Uma descoberta surpreendente feita em um museu de Melbourne pode acelerar o ambicioso projeto de ressuscitar o extinto tigre da Tasmânia, conhecido também como tilacino. Durante os esforços de pesquisadores para restaurar geneticamente essa espécie, uma cabeça bem preservada do animal foi encontrada, proporcionando um avanço crucial para a ciência da “desextinção“. A cabeça, encontrada no fundo de um armário, estava imersa em etanol há mais de 100 anos, o que surpreendeu os cientistas por conter material genético fundamental para o projeto.
O tigre da Tasmânia: uma história de extinção
O tigre da Tasmânia foi um marsupial carnívoro nativo da Austrália e da Tasmânia, que foi extinto oficialmente em 1936, quando o último exemplar morreu em cativeiro. A espécie, que já habitou o continente australiano, foi confinada à ilha da Tasmânia há cerca de 3.000 anos devido à concorrência com espécies introduzidas e à ação humana. Apesar de ser chamado de “tigre”, o tilacino tinha uma aparência mais próxima de um cão com listras nas costas, sendo o último predador de topo marsupial da região.
O projeto de desextinção
O esforço para trazer o tigre da Tasmânia de volta à vida é liderado pela empresa americana Colossal, especializada em biotecnologia e engenharia genética voltada para a desextinção de espécies. Além do tilacino, a empresa, fundada pelo empreendedor Ben Lamm, busca reviver o mamute lanoso e o dodô. Para esse projeto ambicioso, a Colossal já arrecadou mais de US$ 235 milhões, apoiando pesquisas em diversos laboratórios ao redor do mundo.
A importância da descoberta
O achado no museu de Melbourne é descrito como um verdadeiro milagre pela equipe envolvida no projeto. A cabeça do tilacino, que estava em um estado de conservação inesperado, continha não apenas DNA, mas também moléculas de RNA. Esse material é crucial para entender aspectos funcionais do animal, como a visão, o olfato e o paladar, e, assim, avançar na reconstrução do genoma do tilacino. O professor Andrew Pask, que lidera a pesquisa na Universidade de Melbourne, explicou que o RNA encontrado é muito menos estável do que o DNA, e sua descoberta representa um avanço que muitos cientistas consideravam impossível.
Avanços no projeto
Um ano após a descoberta, Pask relatou que os avanços foram significativos e que a equipe já superou muitos desafios que inicialmente pareciam intransponíveis. A partir da cabeça preservada, os cientistas puderam obter informações sobre os genes ativos do tilacino, o que permitiu criar uma imagem detalhada das funções corporais e sensoriais do animal extinto. O professor Pask declarou que o genoma completo do tilacino será o primeiro de um animal extinto a ser anotado, garantindo que o que será trazido de volta não seja um híbrido, mas sim um tilacino genuíno.
Com essa descoberta, o projeto de desextinção do tigre da Tasmânia avança significativamente, trazendo esperanças de que a espécie possa um dia retornar à vida selvagem. A ciência por trás desse feito ainda enfrenta muitos desafios, mas os pesquisadores estão confiantes de que estão no caminho certo para alcançar esse marco histórico.