Irene Ravache fala sobre influenciadores digitais em novelas e reflete sobre envelhecimento

A atriz Irene Ravache, de 80 anos, conhecida por sua trajetória marcante na teledramaturgia brasileira, expressou uma opinião contundente sobre o aumento da participação de influenciadores digitais em novelas. Em entrevista ao jornal O Globo, a artista comparou o ofício de atuar a uma profissão que exige preparo técnico e destacou a responsabilidade associada à teledramaturgia.

“Você não chega ao [Hospital] Albert Einstein dizendo ‘tenho o maior jeito para fazer cirurgia’, e atende a um paciente. Mas é o que acontece com a minha profissão [de atriz]”, pontuou Irene. A atriz afirmou que atuar não é um trabalho que pode ser exercido apenas por desejo ou talento natural. “Todo mundo acha que pode chegar e fazer. Não é assim. Tanto que não funciona. Agora, o problema é de quem concorda e coloca essas pessoas nessa posição”, completou.

Irene, que se destacou em novelas como A Viagem (1975), Sassaricando (1987) e Além do Tempo (2015), está afastada das novelas desde o remake de Éramos Seis (2019). Seu trabalho mais recente foi na série Sob Pressão (2022), do Globoplay.

Postura sobre envelhecimento e estética

Além das críticas ao mercado atual de teledramaturgia, a veterana também compartilhou sua visão sobre envelhecimento natural, afirmando que decidiu não realizar procedimentos estéticos. “Oitenta anos é só um número, mas um número que tem uma marca. Seja como for, não mexi no meu rosto. Fui envelhecendo com ele. Tomei essa decisão porque posso me ver com essa idade. Eu aguento. E isso é transgressor”, declarou.

A postura de Irene reflete uma escolha consciente em um cenário onde padrões de beleza e juventude ainda exercem forte influência sobre artistas. Sua decisão é um posicionamento não apenas pessoal, mas também uma mensagem sobre autoaceitação e autenticidade.

A questão dos influenciadores em novelas

O debate sobre influenciadores digitais em papéis de destaque na teledramaturgia tem dividido opiniões no meio artístico. Outros nomes como Paulo Betti, Susana Vieira e Cláudia Abreu já se manifestaram sobre o tema. Enquanto críticos apontam falta de preparo técnico, defensores acreditam que a inclusão desses profissionais reflete mudanças nos hábitos de consumo do público.

Independentemente da perspectiva, as declarações de Irene Ravache reforçam a importância do ofício de atuar como uma profissão que exige dedicação, estudo e respeito à arte.

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