagem mais denso: descobrimos um pouco de seu passado e acompanhamos uma breve rotina em sua casa, apresentando uma família espetacularmente irrelevante – tanto para o protagonista quanto para a história.

A figura da esposa e das filhas busca dar o peso de um sacrifício quando as coisas começam a desandar para nosso advogado obstinado. Entretanto, como Weir não faz a menor questão de estabelecer sentimentos reais nesse núcleo permeado de atores medíocres, o resultado é totalmente artificial e inchado. Simplesmente não há peso algum no núcleo familiar de Burton.

O mesmo pode ser dito do apático protagonista de motivações totalmente enigmáticas. Como alguns personagens questionam, não há muito sentido para que Burton fique completamente vidrado no caso dos aborígenes, tentando fazer de tudo para provar inocência. Aliás, a abordagem para o processo é tão, mas tão fora de ordem que quando o tribunal chega, o espectador será facilmente surpreendido.

Também é difícil se importar com o destino do grupo aborígene, já que Weir nunca vai na raiz da questão, se valendo da cultura exótica para inserir um núcleo fantástico sem pé nem cabeça envolvendo um apocalipse como vingança pela colonização do país e extermínio da população indígena – é bem possível depreender isso do longa, apesar de tudo ser tão jogado que permite múltiplas interpretações.

A relação do protagonista com seus clientes é reduzida pela interação com Chris Lee, o único mais comunicativo e receptivo as investidas do advogado curioso em descobrir o que aconteceu. Igualmente repetitiva, ao menos serve para dar algum contexto sobre os sonhos que Burton sofre, além de explicar algumas leis tribais. Fora isso, não há muito a restar em A Última Onda. Weir traz alguns estereótipos clássicos e bastante maniqueístas, mas felizmente isso não é preservado na maioria do filme.

Peter Weird

É um fato que o início de A Última Onda seja bastante interessante. Weir capricha com boas cenas para situar a perene tempestade que castiga Sydney por dias a fio até a conclusão do longa. Novamente, situando apenas com o poder de suas imagens, o diretor infere que a chuva se trata de uma enorme vingança da natureza, irrompendo com violência contra a humanidade invasora ali instalada – tanto que a chuva somente cessa por um momento quando o assassinato do aborígene ocorre.

Em uma boa associação para montar um foreshadowing, Weir apresenta o protagonista debaixo da violenta chuva e, logo depois, traz a chuva para dentro do cenário da casa de modo inteligente. Assim, ele já conecta intrinsicamente os aborígenes com a vida íntima de Burton indicando que o personagem não tem controle algum sobre seu próprio destino.

Porém, é notório o quanto a estética do filme é desleixada a um ponto quase irreconhecível para Peter Weir. Tentando assimilar alguma feiura urbana, A Última Onda é um filme simplesmente muito, mas muito feio. Weir nunca foi de fazer enquadramentos belíssimos, mas também nunca foi um diretor desleixado a ponto de não importar com o que estava filmando. Aqui, o caso é grave, parecendo que nunca há recuo necessário para o diretor enquadrar com precisão os elementos desejados.

A movimentação de câmera então é tratada com total desdém surgindo raramente. Todavia, há um ótimo momento no qual a câmera adota a visão subjetiva de um ser que invade a casa de Burton, vasculhando alguns cômodos. Essa é genuinamente a única cena que Weir consegue gerar algum suspense.

No geral, o sentimento que mais surge ao longo do filme é o de que Weir não estava nem um pouco interessado no que estava filmando. O trabalho é, em sua maioria, genérico ou preguiçoso. E isso vale para praticamente todas as áreas: fotografia, som, trilha musical, montagem e direção de arte. Não existe gás ou ritmo em A Última Onda, pois todos os conflitos são falhos já na concepção e não há simbologia de apocalipse que salve esse longa da miséria.

O Investimento Final

Há propostas interessantes e um pano de fundo original para a A Última Onda, mas não fosse isso e algumas boas ideias de Peter Weir na direção, seria difícil achar bons elementos na experiência que é assistir a esse filme. Por ser tão estranho na concepção, é provável que toda a excentricidade do longa capture sua atenção e te mantenha interessado, apesar do pay off ser bem medíocre.

Porém, para quem vos escreve, teria sido mais interessante ficar boiando por duas horas do que encarar essa obra tão confusa e preguiçosa da filmografia de Peter Weir.

A Última Onda (The Last Wave, Austrália – 1977)

Direção: Peter Weir
Roteiro: Peter Weir, Tony Morphett, Petru Popescu
Elenco: Richard Chamberlain, Olivia Hammet, David Gulpilil, Vivean Gray
Gênero: Suspense
Duração: 106 minutos.

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Matheus Fragata

Editor-geral do Bastidores, formado em Cinema. Jornalista, assessor de imprensa.

Apaixonado por histórias que transformam. Todo mundo tem a sua própria história e acredito que todas valem a pena conhecer.

Contato: matheus@nosbastidores.com.br

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