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Crítica | Um Pequeno Favor - A dicotomia entre o suspense e o humor

Lucas Nascimento Lucas Nascimento
In Capa, Catálogo, Cinema, Críticas•25 de setembro de 2018•9 Minutes

Após mais de uma década trabalhando com comédias na televisão e no cinema, Paul Feig tornou-se uma das referências no gênero para o cinema americano contemporâneo. Explorando como poucos o talento de Melissa McCarthy em comédias como As Bem Armadas e A Espiã que Sabia de Menos, chegou ao Oscar com Missão Madrinha de Casamento e enfrentou uma onda de polêmicas com seu reboot feminino de Caça-Fantasmas, o primeiro fracasso propriamente dito de sua carreira sólida até então.

Procurando se recuperar a da broxante recepção do reboot, Feig vai por um caminho ainda mais arriscado com Um Pequeno Favor, filme que se propõe como um thriller de mistério a lá Alfred Hitchcock, mas que acaba entregando os pontos ao se mostrar uma narrativa novelesca e exagerada que acaba chegando no cômico através de dispositivos escandalosos.

Baseada no livro de Darcey Bell a trama nos apresenta a Stephanie (Anna Kendrick), uma mãe solteira metódica e organizada, e que passa as horas vagas em seu vlog de internet focado em cozinha. Ao buscar seu filho na escola em certa tarde, ela conhece Emily (Blake Lively), com quem passa a ter uma relação de amizade forte, ainda que a sofisticada moça não ofereça muitos detalhes sobre sua vida misteriosa ou o casamento com Sean (Henry Golding). Após pedir para que Stephanie busque seu filho na escola para ela, Emily desaparece, colocando Stephanie e Sean em uma caçada para descobrir não apenas o paradeiro de Emily, mas também os mistérios de seu passado oculto.

Tragicomédia de Erros

À primeira vista, e principalmente quando se assiste ao filme de Feig, é impossível não remeter a Garota Exemplar. Assim como a obra de Gillian Flynn, a trama de Um Pequeno Favor é repleta de reviravoltas e revelações que tendem a subverter as expectativas do espectador e nos surpreender constantemente. O problema fica mesmo na falta de uma execução melhor, e na verdadeira macarronada que a história adaptada por Jessica Schanzler se torna. É preciso muita paciência e cuidado para introduzir as viradas que Um Pequeno Favor se propôs a usar, e o tom confuso entre paródia e thriller – Feig até apela para o jump scare barato ao trazer uma surpresa quase fantasmagórica – pode provocar uma sensação de não saber se está rindo porque o filme o quis, ou se é simplesmente ridículo.

Como diretor, Feig demonstra uma evolução em sua mise en scène. Saindo do formato sitcom – algo que ele sempre foi capaz de deixar mais cinematográfico, vide Caça-Fantasmas – o diretor abraça completamente a atmosfera de um noir durante alguns momentos da narrativa. Todo o primeiro ato com o envolvimento entre Stephanie e Emily é bem conduzido pelo diretor, que é capaz de criar uma atmosfera inquieta e sedutora através de planos abertos e cortes certeiros para um determinado close – ou até mesmo o momento embaraçoso em que Stephanie começa a dançar em frente à Emily. O uso de trilha sonora pop francesa em diversos momentos também garante charme e elegância para o universo particular de Emily, e é fundamental para envolver o espectador com aquelas personagens.

Seu talento para o suspense também é considerável, com destaque para uma perseguição de carro abrupta em uma fazenda, mas é um aspecto que acaba sendo anulado pelo humor abrupto que toma conta da cena quando menos esperamos; culminando no péssimo clímax que descamba totalmente para a paródia.

Jogadoras poderosas

No quesito elenco, Um Pequeno Favor encontra sua maior pérola. A começar pela deslumbrante Blake Lively, que assume a persona de uma femme fatale desde sua imponente primeira cena, onde caminha em slow mo pela chuva, usa um padrão tipicamente adotado na relação amorosa de um homem e uma mulher, para a de duas amigas. Lively é cheia de nuances e se mostra amadurecida como atriz, sempre demonstrando um lado mais perigoso e suspeito de Emily a cada linha de diálogo. Paul Feig pode não ser David Fincher, mas eu adoraria ver como Blake Lively rivalizaria com Rosamund Pike, vide o imenso potencial que praticamente implora por papéis mais desafiadores. Lively ainda vai longe.

Mas o filme é mesmo de Anna Kendrick, personagem com a qual passamos boa parte do tempo e adotamos a principal perspectiva. Kendrick tem um estilo de atuação muito particular, onde sempre parece gaguejar e fazer a persona da garota inocente, algo visto tanto em suas personagens na Saga Crepúsculo e seu papel aclamado em Amor Sem Escalas. Sua Stephanie não traz muitas novidades em quesitos cênicos, mas Kendrick carrega o filme e sempre mantém nosso interesse e envolvimento, especialmente por seu acertadíssimo timing cômico. Vale também destacar o carismático Henry Golding, que oferece charme e ambiguidade a Sean, o marido nada coitado de Emily.

Agora, um aspecto no qual Um Pequeno Favor se sobressai, e que é criminalmente subestimado em produções contemporâneas, é seu figurino. Como a personagem de Lively trabalha como relações públicas de um estilista, é evidente que a figurinista Renee Ehrlich Kalfus ofereceria o melhor e mais luxuoso para Emily, e são peças realmente deslumbrantes, e que oferecem algo a mais à persona de sua personagem, vide a escolha ousada de um decote sem sutiã em um cemitério.

De forma similar, as vestimentas de Stephanie traduzem seu aspecto mais “dona de casa inofensiva” através de peças que parecem saídas de uma boneca Barbie, e até mesmo o detetive de Bashir Salahuddin surge em cena com uma camisa laranja e um terno azul marinho, deixando bem claro ao espectador que esse universo não é povoado por figuras realistas, mas sim retratos cartunescos de um tipo específico de sociedade. O próprio momento em que Stephanie experimenta um dos vestidos de Emily e não parece conseguir sair dele é simbólico de todo o arco do longa, e também da metamorfose da mãe vlogueira em algo muito diferente.

Um Pequeno Favor é quase ótimo

No fundo, Um Pequeno Favor é surpreendente quando de fato leva o suspense a sério, comprovando que Paul Feig tem mão e estilo para esse tipo de gênero. Porém, o experimento mostra-se desequilibrado quando a história beira o absurdo e tenta compensá-la com um humor satírico, que parece mais apropriado para um grande novelão do que um thriller.

Um Pequeno Favor (A Simple Favor, EUA – 2018)

Direção: Paul Feig
Roteiro: Jessica Sharzer, baseado na obra de Darcey Bell
Elenco: Anna Kendrick, Blake Lively, Henry Golding, Jean Smart, Linda Cardellini, Ian Ho, Joshua Satine, Andrew Moodie, Andrew Rannells, Kelly McCormack, Aparna Nancherla
Gênero: Drama/Comédia
Duração: 117 min

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Lucas Nascimento

Estudante de audiovisual e apaixonado por cinema, usa este como grande professor e sonha em tornar seus sonhos realidade ou pelo menos se divertir na longa estrada da vida. De blockbusters a filmes de arte, aprecia o estilo e o trabalho de cineastas, atores e roteiristas, dos quais Stanley Kubrick e Alfred Hitchcock servem como maiores inspirações. Testemunhem, e nos encontramos em Valhalla.

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