Crítica | Venom: A Última Rodada é desfecho despretensioso para trilogia

Venom: A Última Rodada é um divertimento leve, que deixa os fãs do personagem com apreensão e nostalgia
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Sony

Típico produto do universo Marvel adaptado para a tela grande, a última parte da trilogia Venom, iniciada em 2018, revela-se uma diversão ligeira que trata os personagens de forma carinhosa, não se alonga em tramas mirabolantes nem exagera na pirotecnia, o que resulta num filme fácil de assistir, gostar e esquecer (o que dificilmente seria diferente com qualquer outro de sua natureza).

Os anteriores Venom e Venom: Tempo de Carnificina (de 2021) marcaram a trajetória do anti-herói Eddie Brock, interpretado por Tom Hardy, no Sony’s Spider-Man Universe, um universo compartilhado que inclui personagens da Marvel distribuídos pela Sony.

O Venom original trouxe ao público a história de Eddie Brock, um jornalista investigativo que se torna o hospedeiro de um simbionte alienígena chamado Venom. Esse parasita concede a Eddie poderes extraordinários, ao mesmo tempo em que exibe um lado sinistro. A relação simbiótica entre Eddie e Venom resulta em uma dupla inusitada, que acaba enfrentando a Life Foundation, uma organização envolvida em experimentos perigosos com simbiontes alienígenas.

Lançado três anos depois, Venom: Tempo de Carnificina segue Eddie Brock enquanto ele tenta retomar sua carreira jornalística, ainda lutando para coexistir com Venom. O filme inicia com um flashback de 1996, revelando a história do jovem assassino em série Cletus Kasady e sua namorada Frances Barrison, No presente, Eddie é convidado a entrevistar Kasady, preso no corredor da morte. A execução de Kasady é interrompida, e ele se transforma em Carnage, um novo e poderoso vilão que Eddie e Venom precisam enfrentar.

Retomar os conflitos para finalizar – mas não sem melancolia

Em Venom: A Última Rodada, Eddie e Venom estão às voltas com adversários de dois mundos diferentes e precisam tomar decisões difíceis e que culminam no final relativamente esperado. Mais modesto em relação a cenas espetaculares – embora a ação seja bem encenada e visualmente interessante sempre que necessário – a última parte da trilogia se detém mais nos personagens, explorando o lado “humano” da dupla simbiótica e investindo não só no humor, como também no lado musical – que é especialmente divertido e traz uma seleção esperta de canções antigas que ajudam a edição envolvente.

Falar de técnica e efeitos numa produção grande como esta acaba sendo redundante, mas a direção de Kelly Marcel (mais conhecida por seu trabalho como roteirista) parece cuidar melhor do equilíbrio entre a fantasia visual e sonora e o desenvolvimento dos personagens e situações, de modo que o resultado final é mais leve e menos cansativo que a media no formato. Tom Hardy está à vontade como sempre (e em traje de gala ele sempre sugere um James Bond plausível), Juno Temple (uma atriz excepcional) tem pouco espaço e Rhys Ifans faz lembrar Randy Quaid em Independence Day.

Venom: A Última Rodada é um divertimento leve, que deixa os fãs do personagem com apreensão e nostalgia, mas não incomodará o público comum. O filme termina bem antes de se tornar exagerado ou enfadonho. Há apenas um porém no final: as duas esperadas cenas pós-créditos são decepcionantes e acabam não valendo o tempo interminável dos créditos finais. Só os verdadeiros fãs precisam esperar até elas.

Sobre o autor

Daniel Moreno

Cineasta, roteirista e colaborador esporádico de publicações na área, diretor do documentário “O Diário de Lidwina” (disponível no Amazon Prime e ClaroTV), entre outros.

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